Profissão de risco: motoboy conta como é sua vivência no trânsito de Jaraguá do Sul

Lucas é motoboy há três anos e meio e nunca se envolveu em um acidente grave | Foto: Eduardo Montecino/OCP News

Por: Claudio Costa

10/08/2018 - 06:08 - Atualizada em: 10/08/2019 - 16:49

O trânsito cada vez mais complicado das cidades e a necessidade de entregas rápidas faz com que a existência desses profissionais seja imprescindível. Você pode até não perceber, mas os motoboys estão em por todos os lugares e, uma hora ou outra, você vai precisar de um deles.

Uma profissão de risco e que acaba entrando no bolo dos acidentes de trânsito ocorridos em Jaraguá do Sul. Dados do Sistema Único de Saúde mostram que os motociclistas são aqueles que mais sofrem internações hospitalares após os sinistros. Eles representam 76% dos 147 registros do 1º semestre de 2019.

Lucas Ricardo Rachadel, 24 anos, trabalha como motoboy há três anos e meio. Após ficar desempregado, ele encontrou na motocicleta o seu modo de ganhar a vida. O jovem comprou uma caixa e começou como entregador de pizzas durante a noite.

“Com o tempo, eu fiz um cartão de visita. Fui fazendo entregas de documentos e peças de carros em Joinville, Blumenau e Indaial. Desses três anos, trabalhei fixo indo e voltando todos os dias para Joinville”, comenta Lucas.

Trânsito perigoso

É preciso estar atento a tudo no trânsito. Todo o trajeto é perigoso, o que faz com que o motoboy fique em um estado de atenção contínuo. Para Lucas, a falta de atenção dos motoristas e a falta de uso da seta de direção estão entre as causas da maior parte dos acidentes.

“Eu não sei o que há com o motorista jaraguaense, mas ele não sabe dar o pisca. E ainda se acha no direito de retrucar quando a gente reclama. Isso não é algo que afeta o meu dia a dia, não é o que me desestabiliza ou me deixa querer deixar de ser motoboy e fazer outra coisa”, afirma.

Foto: Eduardo Montecino/OCP News

Ao todo, Lucas contabilizou treze acidentes desde que começou a andar de moto. Três deles envolveram outros veículos, mas nenhum foi grave. O último sinistro ocorreu em Joinville há quatro meses, quando foi atingido por uma caminhonete em uma rotatória.

“Vários fatores podem causar um acidente. Mas, geralmente, é por causa de uma bobeira. Se o motorista deu o pisca, ele esquece de olhar antes no retrovisor. Muitas vezes, ele dá o pisca e entra direto. Então, o motoboy ou outro carro está logo atrás e acaba cortando a frente”, lembra.

Acostumado com as situações corriqueiras do trânsito, o motoboy sempre procura prever o movimento dos outros veículos que estão à frente e atrás dele. Ele explica que muitos dos condutores inexperientes não têm essa noção e não cuidam do que está a sua volta.

“Muitas vezes, eu cobro outros motoristas que tenham o mesmo cuidado que eu. O trânsito é o nosso local de trabalho. Mas a confiança excessiva pode ser um problema também. O cara não acha que vai acontecer um acidente com ele e acaba desviando a atenção”, frisa.

Papel social

Lucas afirma que encara o seu emprego como qualquer outro e destaca que há um papel social importante nele. O motoboy conta que enxerga o risco de sua profissão como uma aventura diária. Ele exemplifica essa aventura como o trabalho de um policial militar, que sai de casa sabendo que vai enfrentar o perigo.

“Eu sou realizado com o meu trabalho porque eu faço parte do fluxo que faz a cidade funcionar. Por causa da burocracia, várias coisas precisam estar indo para lá e para cá. Se não é um documento, é uma marmita ou um lanche que a pessoa pediu no almoço”, ressalta.

O motoboy cita que se sente ativo dentro da sociedade e reclama da invisibilidade da profissão. Lucas pondera e diz que ser invisível é algo que está atrelado aos prestadores de serviço, que estão o tempo todo em contato com as pessoas, mas não são reconhecidos pelo que fazem.

 

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