Por que usamos óculos? Oftalmologista responde principais dúvidas

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Por: Elissandro Sutil

18/03/2021 - 07:03 - Atualizada em: 18/03/2021 - 14:40

O uso de óculos é muito comum, segundo a edição de 2019 de “As Condições de Saúde Ocular no Brasil” do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, até 30% da população mundial com menos de 40 anos necessita de óculos. Esse número pode chegar à 70% em alguns países asiáticos.

De acordo com o oftalmologista, Dr. Marcos Henrique Martins, o uso de óculos não é de forma alguma considerado uma patologia. De certa forma é natural para qualquer sistema óptico a necessidade de lentes corretivas. A intensão final é posicionar o foco das imagens nas diferentes distâncias exatamente no plano da retina.

Ele explica que os olhos dos seres vivos funcionam como uma máquina de fotografar. As máquinas que usavam filmes, que eram revelados em câmaras escuras, são perfeitas para fazer essa analogia.

Elas são comercializadas com um conjunto de lentes na parte da frente da câmera que vinham de fábrica com o grau correto para fazer uma boa foto com o foco na distância correta.

Mas, imaginemos que algumas viessem de fábrica com o grau errado para fazer esse foco corretamente, como se as lentes fossem fortes demais ou fracas demais. Então teríamos que colocar mais uma lente na câmera exatamente com o grau que está faltando.

Quando é indicado usar óculos?

O especilista explica que os óculos estão sempre indicados nas situações de embaçamento visual para determinada tarefa e quando o paciente sente desconforto ou cansaço visual.

“Normalmente, se usa óculos para corrigir os erros refracionais: miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia.”

Nos pacientes míopes o foco da imagem é formada na frente da retina, pois as lentes do olho são muito fortes ou o olho é muito comprido. Na hipermetropia acontece o oposto. O astigmatismo pode ser representado como um grau ovalado com eixos de poderes diferentes, como uma bola de futebol americano que não é redonda. A presbiopia é um processo natural da idade que começa por volta dos 40 anos de idade e nos leva para a necessidade de uso de óculos nas atividades para perto.

Existe idade ideal?

Dr. Marcos afirma que não existe idade para o uso dos óculos. Segundo ele, mudanças de grau que acontecem ao longo da vida e pode propiciar a necessidade dos mesmos.

Como curiosidade, as pessoas que experimentam uma boa visão ao longo da juventude e idade adulta normalmente nascem hipermetropes, no final da infância essa hipermetropia reduz e o paciente vivencia os primeiros 40 anos sem necessitar usar óculos. Após essa idade inicia o processo da presbiopia e o paciente utiliza óculos para perto.

“Observe que quase a totalidade da população irá precisar de óculos em algum momento da vida. Após os 60 anos ou 70 anos, a catarata começa a aparecer, e é muito comum o paciente relatar que a visão para perto está melhorando”, ressalta.

Escolha do óculos ideal e uso correto

Para o oftalmologista o óculos ideal é muito próximo da refração do paciente identificada na consulta.

“Fazemos com frequência pequenas correções para mais ou para menos para ajustar o foco de acordo com o principal uso da visão pelo paciente, como, por exemplo, melhor correção para longe em pacientes motoristas, ou melhor correção para perto em pacientes que trabalham com peças pequenas ou leitura.”

O grau muda?

Ele salienta que o grau muda ao longo da vida de acordo com a própria constituição física/genética e idade da pessoa. Apesar de parecer muito coerente pensar que o uso dos óculos altera o próprio grau da pessoa, os estudos revelaram que isso não parece acontecer.

“A importância da consulta anual reside no fato de corrigirmos a visão do paciente para propiciar o maior conforto e eficiência visual e buscar doenças que possam comprometer a saúde visual.”

Qual o menor e maior grau?

De acordo com o Dr. Marcos, o menor grau que exige confecção de óculos é 0,25. A maior parte das pessoas que têm essa medida de grau dificilmente percebe algum embaçamento na visão, mas pode apresentar sintomas de cansaço visual, principalmente, ser for portadora de astigmatismo.

“Já o grau máximo não existe! Algumas pessoas podem precisar de mais de 30 dioptrias (graus) de miopia, mas esses olhos com grau muito alto são acometidos de outros problemas e normalmente estão acompanhados de deficiência visual.”

Correção de grau

O especialista destaca que existem recursos cirúrgicos e não cirúrgicos para a correção de grau. As lentes de contato são a maneira mais simples de permitir boa visão para quem busca uma pausa no uso dos óculos.

Para quem deseja uma solução mais duradoura existem técnicas cirúrgicas modernas para proporcionar essa solução. É possível fazer a correção pela técnica à laser aplicado na córnea ou pela cirurgia de substituição do cristalino.

“A escolha pela melhor técnica depende de alguns fatores e é, normalmente, decido pelo médico cirurgião e apresentado ao paciente os potenciais resultados visuais”, finaliza.

Sobre o especialista

O Dr. Marcos Henrique S. Martins (CRM 19639 e RQE 11168) atende no Centro Oftalmológico Jaraguá do Sul – Unidade Sadalla Amin Ghanem. É Oftalmologista Retinólogo formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com residência médica em Oftalmologia (2008) e Fellowship em Retina e Vitreo (2010), ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Também é membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, da Sociedade Brasileira de Retina e Vitreo e certificado pelo International Council Ophthalmology.