Trágica explosão no Líbano tem semelhanças com incidente ocorrido em SC, afirma perito

Ocorrência em São Francisco do Sul, em 2013 | Foto Divulgação/CBMSC

Por: Felipe Elias

05/08/2020 - 18:08 - Atualizada em: 05/08/2020 - 18:57

A trágica explosão na região portuária de Beirute, no Líbano, que deixou mais de 100 mortos e cerca de 4 mil feridos nesta terça-feira (4), tem semelhanças com o incidente ocorrido no porto de São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina, em setembro de 2013. É o que explica o diretor da Academia de Perícias do Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina (IGP/SC), Rogério Tocantins.

 

“As informações que chegaram ainda são muito dispersas, mas de acordo com o que já foi divulgado, na explosão de Beirute, há a presença de nitrato de amônio, não se sabendo ainda ao certo tratar-se de nitrato de amônio puro ou de compostos fertilizantes à base de nitrato de amônio”, afirma.

 

Segundo ele, os fertilizantes à base de nitrato de amônio entram em decomposição térmica em temperaturas acima de 210°C. Como o fertilizante não é um material combustível, geralmente essa decomposição térmica ocorre quando há um incêndio, ou uma outra fonte de calor, nas proximidades da carga.

Os fertilizantes à base de nitrato de amônio com concentrações superiores a 60% em sua composição possuem risco de explosão, principalmente quando envolvidos em situações de incêndio, que promove uma súbita decomposição térmica que pode evoluir para uma detonação, como ocorreu em Beirute.

São Francisco do Sul

Tocantins destaca que em São Francisco do Sul houve semelhança em relação à questão da decomposição térmica, porém o processo foi desencadeado por uma combinação de fatores de acidez produzida pela absorção de umidade, aliada à presença de cloreto, fazendo, assim, com que a decomposição acontecesse em temperaturas próximas de 50°C.

 

“Apesar de ter sido noticiado como um ‘incêndio químico’ não houve incêndio, não houve presença de chama. O material fertilizante de São Francisco do Sul tinha uma composição de 60% de concentração de nitrato de amônio, sendo, portanto, passível de explosão”.

 

Ocorrência em São Francisco do Sul, em 2013 | Foto Divulgação/CBMSC

Isso significa que o fato de não ter ocorrido incêndio em São Francisco do Sul foi preponderante para que a tragédia não fosse ainda maior. “Se tivesse ocorrido um incêndio em São Francisco do Sul, a explosão teria uma magnitude duas ou três vezes maior que a de Beirute, já que havia 10 mil toneladas de material em São Francisco do Sul contra 2,7 mil toneladas em Beirute”, detalha o diretor do IGP.

Impactos na população

Conforme o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, na ocasião os moradores da cidade precisaram evacuar o local, inclusive os pacientes de um hospital, tamanho risco provocado pela reação. Mais de 150 pessoas foram internadas devido a intoxicações e mais de 10 mil foram atingidas pela fumaça em sete bairros do município.

Para evitar uma possível explosão, foram necessários três dias de trabalhos, utilizando técnicas para resfriamento do galpão – que chegou a 265 graus de temperatura, com a participação de 200 bombeiros, entre outras instituições.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que a fumaça de São Francisco do Sul chegou ao litoral de São Paulo.

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