O rastreamento de pessoas com potencial para desenvolver câncer pulmonar é fundamental e, com certeza, a única forma de tratar eficientemente esta doença. Nestes últimos meses de pandemia, alguns casos chamaram a atenção em Jaraguá do Sul.
Quem está a frente desse projeto é o cirurgião torácico, Dr. Giovani Mezzalira, que ressalta que, os casos avançados, diagnosticados e tratados nestes três meses – todos, sem exceção, chegaram ao hospital sem saber o que tinham, mesmo apresentando sintomas e sinais fortes da doença, como: dor, tosse com sangue (hemoptise), falta de ar (dispneia) e emagrecimento.
“Estes pacientes nunca pensaram em fazer um acompanhamento para prevenção, provavelmente porque não tinham o conhecimento de que a forma inicial de diagnóstico pode levar ao tratamento com um percentual expressivo de sucesso”, explica Mezzalira.
Ele cita também outros quatro casos que chegaram até a Clínica Toracopulmonar para avaliar as possibilidades, buscar uma definição quanto ao diagnóstico e então seguir para a melhor opção de manejo.
Segundo ele, todos faziam parte do grupo de pacientes com características que os levaria a serem selecionados para as consultas e exames de rastreamento. Todos tinham um nódulo pulmonar pequeno em algum momento, mas a maioria não conseguiu descobrir a tempo e perderam a maior chance de cura.
Destes quatro pacientes, citados acima, que procuraram o serviço médico no consultório e encontraram uma lesão duvidosa e pequena: dois deles foram diagnosticados com um nódulo benigno, outro ainda está em avaliação (aguardando os exames) e o outro caso de nódulo pulmonar de um centímetro confirmou ser um câncer.
“Essa lesão foi ressecada radicalmente por uma incisão de três cm e alta hospitalar no terceiro dia pós cirurgia. Estes resultados foram maravilhosos, mas infelizmente ainda é pouco, visto que em mais ou menos vinte pacientes, apenas uma foi operada em estágio inicial, duas tinham doenças benignas e todos os outros estavam com um tumor em estado avançado”, pontua.
Ele ainda destaca que essa realidade é muito triste. Saber que em algum momento a lesão era pequena e tratável, mas por algum motivo, que na maior parte das vezes é a falta de informação e conscientização, esses indivíduos perderam o momento solucionador.
Por outro lado, quando visualiza-se que em apenas três meses foi possível selecionar pacientes com imagens de lesões pequenas suspeitas e o tratamento pôde ser feito em tempo hábil, o médico comemora. “Fico extremamente feliz com esta compreensão muito promissora de todos os envolvidos: os profissionais da saúde, a família e a própria pessoa. Porque esta percepção de ir até o especialista, é fundamental, seja por vontade própria ou por encaminhamento médico”, afirma.
Quais as pessoas que precisam passar pelo Programa de Rastreamento de Câncer Pulmonar?
- Idade entre 40 e 75 anos;
- Fumantes ativos – 20 maços de cigarros ao ano, ou mais;
- Aqueles que pararam de fumar por um período menor que 15 anos;
- Histórico de câncer na família;
- História de câncer anterior;
- Exposição a agentes químicos inalatórios;
- Exposição no trabalho de inalantes diversos.
Mezzalira ainda salienta que o trabalho está sendo feito em parceria com a Secretária Municipal da Saúde para criar um sistema, contudo, as diretrizes que haviam sido elaboradas ainda não puderam ser efetivadas, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
“Estamos aguardando o tempo oportuno para iniciar o treinamento para a prática deste projeto que trará muitos benefícios à população e para o sistema de saúde.”
Na primeira imagem o raio-x está normal, mas quando a tomografia de tórax é visualizada, é encontrado um nódulo.
Caso: o paciente da imagem 1 não sente absolutamente nada, mas fez o raio-x e a tomografia porque estava dentro do grupo de risco do programa de rastreamento. “Este é o segredo: PREVENÇÃO”, diz o especialista.