Andreia pensava viver um conto de fadas, mas acabou morta

Por: Claudio Costa

07/08/2018 - 09:08 - Atualizada em: 07/08/2018 - 12:53

As fotos dos jantares bem elaborados, dos presentes e as mútuas declarações de amor serviam de pano de fundo para um aparente cenário perfeito de amor sem fim para a relação do casal Andreia Campos Araújo, 28 anos, e Marcelo Kroin, 38, nas redes sociais. Mas o relacionamento amoroso de quase três anos acabou em tragédia na madrugada de domingo (5), em Jaraguá do Sul.

O analista de sistemas é o principal suspeito de assassinar a companheira com quem dividia há cerca de cinco meses a casa na pacata rua Neco Spézia, no bairro Jaraguá Esquerdo. Segundo informações da família, ela estava grávida de três meses.

O assassinato é o quarto registrado neste ano na cidade, e o primeiro considerado feminicídio, tendo em vista que os dois primeiros casos, ocorridos em fevereiro e em abril, foram as mulheres que mataram seus companheiros a facadas.

Andreia e Marcelo durante os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo | Foto Reprodução/Redes Sociais

Andreia e Marcelo durante os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo | Foto Reprodução/Redes Sociais

Para os vizinhos, Marcelo aparentava ser uma pessoa tranquila, que não causava problemas e que sempre estava entrando e saindo da residência, provavelmente por causa do trabalho como analista. Andreia, que segundo a família não trabalhava, era retraída e vivia dentro de casa.

Os moradores da rua contaram para a reportagem do OCP que ela saia apenas quando alguns carros passavam na frente da sua casa e buzinavam. A saída era discreta e rápida.

O casal era reservado e a vida social parecia ser resumida aos churrascos dados em casa. Marcelo costumava cumprimentar todos os vizinhos e conversar cordialmente com todos. Nos fins de semana, eles costumavam receber as duas filhas, cada uma de outros relacionamentos dos dois.

A convivência parecia ser tranquila para quem via tudo de fora, mas havia brigas entre o casal. “Como vizinhos, não tínhamos do que reclamar. Eu ouvi eles discutirem umas três vezes, no máximo”, conta o autônomo Fábio Diel.

Cesta de presente que Andreia recebei de Marcelo no Dia dos Namorados deste ano | Foto Reprodução/Redes Sociais

Uma das irmãs de Andreia comentou que os dois não tinham episódios anteriores de violência e que foi uma surpresa o assassinato. Mas em outra casa, no mesmo bairro, Marcelo não vivia tão harmonicamente com a ex-mulher.

O seu atual locador, que não quis se identificar, conta que os dois brigavam constantemente e que Marcelo agredia a ex-companheira. De acordo com os registros da Polícia Militar, Marcelo tinha passagens por ameaça, briga e violência doméstica.

Um dia aparentemente normal

Mesmo com Andreia morta dentro de casa, Marcelo fez questão de não demonstrar qualquer sinal de que havia cometido um crime. Na manhã de domingo, o suspeito de assassinar a jovem grávida de três meses saiu da residência e fez tarefas do cotidiano.

“A minha mãe mora ao lado dele. Ela disse que o Marcelo estava colocando roupas no varal e cumprimentando os vizinhos. Ele estava agindo como se nada tivesse acontecido”, destaca Diel.

Horas antes, por volta das 3h, eles haviam tido uma discussão. De acordo com Marcelo, os dois haviam saído para uma festa na noite anterior. Ele contou para a Polícia Militar que voltou antes para casa e que a companheira chegou de madrugada, embriagada.

Residência em que o casal morava e onde aconteceu o assassinato | Foto OCP News

Os dois discutiram e, segundo o suspeito, Andreia lhe agrediu com socos, pegou uma faca e tentou desferir golpes, provocando ferimentos nos braços.

A companheira teria dito que queria matar Marcelo, que acabou desferindo um soco nela. O agressor argumentou que a vítima caiu no chão, bateu a cabeça e agonizou até morrer.

De tarde, seguindo o roteiro de uma manhã normal de domingo, ele contou que colocou o carro na garagem e um tapume para que ninguém visse o que estava sendo colocado dentro do veículo. Então, enrolou o corpo de Andreia em um cobertor e o colocou no banco da frente do veículo.

De acordo com o que foi relatado pelo suspeito para a Polícia Militar, por volta das 14h de domingo, ele dirigiu o veículo até Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina, a uma distância de 169 quilômetros.

Suspeito viajou de carro com o corpo da vítima | Foto OCP News

Suspeito viajou de carro com o corpo da vítima | Foto OCP News

Sem saber o que fazer, voltou para casa com o corpo ainda dentro do veículo.
Após uma denúncia anônima, a Agência de Inteligência e o Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) da PM realizaram rondas pelo bairro Jaraguá Esquerdo.

Marcelo havia chegado em casa e deixado o corpo no veículo até a chegada dos policiais militares. “Depois que vimos a movimentação da polícia e nos contaram o que houve, é que ligamos os pontos”, lembra o vizinho.

Marcelo foi preso e o corpo de Andreia recolhido pelo Instituto Geral de Perícias. O suspeito foi levado pela PM para a Delegacia de Polícia Civil. O delegado Carlos Alberto Cilião Crippa, que preside o inquérito, não quis comentar o caso e disse que vai aguardar o laudo pericial.

Marcelo Kroin é suspeito de assassinar a companheira Andreia Campos Araujo | Foto Reprodução/Redes Sociais

Marcelo Kroin é suspeito de assassinar a companheira Andreia Campos Araujo | Foto Reprodução/Redes Sociais

Marcelo passou por audiência de custódia no Fórum e teve decretada a sua prisão preventiva. Ele foi levado para o Presídio Regional de Jaraguá do Sul.

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