Desde o início do mês, 15 detentos do Presídio Regional de Jaraguá do Sul estão tendo a oportunidade de participar de um curso de web design.
A iniciativa é promovida pelo Conselho Comunitário Penitenciário de Jaraguá do Sul em parceria com o Senac.
Para implantar o projeto, foram investidos R$ 14.898 no curso Desenvolvimento e Publicação de Websites, que tem uma carga horária de 160 horas.
Além das disciplinas comuns para a aprendizagem da profissão de web designer, os presos vão ter aulas de ética e empreendedorismo.
A ideia surgiu após o advogado Raphael Rocha Lopes, um dos membros do conselho, trazer o exemplo de uma penitenciária nos Estados Unidos.
Segundo ele, a parceria é inovadora no município, pois, geralmente, os presos são capacitados para trabalhos braçais.
Lopes destaca que a ideia foi apresentada inicialmente para o Ministério Público de Santa Catarina e para a Justiça.
Com o aval positivo, o advogado discutiu o tema em grupos de direito digital e de startups no Whatsapp. Segundo ele, a iniciativa foi muito bem aceita entre os membros.
“Quando mostrei a ideia no conselho, os promotores e o juiz de execuções penais endossaram a proposta. Nos grupos de Whatsapp sobre inovação digital surgiram muitas ideias e ocorreram contatos com pessoas de São Paulo que trabalham com ressocialização de presos”, comenta o conselheiro.
Recursos do conselho
A presidente do Conselho Comunitário Penitenciário de Jaraguá do Sul, Josiane Gonzaga dos Santos, ressalta que os recursos utilizados no financiamento do curso vêm das fianças e das penas pecuniárias arbitradas pelo Judiciário na cidade.
“Quando uma pessoa comete um crime de potencial ofensivo, é cobrado um valor e esse dinheiro vai para uma conta do conselho. A intenção é promover educação para que os presos tenham uma oportunidade melhor de reinserção no mercado de trabalho”, destaca.
Josiane lembra que a reinserção dos presos após o cumprimento da pena é importante para evitar a reincidência no crime.
Ela ressalta que propostas como essa ajudam a manter baixos os índices de criminalidade na região e acaba beneficiando toda a sociedade.
“Jaraguá é conhecida nacionalmente pelos baixos índices de criminalidade e pela boa qualidade de vida. São iniciativas como essa que ajudam a manter a cidade mais segura e dão oportunidade para quem comete um erro se reinserir na sociedade”, frisa Josiane.
O Presídio Regional de Jaraguá do Sul abriga uma média de 500 presos. De acordo com o Deap (Departamento de Administração Prisional), cerca de 80% deles realizam alguma atividade, seja trabalho na própria unidade prisional, trabalho externo, estudo ou leitura.
Além do curso de capacitação, o Conselho Penitenciário de Jaraguá do Sul busca realizar benfeitorias no presídio.
Recentemente, foi construída uma cozinha na unidade, o que melhorou a segurança. Agora, os conselheiros trabalham na execução de melhorias no parlatório.
Contribuição para a sociedade
A parceria com o Senac ajudou a baixar o custo do curso para o Conselho Penitenciário de Jaraguá do Sul.
As aulas terão como base a grade curricular dos cursos promovidos pela entidade. Os notebooks utilizados pelos presos durante as aulas também serão fornecidos pela instituição.
O diretor do Senac em Jaraguá do Sul, Maurício Anísio Ferreira, afirma que o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial busca incentivar a inovação no município.
Além disso, a entidade promove diversos cursos na área e tem profissionais que vêm contribuindo localmente.
“O Senac tem essa filosofia de contribuir para a sociedade e já trabalha na área social há 70 anos. A gente acredita que as pessoas que estão em uma situação diferente da nossa também podem se desenvolver”, reforça Ferreira.
De acordo com a coordenadora do núcleo de educação básica do Senac, Daihene Taís Colle, Todo o plano de curso foi desenvolvido pela equipe técnica da instituição, inclusive com especialistas em inclusão social.
O preso vai terminar o curso ciente das suas responsabilidades éticas e profissionais, além de aprender noções de empreendedorismo.
“Esse curso não foi pensado apenas para o Presídio Regional de Jaraguá do Sul. A ideia é que o modelo aplicado aqui possa ser replicado em outras unidades no país. No curso, o preso vai ter a visão tanto de empreender quanto de trabalhar em outras empresas”, revela Daihene.
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