A organização internacional Transparência Internacional, que atua no combate à corrupção, afirmou nesta terça-feira (22) que “nenhum dos dois lados está certo” quanto às medidas restritivas impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As informações são da BBC News Brasil.
Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica na última sexta-feira (18), e não pode deixar sua casa depois de determinados horários e nos finais de semana. Ele também está proibido de circular perto de embaixadas e ter contato com diplomatas estrangeiros, assim como de usar redes sociais — e na segunda-feira Moraes estendeu essa proibição a aparições de Bolsonaro em redes de terceiros.
Saiba o que Bolsonaro vai responder a Alexandre de Moraes
A defesa de Bolsonaro tem até as 21h13 de hoje para explicar, sob pena de prisão, o motivo do ex-presidente aparecer em um vídeo publicado horas antes nas redes sociais do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Nas imagens, o ex-presidente aparece mostrando a tornozeleira eletrônica e chamando o equipamento de “símbolo da máxima humilhação”.
Na segunda-feira (21), a defesa do ex-presidente pediu que Moraes esclareça o alcance exato da proibição e se ela envolve a concessão de entrevistas que possam ser transmitidas ou transcritas em redes sociais.
Caso Bolsonaro: acompanhe os desdobramentos
Em nota encaminhada à BBC News Brasil, a entidade afirma que a situação reflete o processo de “grave desinstitucionalização” que o Brasil, assim como os Estados Unidos, vem enfrentando nos últimos anos, e que teria sido iniciado no governo Bolsonaro, levando o STF a extrapolar os limites de sua atuação.
Segundo a entidade, a corrosão do equilíibrio de poderes se demonstrou na nomeação de Augusto Aras para a PGR, o que teria neutralizado a atuação independente do Ministério Público e garantido “impunidade” ao então presidente Bolsonaro.
O diretor da Transparência Internacional no Brasil diz ser “inegável” que houve uma conspiração golpista de extrema gravidade, aparentemente liderada por Bolsonaro e envolvendo membros do alto escalão de seu governo. Ao mesmo tempo, a entidade critica processo legal ao qual está sendo submetido Bolsonaro e o papel de Alexandre de Moraes como relator do inquérito, vítima e também juiz no julgamento do ex-presidente — e critica suas decisões restringindo liberdades de Bolsonaro, como sua aparição em redes sociais de terceiros.
A Transparência Internacional critica também o governo americano do presidente Donald Trump, que anunciou sanções tarifárias ao Brasil e cancelamento do visto de viagem ao país de Alexandre de Moraes — em manifestação de apoio dos EUA a Bolsonaro.