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Jaraguá do Sul 147 anos: quem são as pessoas por trás das ruas mais conhecidas da cidade?

Foto: Arquivo Família Grubba

Por: Maria Luiza Venturelli

25/07/2023 - 18:07

Em cada esquina, em cada placa, as ruas de Jaraguá do Sul contam as histórias de personalidades que contribuíram para o desenvolvimento e a identidade do município. São nomes que atravessaram gerações, perpetuados nas placas que indicam os caminhos que a população percorre todos os dias. Cada rua é um elo entre o presente e o passado, uma homenagem que mantém vivas as memórias daqueles que moldaram a trajetória do município. Conheça melhor pessoas que foram homenageadas tendo o nome vinculado a algumas das ruas mais importantes do município:

Adélia Fischer

Foto: Arquivo Família Guido Fischer

Nascida em 1912, em Jaraguá do Sul, Adélia Piazera tinha um talento musical que iria enriquecer a pequena cidade do interior com tons harmônicos e coloridos. Ainda aos 10 anos de idade, a menina entrou no mundo da música, quando começou a aprender piano com uma freira. Sua habilidade impressionante incentivou seu pai, Ângelo Piazera, a adquirir um piano para ela.

Adélia revelou-se uma autodidata excepcional ao continuar os estudos por conta própria quando sua até então professora retornou para a Alemanha. Anos mais tarde, ela se tornaria responsável por ensinar outras pessoas a tocar, incluindo seus futuros filhos.

Após se casar com Francisco Fernando Fischer, um violinista, Adélia adotou o sobrenome Fischer. Com o passar dos anos, o casal formou um quarteto musical juntamente com seus filhos, Yara e Guido, que tocavam para animar as noites de familiares e amigos.

Com a adição de novos membros, o quarteto transformou-se em quinteto e, posteriormente, em uma pequena orquestra. Logo, essa orquestra de câmara passou a se apresentar em Jaraguá do Sul e nas cidades vizinhas.

Devido ao crescimento do grupo e à crescente demanda, tornou-se necessário discutir formas de organização. Após várias reuniões, em 8 de junho de 1956, fundou-se a Sociedade Cultura Artística, conhecida atualmente como Scar.

Aos 58 anos de idade, Adélia Fischer faleceu em setembro de 1970, deixando como legado a criação de um centro cultural que levaria arte e cultura a milhares de pessoas na região.

Max Wilhelm

Foto: Arquivo Histórico

Poucos sabores levam a uma viagem por recordações como apreciar uma Laranjinha recém aberta. Essa afetividade com o sabor é forte na região e não poderia ser diferente, pois o refrigerante faz parte da rotina de muitas pessoas desde a infância. A criação da “gasosa” foi uma das apostas de Max Wilhelm, imigrante alemão é responsável pela criação da primeira fábrica de refrigerantes da região.

Em junho de 1923, com 30 anos, ao lado da esposa Martha e do filho Geert, Max Wilhelm desembarcou no porto de São Francisco do Sul. Seguiu inicialmente para Joinville, mas não conseguiu trabalho por não saber português. A família rumou para Corupá, onde foram bem recebidos, mas não surgiam boas oportunidades.

A sorte do alemão mudou quando ele conheceu a fábrica de gasosa de Johanes Theodoro Tiedke. O proprietário, com certa idade, buscava um jovem para continuar as atividades. Por 80 mil réis mensais e uma casa para morar, Wilhelm aceitou a proposta e começou a se dedicar de corpo e alma no serviço braçal.

Dois anos mais tarde a produção foi mecanizada e a produção aumentou para atender a redondeza. Em 1923, Wilhelm alugou as instalações de Tiedtke, que resolveu se afastar por problemas de saúde. A produção ia aumentando gradativamente, e o antigo dono tinha pouco interesse em ampliar. Foi quando em 1925, ele vendeu a fábrica para Max em algumas prestações.

Foto: Arquivo Histórico

Naquele ano, oficialmente, a empresa Max Wilhelm foi fundada e seguiu crescendo. Em 1957, o crescimento fez a marca se transformar em uma empresa de sociedade anônima. Assim chegaram muitos investimentos, com ampliação da fábrica, construção de uma estação de tratamento de água, entre outros setores.

Waldemar Grubba

Foto: Arquivo Família Grubba

Waldemar Grubba nasceu em solo jaraguaense em 12 de setembro de 1901, era filho de Bernardo e Maria Elizabeth Moser Grubba. Aos 17 anos começou a trabalhar na Bernardo Grubba Indústria e Comércio, empresa da família, localizada em Jaraguá do Sul, onde dedicou grande parte da sua vida profissional.

Casou com Edelmira Moritz, com quem teve Luis Antônio Grubba e Cesar Augusto (Promotor do Ministério Público e Secretário de Estado de Segurança Pública de Santa Catarina).

Em Jaraguá do Sul, fundou a Associação Comercial e Industrial (1938), presidindo-a de 1940 a 1942, e também atuou como Delegado Regional do Serviço Nacional dos Municípios, de 1962 a 1964; Delegado de Polícia; Juiz Distrital e Inspetor Escolar.

A carreira política de Grubba é marcante: entre 1932 e 1934 foi intendente do Distrito de Jaraguá, quando ainda era território de Joinville. Com a emancipação, em 1935 foi o primeiro prefeito a ser efetivamente eleito. Depois foi vereador, deputado estadual, voltou a ser vereador e mais uma vez prefeito entre 1956 e 1961.

Foto: Arquivo Família Grubba

O político faleceu em 17 de setembro de 1979 e foi em 1999 que uma das principais ruas da cidade passou a homenageá-lo. A BR-280 recebe um nome “próprio” por se tratar de um trecho urbano da rodovia.

Reinoldo Rau

Foto: Arquivo OCP News

Conta-se a história que Reinoldo Rau era um empresário que investiu em diversos negócios. Durante seu tempo em Jaraguá do Sul, ele foi proprietário de um hotel, exportador, dono de um cinema, da fábrica de pólvora e de uma loja.

Tudo começou em 1918, quando Rau chegou à cidade vindo de Brusque, as 27 anos. Com dinheiro no bolso, dois anos depois ele comprou uma propriedade localizada na esquina da rua Epitácio Pessoa com a Padre Pedro Franken, que incluía um hotel, um salão de bilhar e uma loja de secos e molhados.

Além de manter essas atividades no local, Rau começou a explorar as riquezas da cidade através da exportação de aguardente, melado, doce de laranja, manteiga e produtos suínos. Após 12 anos na cidade, em 1932, Reinoldo Rau comprou uma fábrica de pólvora que sofreu o grande desastre em 1953. Ele foi brevemente proprietário dessa estrutura, vendendo-a ao grupo “Pernambuco Powder Factory” em 1939.

Nesse período também foi dono de um cinema em um salão no bairro Baependi e dirigiu as atividades de uma empresa de transporte de cargas. Depois de vender a propriedade comercial na Epitácio, Rau adquiriu a “casa dos padres”, localizada entre as ruas Marechal e Domingos Rodrigues da Nova, onde abriu uma loja de comércio por atacado, trabalhando com arroz, açúcar e aguardente.

Aos 51 anos, ele encerrou as atividades na cidade e se mudou para Curitiba. Anos depois, já doente, transferiu-se para Barra Velha. Reinoldo Rau faleceu em 1955, aos 64 anos, e foi sepultado no cemitério de Jaraguá do Sul.

Jorge Czerniewicz

Aos 16 anos, Jorge Czerniewicz enfrentou uma grande mudança de vida. De acordo com registros históricos, nessa idade, ele decidiu embarcar em uma travessia épica pelo Oceano Atlântico. Ele partiu de Berlim, na Alemanha e tinha as terras de Santa Catarina como destino final.

O objetivo era encontrar oportunidades de trabalho no setor comercial na Colônia dos Príncipes, mais conhecida como Joinville. Por volta de 1884, ele alcançou seu objetivo e se estabeleceu na cidade, onde casou-se com Helene Schultz e tiveram cinco filhos.

Em 1900, Jorge estabeleceu conexões com Jaraguá do Sul. Ele adquiriu um comércio colonial, incluindo uma balsa e uma chalana, de Victor Rosenberg, que havia declarado falência, conforme registros da época.

Enquanto Czerniewicz assumiu os negócios em Joinville e Jaraguá do Sul, ele construiu uma bela casa na margem do rio em 1913. Lá, ele hospedava imigrantes e aventureiros, além de pessoas influentes da época.

Foto: Arquivo Histórico

A balsa e a chalana continuaram a transportar pedestres e cargas com grande eficiência até a inauguração da ponte metálica em março de 1913, que recebeu o nome de Abdon Batista. Jorge Czerniewicz viveu até os 72 anos e faleceu em sua residência.

Bertha Weege

Foto: Arquivo Histórico

Bertha Karsten Weege nasceu no dia 27 de fevereiro de 1881 e em 1906 chegou em Jaraguá do Sul. Foi casada com Guilherme Weege (ou Wilhelm Weege em alemão), o homem que a ajudou a criar a Malwee Malhas. O casal chegou a Jaraguá do Sul em 1906 e abriu o primeiro comércio da época naquela região.

Tudo começou com uma casa comercial que tinha como principal atividade queijaria e açougue. Em 1948, Wolfgang Weege, filho do casal, assume a direção da empresa e expande as atividades com a aquisição de um frigorífico e laticínios.

Na década de 60, o frigorífico foi fechado e no local, a ideia de ocupar o espaço com uma nova indústria surgiu, optando-se então por implantar uma empresa têxtil. Em 4 de julho de 1968 foi fundada a Malwee Malhas, negócio que foi assumido pelo filho do casal, Wander Weege, que fez prosperar. Entre os legados de Wolfgang está o Parque Malwee.

Bertha faleceu em 3 de setembro de 1961 e toda a sua trajetória foi essencial para a Barra do Rio Cerro e toda comunidade jaraguaense, fatos que levaram ela a ser homenageada com uma rua batizada com seu nome. Nesta rua fica o Grupo Malwee, onde estão localizados os setores administrativos da empresa e grande parte das operações de fábrica, como tinturaria, corte, costura, estamparia, bordado, dobração, expedição e parte das equipes de criação e desenvolvimento de produtos.

Foto: Arquivo Histórico

 

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Maria Luiza Venturelli

Jornalista formada pela Faculdade IELUSC, especializada em conteúdo publicitário, cultura e entretenimento. Apaixonada por contar histórias que conectam pessoas e marcas de forma autêntica.