Em discurso no interior do Tocantins nesta terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu ao pronunciamento do chanceler alemão Friedrich Merz, que afirmou que a delegação alemã ficou “contente” em sair de Belém (PA), cidade-sede da COP30.
As informações são do Portal G1.
O petista afirmou que a capital da Alemanha, Berlim, não oferece 10% da qualidade de Belém – cidade em que 54,5% da população vive em favelas e que registrou 200 homicídios em 2024, segundo dados do IBGE, enquanto o estado do Pará como um todo registrou 1.747 homicidios em 2024 – 6,5 por dia. Enquanto o Pará conta com uma taxa de homicídios por 100 mil habitantes de 28,6, a Alemanha registra uma taxa de 0,833.
Chanceler da Alemanha afirma que delegação ficou contente em sair de Belém após COP 30
“O primeiro-ministro da Alemanha [Merz] esses dias se queixou: ‘Ah eu fui em Belém, mas voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, deveria ter ido em um boteco no Pará, deveria ter dançado no Pará, ele deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora, coma maniçoba”, disse Lula.
A declaração se deu durante a inauguração da ponte que liga Xambioá (TO) a São Geraldo do Araguaia (PA), com um investimento de R$ 232 milhões, dos quais R$ 28,8 milhões vieram do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Ele ainda criticou as reclamações sobre os valores cobrados por serviços e produtos em Belém, afirmando que quando se trata de shows e aeroportos não há essa reclamação, insinuando que se trataria de um ataque contra o estado do Pará.
“Quando o Helder [Barbalho, governador do Pará] falou comigo de fazer a COP30 em Belém, tinha muita gente que não queria. ‘Ah, vocês são loucos, tem que fazer no Rio de Janeiro, em São Paulo, por que levar a COP para o meio do mato? Lá não tem estrutura, lá não tem hotel. A diária é cara, estão cobrando água muito caro’”, disse Lula, que prosseguiu: “Mas nunca reclamaram da água que pagam em aeroporto internacional, nunca reclamaram quando vão em um show o preço da água, o preço do guaraná, mas foram reclamar do Pará”, completou o presidente.
Os preços registrados na COP30 incluem cobranças de R$ 45 por uma coxinha e R$ 25 por um refrigerante, enquanto o preço das hospedagens levou a ações tanto por parte do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, que afirmou que países, especialmente aqueles em desenvolvimento, pediram a mudança da sede da conferência por causa dos preços “extorsivos” de hotéis e imóveis de temporada, quanto da Justiça do Pará, que acatou uma Ação Civil Pública movida pela Defensoria Pública do Estado, em parceria com a OAB-PA e o governo estadual, determinando maior transparência e controle sobre os valores exibidos por plataformas de reserva.
A decisão reconheceu que as empresas têm responsabilidade sobre os anúncios e devem coibir práticas abusivas.