Vida real: Dr. Hugo Oliveira compartilha reflexões sobre início da carreira na Medicina

Foto: Divulgação/Redes Sociais

Por: Maria Luiza Venturelli

03/04/2024 - 14:04 - Atualizada em: 03/04/2024 - 14:14

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Texto por: Dr. Hugo Oliveira

Uma das minhas piores decisões foi querer fazer de “tudo” para ser aceito.

Na minha carreira, logo ao encerrar a minha residência, tinha o desejo de entrar e participar de uma equipe.

O meu despreparo para a realidade do mercado fez com que eu criasse na minha mente uma possibilidade de trabalho totalmente diferente da realidade.

O meu primeiro dia na oncologia pediátrica foi assim:

Recebo uma ligação do diretor do hospital que diz: “Hugo, você pode começar na oncologia?” Eu respondo: “Sim, posso.” “Está tudo certo, você começa a participar das reuniões do grupo e fazer parte da escala”, ele acrescenta. Entusiasmado, eu digo sim e penso: agora vou iniciar a jornada.

O meu primeiro dia de reunião do grupo:

Me apresentei: “Olá, bom dia, o Dr. Fulano pediu para eu vir participar da reunião e fazer parte do grupo.” Silêncio. Troca de olhares entre os profissionais. Faces e comportamentos que falam. Eu, sem compreender muito, fico em silêncio, acuado. Ouço um tímido “tá” em tom baixo e permaneço na reunião com diversos conflitos internos para compreender o que está acontecendo dentro e fora.

A grande pergunta era: o que estou fazendo aqui? Por quê? Mereço isto?

A direção não tinha comunicado e o grupo se sentiu ameaçado e não queria a minha presença pela leitura de que não havia necessidade.

Compartilho isso para que você saiba da vida real, sem romantismo, marcada pela competitividade e preparo para o mercado.

O que aprendi com o passar dos anos é que ficamos presos à opinião alheia, devendo “satisfação aos colegas”.

Sem entender bem a relação comercial, ficamos com o sentimento de “gratidão” e implorando para fazer parte de algo que não é desejado.

Queremos fazer parte de algo que não pertencemos.

Muitos colegas residentes e recém-formados, por não entenderem o que é gratidão, vão à exaustão por um “líder” ou “chefe”, simplesmente por estarem fazendo o trabalho deles.

Ficam debaixo de uma “autoridade” que eles empoderam, esperando a aposentadoria deste para surgir uma oportunidade. É vestir a camisa e colocar em prática o que foi aprendido. Isto é gratidão, livre de aprisionamento emocional. Ou seja, por um hospital, não vale a pena morrer por ele.

A melhor decisão que tomei foi pedir para sair de um lugar onde nunca me senti pertencente, participante e amado.

Um conselho: saia do lugar que consome psicologicamente e seu tempo, escolha atuar de forma que você tenha prazer com a medicina, acabe com a histórias que te desgastam e trazem insatisfação com a sua carreira, é possível mudar, isto não é um crime.

Supere a dificuldade em encerrar um ciclo, aprenda a dizer tchau e simplesmente obrigado, respeitosamente e siga livre na sua jornada.

Sim, você pode dizer “não”, ame mais a você do que a sua profissão, você vem por primeiro.

Qual a reflexão sobre o tema? Como você está hoje na sua carreira?

Dr. Hugo Oliveira

O médico oncologista pediátrico Hugo Martins de Oliveira tem uma história inspiradora: quando menino teve linfoma, foi curado e hoje é médico e cuida de crianças com câncer. Ele fez residência em oncologia pediátrica 15 anos depois no mesmo hospital onde se tratou na infância: o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná.
Hugo sempre sonhou em ser jogador de futebol, mas aos 14 anos descobriu a doença juntamente com um diagnóstico errado em que o médico disse que lhe restavam apenas três meses de vida. Parecia o fim, mas era apenas o seu começo. Durante o tratamento, Hugo decidiu que ia ser médico.

Instituto Oliveira

O Instituto Oliveira é uma organização sem fins lucrativos sediada na cidade de Joinville. O objetivo do lugar é proporcionar qualidade de vida às pessoas com câncer infantojuvenil. As ações desenvolvidas pelo instituto proporcionam o acolhimento e atendimento global a todos os membros da família do paciente portador da doença.
O instituto enfatiza o foco de desenvolvimento da saúde familiar de maneira integral, auxiliando em todos os processos relativos ao adoecimento, gerenciando os impactos psicossociais que afetam diretamente o psicológico da pessoa com câncer e de seus familiares. O trabalho do local é baseado em princípios e valores cristãos, seguindo sempre o modelo e exemplo de Jesus Cristo.

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Maria Luiza Venturelli

Jornalista formada pela Faculdade IELUSC, especializada em conteúdo publicitário, cultura e entretenimento. Apaixonada por contar histórias que conectam pessoas e marcas de forma autêntica.