A síndrome do intestino irritável é muito comum. É a desordem gastrointestinal mais diagnosticada e estima-se que seja responsável por aproximadamente 30% das consultas em gastroenterologistas.
É caracterizada por dor abdominal associada a alteração do hábito intestinal na ausência de desordens orgânicas detectáveis, ou seja, exames complementares normais.
De acordo com o coloproctologista e cirurgião geral, Dr. Guilherme Canfield, a doença é mais comum nos adultos jovens, geralmente entre 15 e 65 anos, com diagnóstico feito antes dos 45 anos na maioria dos casos. É também mais comum em mulheres numa relação de 2:1 com os homens.
Segundo o especialista, não existe uma causa específica para a doença, porém, “é comum observarmos a associação com desordens psicológicas como distúrbios depressivos ou de ansiedade”.
Sintomas
Dor abdominal e alteração do hábito intestinal são os sintomas mais comuns. Essa alteração pode ser para um intestino mais “solto”, com aumento da frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes, ou para mais “preso”, com obstipação.
“Dor abdominal do tipo cólicas, flatulência, estufamento, diarreia, obstipação, urgência evacuatória, alternância entre diarreia e obstipação também são sintomas da síndrome”, pontua Canfield.
Diagnóstico
O coloproctologista salienta que, como não existe exame bioquímico ou de imagem que diagnostique a doença, criaram-se critérios clínicos para que o diagnóstico possa ser feito. No entanto, é fundamental que seja feito pelo médico uma vez que vários fatores precisam ser avaliados para que se afastem outras doenças mais graves.
Alguns critérios são:
Dor abdominal recorrente (mais de um dia por semana, em média, nos três meses anteriores), com início há mais de seis meses do diagnóstico. A dor deve estar associada a pelo menos dois dos sintomas:
- Alívio com evacuação;
- Mudança na frequência das evacuações;
- Mudança na forma/aparência das fezes;
O paciente não possui nenhum sinal de alerta como:
- Idade maior que 50 anos, nenhuma triagem prévia do câncer de cólon e presença de sintomas;
- Mudanças recentes no hábito intestinal;
- Evidência de sangramento GI oculto (melena hematoquezia);
- Dor noturna;
- Perda de peso involuntária;
- Histórico familiar de câncer colorretal ou doença inflamatória intestinal;
- Massa abdominal palpável;
- Evidência de anemia ferropriva em exames de sangue;
- Teste positivo para sangue oculto nas fezes.
Tratamento
Canfield explica que a doença não tem cura e o tratamento contempla uma interação de orientações comportamentais e dietéticas, associado quando necessário a medicamentos e tratamento de doenças associadas.
Ele ressalta que a doença não evolui para outras doenças mais graves. “Se não tratada o paciente apenas permanecerá sintomático, o que muitas vezes diminui a sua qualidade de vida”.
Prevenir é sempre a melhor opção
O especialista enaltece que uma maneira de prevenir a síndrome do intestino irritável é manter-se saudável psicologicamente e com bons hábitos alimentares.
“Reduzir a quantidade de fermentativos e açúcares de maneira geral e realizar exercícios físicos regulares podem ajudar muito. É importante identificarmos quais alimentos nos fazem ter desconforto abdominal e evitarmos o consumo. Isso é inclusive parte do tratamento quando já diagnosticado”, finaliza.