A DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Jaraguá do Sul elucidou o primeiro homicídio ocorrido na cidade em 2020. De acordo com a Polícia Civil, os dois envolvidos na morte de Luís André Alves são a companheira e o sogro da vítima, de 23 e 53 anos.
Na manhã desta sexta-feira (23), as equipes da DIC realizaram o cumprimento de quatro mandados de prisão provisória contra a companheira, as duas irmãs e o cunhado dela. Todos foram levados para a sede da delegacia especializada e prestaram depoimentos.
Contrariando as versões dadas inicialmente para a polícia, de que Luís teria sido morto em um latrocínio ou executado por integrantes de uma facção criminosa, a companheira disse que ela e o pai estavam envolvidos diretamente no homicídio ocorrido no dia 20 de setembro, no bairro Rio da Luz.
O delegado Diones de Freitas destaca que o inquérito ainda está em andamento e deve ser concluído e remetido para o Ministério Público nos próximos dias. A mulher confessou que atirou contra o companheiro com a espingarda calibre 22 e o pai dela deu uma facada no genro.
A vítima tinha perfurações na mão, o que indica que ela tentou se defender do disparo, que transfixou o membro e atingiu o peito de Luís. Em seguida, o sogro deu uma facada que atingiu o pulmão do homem e que foi a causa da morte.
No início, os investigadores trabalhavam com a tese de que houve uma execução por dívida de drogas com uma facção. Essa história foi contada pela companheira da vítima e seus familiares. A mulher e uma irmã contaram que três homens chegaram na casa e cometeram o crime.
“A versão teve o intuito de induzir os investigadores a traçar uma linha de investigação em que os executores eram de Canoinhas. Porém, durante as investigações, por meio de diligências e principalmente pelas contradições dos familiares ouvidos, nós percebemos que tudo isso passava de uma falácia com o objetivo de se esquivar de uma responsabilização criminal”, destaca.
Autores confessaram o crime
Com a comprovação de que os parentes estavam mentindo sobre o que aconteceu e tendo em vista a possível participação dos parentes no crime, Freitas pediu a prisão temporária de quatro pessoas. Durante o depoimento, a mulher confessou que foi agredida pelo companheiro embriagado e que saiu da casa para pedir ajuda para o pai.
Apesar de haver incongruências nas versões dadas por todos nos depoimentos, os policiais civis ainda não sabiam a dinâmica do crime. Com os novos depoimentos, os investigadores descobriram o que ocorreu exatamente naquele dia.
O delegado pediu a prisão temporária do sogro e realizou um novo depoimento. Após um acordo para a confissão do crime, Freitas pediu a revogação dos mandados, que foi aceita pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Jaraguá do Sul, Crystian Krautchychyn, tendo em vista que os investigados confessaram a autoria, não têm antecedentes e alegam legítima defesa.
“A gente não pode ter a falsa sensação de que essa liberdade momentânea equivale à impunidade. O inquérito vai ser concluído e provavelmente ambos serão indiciados pelo crime de homicídio qualificado”, afirma Freitas.
Delegado não acredita em legítima defesa
Para o delegado, pelo contexto jurídico e legal, não houve o excludente de ilicitude por legítima defesa. A Polícia Civil trabalha com a ideia de que houve uma surpresa, o que impossibilitou a defesa da vítima.
“A vítima vestia apenas uma cueca quando foi alvejada. Ele provavelmente estava saindo do quarto quando foi atingido pela companheira com o disparo de arma de fogo. O pai, para garantir o êxito da empreitada, desferiu a facada e isso foi o que acabou causando o óbito”, contextualiza.
O delegado acredita que pai e filha serão levados para o Tribunal do Júri para serem julgados pelo crime. Na época do homicídio, Luís estava de liberdade provisória da Unidade Prisional Avançada de Canoinhas. Ele tinha passagens por furto, rixa, lesão corporal contra criança e maus-tratos.
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