Soldado Louise Ribeiro é a única mulher a completar estágio de táticas policiais da PM em 2016

Foto: Eduardo Montecino

Por: OCP News Jaraguá do Sul

22/12/2016 - 15:12 - Atualizada em: 23/12/2016 - 16:46

REPORTAGEM DE Dyovana Koiwaski para o jornal OCorreio do Povo.

Após 17 dias de intensos treinos físicos e psicológicos, os 21 formandos no estágio de táticas policiais chegaram ao pátio do 14º Batalhão de Polícia Militar, em Jaraguá do Sul, ontem (21) para receberem as honrarias.

Posicionada na última fileira, estava a soldado Louise Ribeiro, de 26 anos. O olhar determinado e a atitude incisiva durante a cerimônia demonstravam parte do longo caminho percorrido até ali. Louise está inclusa em um grupo de menos de dez mulheres que já se formaram no estágio de táticas em Santa Catarina.

Durante os dias de treinamento, os policiais passam por privações de alimentação, sono, treinamentos físicos constantes, pressão psicológica intensa e provas práticas e teóricas. As condições extremas visam capacitá-los para atuarem em ocorrências de médio, alto e altíssimo risco.

Foto: Eduardo Montecino

Mesmo acostumada com treinos físicos de alta intensidade devido a sua trajetória como atleta, a soldada, quando soube que aconteceria o estágio, há um ano, começou uma forte preparação para o teste de seleção. “A primeira fase envolve atividades extremamente difíceis, principalmente para as mulheres, como a subida de uma corda com seis metros de altura”, comenta ela.

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Foto: Eduardo Montecino

Louise passou a treinar dois períodos por dia, além de se preparar diariamente durante o trabalho no canil no 14º Batalhão de Polícia Militar. “O estágio é muito complicado, uma luta contra nós mesmos e, por ser mulher, dei ainda mais valor a essa conquista. Cumpri todas as tarefas igualmente aos meus companheiros, sem diferença nenhuma de tratamento. Isso mostra a força que eu tenho dentro de mim para vencer e provar que sou capaz”, desabafa.

Louise trabalha há três anos em Jaraguá e se define como apaixonada pela profissão, almejando sempre novos objetivos. O coordenador do estágio, major João Carlos Benassi Kuze, também reconhece o excelente profissionalismo de Louise. Conforme o major, a soldada não mediu esforços para se preparar. “O desempenho dela não foi surpresa, foi melhor que muitos homens”, destaca.

O estágio acontece desde meados da década de 1990, segundo Kuze, e menos de dez mulheres concluíram o curso. Louise é a única no Estado que passou pelo teste incluindo a subida na corda de seis metros, corrida de dez quilômetros, corrida com sobrecarga, entre outras provas de alto nível.

Preparação intensa

Dos 150 inscritos para seleção, apenas 35 foram selecionados e 21 chegaram ao fim do estágio.  Os primeiros sete dias, conforme coordenador do estágio, major João Carlos Benassi Kuze, são chamados de semana da rusticidade, com quatro dias em ambiente rural e série de treinamentos táticos, orientação, busca terrestre, testes de sobrevivência e patrulha rural. Já na segunda semana, acontece uma viagem de estudos à Florianópolis, com três dias no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e dois no Batalhão de Polícia de Choque. “Esses dias são mais técnicos”, frisa o major.

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Como explica Kuze, os últimos dias são de polimento, onde a equipe do estágio se esforça para entregá-los da melhor maneira possível. “Eles passam dias sem dormir, com alta pressão psicológica e finalizam o treinamento totalmente capacitados para integrar um pelotão de patrulhamento tático”, comenta.

Após a formação, os policiais podem seguir com suas funções dentro do Batalhão, possuindo qualificação técnica para serem convocados nas operações especiais. A última edição do estágio ocorreu em 2008 e não há periodicidade para a realização, sendo promovido por parceria dos setores público e privado.

Batalhão transmitiu atividades ao vivo

Em uma ação inédita em Santa Catarina, o 14º Batalhão de Polícia Militar transmitiu diariamente ao vivo, através do Facebook, um resumo das atividades cumpridas pelos policiais ao longo do estágio. De acordo com o coordenador, major João Carlos Benassi Kuze, a intenção é aproximar a polícia da comunidade. “Até para quebrar os paradigmas de como funciona um treinamento policial intenso”, comentou.

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Foto: Eduardo Montecino

O major ressalta ainda que a polícia tem migrado para as redes sociais para estabelecer novos canais de comunicação com a população, principalmente com o público jovem. “É extremamente importante porque a comunidade ajuda a polícia. Além da legalidade, precisamos ter a legitimidade das pessoas para fluir nosso trabalho”, ressaltou Kuze.