Covid-19: Como conter o avanço da variante Delta em SC?

Foto Solon Soares/Agência AL

Por: Ewaldo Willerding Neto

18/08/2021 - 15:08 - Atualizada em: 18/08/2021 - 15:54

A situação da Covid-19 em Santa Catarina e o atendimento às vítimas da doença foram debatidos em audiência pública virtual da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, na manhã desta quarta-feira (18). A disseminação da variante Delta, a manutenção das medidas sanitárias e a necessidade de reforço da estrutura de saúde para atendimento das pessoas sequeladas pelo vírus foram alguns aspectos discutidos na audiência, que contou com a participação de deputados e de representantes do poder público e de diversas instituições.

O debate foi solicitado pela seção catarinense da Associação Nacional Vida e Justiça em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid-19. A coordenadora da entidade, Tânia Ramos, afirmou durante a audiência que “a doença mata mais pessoas negras e pobres porque essas pessoas estão em um cenário de desigualdade social e também em função de termos um governo negacionista”.

Ela pediu apoio das instituições de defesa do cidadão, como Ministério Público e Defensoria Pública, para o levantamento do quantitativo das pessoas sequeladas que estão acamadas e sem assistência dos municípios.

 

 

O secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou que duas políticas públicas estão sendo implantadas para fortalecer e regionalizar o acesso dos pacientes com sequelas da Covid-19. Uma delas inclui a criação de centros de atendimento pós-Covid e outra a terapia renal substitutiva como política de Estado, “para melhorar a cobertura e a qualidade do serviço”.

Ele acrescentou que há necessidade de manutenção dos regramentos, como o distanciamento social, o uso de máscaras, a lavagem das mãos, a limpeza das superfícies e a manutenção dos ambientes arejados. A secretaria recomenda o uso de máscaras do tipo PFF2 para todas as pessoas.

“O Estado mantém o cronograma de vacinar até 31 de agosto todos os catarinenses de até 18 anos com a primeira dose”, enfatizou Ribeiro. A secretaria propõe iniciar imediatamente a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidade. O desafio é completar o esquema vacinal contra o coronavírus e também contra a influenza. “Apelo para que todos os municípios registrem adequadamente as doses”, disse Ribeiro. Cerca de 1 milhão de doses recebidas pelos municípios ainda não foram registradas no sistema e isso é essencial para que o Estado possa reivindicar um aporte maior de vacinas, conforme o secretário.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Neodi Saretta (PT), opinou que é preciso concluir a vacinação dos adultos e iniciar imediatamente a imunização das faixas abaixo de 18 anos. “O mundo precisa pensar também na vacinação das crianças com menos de 12 anos para podermos vencer efetivamente a pandemia.”

O deputado federal Pedro Uczai (PT), articulador da Associação Nacional Vida e Justiça, defendeu que é necessário dar visibilidade ao perfil das pessoas que morreram vítimas da Covid-19 e construir diferentes formas de solidariedade. “Precisamos elaborar políticas públicas para fortalecer o SUS. Com a atual estrutura e o subfinanciamento, o SUS não dará conta de atender as pessoas sequeladas pela doença.” Na opinião do parlamentar, a pandemia mostrou a importância do Sistema Único de Saúde, da política pública e da defesa da vida pelo Estado.

 

Variante Delta

 

A alta transmissibilidade da variante Delta traz uma preocupação adicional no enfrentamento do coronavírus, de acordo com a epidemiologista Alexandra Boing, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do Observatório Covid-19. Ela destacou que a imunização completa se dá com duas doses da vacina e muitas pessoas não voltaram para completar o ciclo vacinal. Outra preocupação agora são as crianças, até então menos atingidas pelo coronavírus.

“O cenário muda com a variante Delta. Precisamos implantar medidas para proteção das crianças”, alertou. A epidemiologista reforçou as recomendações de uso de máscara, ventilação dos ambientes e monitoramento da qualidade do ar nos ambientes com ar-condicionado. “O cenário não é confortável, a gente não pode baixar a guarda”, disse.

O deputado Fabiano da Luz (PT) também defendeu a necessidade de manutenção das medidas sanitárias. “A doença ainda está em nosso meio. Se não tivermos cautela, vamos perder o controle”, disse.

 

 

 

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.