Vereador Arlindo Rincos deve ser último a depor na Comissão Processante da Câmara

Por: OCP News Jaraguá do Sul

21/07/2017 - 11:07 - Atualizada em: 21/07/2017 - 11:56

Por Rosana Ritta e Verônica Lemus | Foto Eduardo Montecino

O vereador Arlindo Rincos (PSD), na foto assistindo aos depoimentos de quinta-feira, será ouvido na tarde desta sexta-feira pela Comissão Processante da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul que investiga suposta cobrança indevida de parte dos vencimentos do servidor comissionado Gleison da Silva Collares, indicado por ele para cargo de diretor administrativo no Legislativo.

O depoimento do vereador será o último das oitivas de testemunhas programadas pela comissão que ouviu cinco pessoas ao longo desta quinta-feira (20), incluindo o denunciante e servidores e ex-servidores da Câmara. Collares foi a primeira testemunha chamada a depor. Ele reafirmou a denúncia, dizendo que a cobrança teria começado em fevereiro e seguido até o mês de setembro do ano passado. Os pagamentos mensais seriam de R$ 2,5 mil, que teriam somado R$ 20 mil no total, e teriam sido feitos em dinheiro ao parlamentar, sem a presença de outros servidores. Por isso, não há testemunhas do fato.

Dizendo-se tranquilo, bem acolhido e esperando por justiça, o denunciante diz que tudo que espera é que “a verdade venha à tona, doa a quem doer”. Como prova dos supostos pagamentos, ele deverá apresentar em dez dias à comissão o extrato da sua conta bancária, mostrando os saques de valores próximos ao repassado ao vereador, que seriam realizados entre os dias 25 e 28 de cada mês. Durante o depoimento, o ex-servidor também afirmou que o vereador Ademar Winter (PSDB) e os parlamentares à época, Amarildo Sarti e José de Ávila, o Zé da Farmácia, teriam conhecimento da prática.

Na sequência, a Comissão Processante ouviu a servidora Elisabete Bertoli, e a gerente geral da Câmara, Maria do Carmo Delgado de Souza. Ambas as depoentes afirmaram que teriam ouvido sobre a prática ser comum na Casa. À tarde, a primeira testemunha foi Vitalício Ramos Wintrich, ex-assessor de gabinete de Arlindo Rincos, em 2014.

Vitalício afirmou que nunca foi cobrado para entregar parte de seu salário, e que nunca viu a prática acontecer nem teria ouvido falar. O ex-assessor explicou que ficou no cargo por um ano em razão de acordo político e por isso deixou a vaga no término do período, e não por alguma desavença com o parlamentar. Finalmente, a última depoente foi Dayane da Silva Xavier Scheitzer, ex- assessora de TI.

 

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Avaliação de oitivas é positiva

O presidente da Comissão Processante, Marcelindo Gruner (PTB), avalia como positivo o primeiro dia de oitivas das testemunhas, que transcorreu sem imprevistos. Ele afirma que a intenção é encerrar as oitivas nesta sexta-feira e então dar continuidade à elaboração do relatório. Ele lembra que a comissão tem o prazo de 90 dias para concluir o processo, mas que a ideia é não esgotar o prazo, a fim de esclarecer os fatos “o mais rápido possível”.

Rincos só deve se manifestar depois de seu depoimento. Segundo a assessora e advogada do parlamentar, Aline Vicente Bóries, o horário de depoimento do parlamentar foi mudado para o fim do dia para dar a ele a ampla defesa, podendo se manifestar sobre o que for dito durante as oitivas.

A avaliação da advogada sobre o primeiro dia de depoimentos foi positiva. Segundo aponta, as testemunhas indicadas, exceto Collares, não trabalharam na Casa na época ou as que trabalhavam não tinham conhecimento do ocorrido, a não ser “no máximo” por boatos pelos corredores. “É natural que o Gleison continuou com a acusação, mas ainda sem provas, como ele mesmo afirmou”, comentou Aline.

Por outro lado, quanto à atuação da comissão, a advogada avalia que o grupo parece interessado em ampliar os fatos, buscando apurar se a prática acontecia com outros vereadores o que, destaca Aline, não é papel da comissão neste momento, que é responsável por averiguar a denúncia apenas contra o parlamentar. “Nesse caso, caberia (a investigação) ao Ministério Público”, afirma.