Defesa Civil do Estado não recomenda a liberação da SC-108, em Guaramirim

Foto Fábio Junckes/OCP News

Por: Claudio Costa

25/04/2019 - 11:04 - Atualizada em: 25/04/2019 - 12:31

Especialistas da Defesa Civil de Santa Catarina realizaram, durante a manhã desta quarta-feira (24), uma vistoria na cratera formada na SC-108, em Guaramirim.

A equipe foi chamada para verificar a área após a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) anunciar nesta semana a liberação de parte da pista mesmo antes das obras de reparo da rodovia.

Trabalhadores estavam colocando sinalização no local. Após a análise do trecho, os técnicos concluíram que não há condições de liberação do tráfego.

Um documento será emitido pela Defesa Civil de Santa Catarina na sexta-feira (26). De acordo com o coordenador regional do órgão, Osvaldo Gonçalves, o tráfego de veículos pode aumentar os riscos de desmoronamento naquela área.

 

 

O documento recomendando a não abertura do trecho será encaminhado para a Prefeitura de Guaramirim e para a Seinfra.

Se a Secretaria de Estado de Infraestrutura persistir na ideia, a Defesa Civil vai pedir que os R$ 3,5 milhões liberados para o reparo da SC-108 passem a ser geridos pela secretaria. 

A nova análise feita pela equipe, a segunda após a queda de barreira que destruiu dez casas na Vila Freitas em fevereiro, apontou um aumento notório nos processos de deslizamento, ou seja, a área da cratera está avançando sobre a pista da rodovia.

O terreno ainda continua saturado pela água da chuva e isso faz com que os técnicos concluam que há um grande risco de novos deslizamentos , que vai acarretar na perda da infraestrutura da pista e das casas que restaram abaixo da rodovia.

O estado de atenção da equipe da Defesa Civil também se estende para o Morro do Schmidt, que fica na outra margem da rodovia e exerce uma pressão sobre a área saturada após a cratera.

Para o geólogo Humberto Alves da Silva, a liberação do tráfego pode colocar em risco toda a área que é considerada de risco.

Antes de fazer qualquer liberação, é preciso fazer estudos técnicos da área com a utilização de instrumentos e, desse modo, fazer um plano de gerenciamento de risco.

“Vamos confeccionar um plano de trabalho da instrumentação, do monitoramento de toda a encosta. Isso vai nos dar subsídios e garantir que a área pode realmente ser liberada para um trânsito parcial.

 

Vamos utilizar sismógrafos, câmeras, medidores de recalque para o trabalho. Também vamos instalar uma estação meteorológica de menor porte neste local.

 

A partir daí, quando chover, vamos poder definir os limites de alerta para a população”, comenta o geólogo.

Projeto de recuperação da SC-108

Na tarde de segunda-feira (23), o governador Carlos Moisés da Silva informou que o trecho da SC-108 já tem recursos no valor de R$ 3,5 milhões foram adquiridos garantidos através do Ministério do Desenvolvimento Regional.

O dinheiro vai financiar a reconstrução da encosta que cedeu após o desmoronamento e também realizar obras de contenção no Morro do Schmidt, que foi classificada como área de risco durante a primeira visita dos técnicos da Defesa Civil do Estado.

O projeto proposto pela Defesa Civil de Santa Catarina vai propor a construção de um crib wall, inédito em Santa Catarina.

As peças da estrutura pré-moldada se encaixam e se sobrepõem em forma de “fogueiras”, cujo espaço interno é preenchido com pedras.

O muro é composto de concreto, metal ou madeira. Os módulos são preenchidos e criam uma estrutura que exerce a contenção por meio de gravidade.

“Fizemos um estudo que abrangeu toda a área de risco e a SC-108 está dentro desse contexto. Além do deslizamento, constatamos uma patologia de risco no Morro do Schmidt. Esse projeto já foi feito logo após o incidente por causa da burocracia e não houve maiores entraves.

 

Antes mesmo da homologação federal do estado de emergência, apresentamos o projeto por diversas vezes e isso garantiu a aprovação do recurso de R$ 3,5 milhões”, destaca Gonçalves.

 

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