Quem não teve uma vez na vida dor de cabeça? Dor de cabeça ou cefaleia é uma das queixas mais frequentes no dia a dia da medicina. De acordo com o neurologista, Dr. Vicente Caropreso, em nova classificação internacional, para que seja mais compreensível, as cefaleias foram divididas em dois grupos: as primárias e as secundárias.
Segundo ele, as cefaleias primárias representam a maior fatia e não têm causa identificável. “Nesses casos o funcionamento dos neurônios é alterado e não há exame complementar que defina qual tipo é, sendo que existem três: enxaqueca, cefaleia de tensão e a cefaleia em salvas”, explica Caropreso.

Foto: Matheus Wittkowski
Conheça os tipos de cefaleia
As enxaquecas são divididas em simples ou com aura, que é uma sensação geralmente visual, antes da crise de dor de cabeça. A característica principal é a dor pulsátil, ou latejante, geralmente unilateral.
Ela pode ser ocasional ou às vezes muito frequente e até tornar-se crônica e diária. De acordo com Caropreso, o tratamento é o indicado para eliminar a crise aguda de dor, ou também o uso diário de medicamentos preventivos para os casos crônicos.
Já a cefaleia de tensão é o tipo mais comum de dor de cabeça, e que depende do estado de tensão da pessoa. Quanto mais tensa, maior a contração muscular excessiva.
Caropreso explica que essa é a dor de cabeça que atinge mais a parte posterior da cabeça e pescoço/ombros, e que vai aumentando durante o dia. Piora com o nervosismo e alivia com atividades relaxantes. “Para o tratamento deste tipo de cefaleia, deve-se controlar o nível de estresse da pessoa e usar relaxantes musculares, sempre prescritos por um médico”, ressalta o neurologista.
Nos casos de cefaleia em salva que é a mais intensa forma das cefaleias primárias, pois a dor é mais aguda e impõe um grave sofrimento a quem é portador pela intensidade e duração das crises. Essas crises geralmente são acompanhadas de vermelhidão num dos olhos que podem ficar edemaciados.
De acordo com Caropreso, esse tipo de cefaleia pode ocorrer em episódios isolados ou na pior das formas, a crônica, na qual os ataques tornam-se semanais ou diários. É comum a dificuldade de manejo deste tipo de cefaleia em muitos dos pacientes.
As cefaleias secundárias são provocadas por doenças demonstráveis por exames clínicos ou laboratoriais e normalmente tem lesões estruturais no cérebro. “Nessa situação elas dependem da causa, por exemplo um tumor, uma sinusite, ou ter acontecido um traumatismo craniano”, ressalta.
Precisão no diagnóstico de cefaleia faz a diferença
Caropreso ressalta que o diagnóstico de cefaleia na maioria das vezes é clínico, feito no consultório em que o médico conversa e examina o paciente e traça o plano de investigação e acompanhamento.
“Nesses casos o diagnóstico geralmente pende para as cefaleias primárias. Porém, se encontramos alterações no exame clínico, partimos para uma investigação com exames complementares para afastar uma possível doença causadora da dor”, explica.
Ele reforça que o histórico clínico do paciente, juntamente com o exame na consulta, resulta num maior sucesso do diagnóstico e tratamento de cada caso de cefaleia.
Dores de cabeça são uma das maiores causas de absenteísmo no mundo e o diagnóstico e controle precisos tem significativa repercussão socioeconômica. Além disso, o uso excessivo de medicamentos analgésicos frequentemente leva a casos crônicos de cefaleia, que são extremamente difíceis de tratar.
“Deve-se procurar um médico quando a pessoa tiver mais de uma crise de cefaleia por mês, isso evita a automedicação e os efeitos colaterais nocivos pelo uso frequente de analgésicos e anti-inflamatórios”, finaliza Caropreso.