Irritações oculares podem ser causadas por uso de maquiagem

.

Por: Elissandro Sutil

08/07/2020 - 06:07 - Atualizada em: 08/07/2020 - 09:27

Apesar dos benefícios estéticos oferecidos pela maquiagem, deve-se lembrar que a área dos olhos é muito delicada. A pele das pálpebras é a mais fina do corpo e a conjuntiva, uma mucosa frágil, úmida e transparente que fica sobre a parte branca dos olhos, é muito sensível.

De acordo com o oftalmologista e retinólogo, Dr. Marcos Martins, lesões graves dos olhos devido ao uso de maquiagem são raras, mas irritações agudas ou crônicas são frequentes.

“É bastante comum durante a consulta observarmos partículas de rímel ou glitter na superfície ocular em mulheres maquiadas ou que removeram de forma incompleta a maquiagem. A presença desses produtos nos olhos pode causar irritações”, explica.

O trauma mecânico com toque nos olhos por uma aplicação descuidada, uso de produto vencido que pode causar toxicidade, e as alergias são as alterações mais comuns que podem agredir os olhos.

Maquiagem definitiva

Maquiagem definitiva é uma técnica de pigmentação que simula o efeito de um delineador ou lápis, nas partes superior ou inferior dos olhos, ou nas duas simultaneamente. O procedimento compromete a integridade da pele, e uma substância pigmentada é aplicada na região intradérmica.

Em diversas situações apresentadas pelos pacientes existem restrições para a realização do procedimento que podem comprometer a visão e a cicatrização eficaz. São elas: alergia, hemofilia, anemia, pacientes em tratamento de quimioterapia, portadores de HIV, gestantes, pacientes com glaucoma, diabetes e hepatites. Pacientes que se enquadram nessas situações devem consultar o médico antes de fazer o procedimento.

“O mesmo acontece para aqueles que apresentarem inflamação ou pele dolorosa e edemaciada após o procedimento. Além disso, o profissional em estética não deve atrasar o encaminhamento para o médico em caso de suspeita de infecção. Os poucos casos que recebemos até hoje foram adequadamente tratados com antibióticos sistêmicos adequados”, afirma Martins.

Já nos casos de cílios postiços ele pondera que, existe perigo de desenvolver a perda de cílios e ceratoconjuntivite na aplicação e/ou remoção. Portanto, esse procedimento não deve ser feito com frequência e deve ser tomado cuidado com a qualidade da cola utilizada.

Cuidados

O oftalmologista pontua que os melhores cuidados muitas vezes são os mais simples.

  • Lavar as mãos: conjuntivites podem ser transmitidas dessa forma e produtos irritantes para os olhos podem estar presentes nos dedos;
  • Conferir a validade do produto: produtos vencidos podem causar alergias ou irritações nos olhos, e após o vencimento pode conter a presença de bactérias patológicas no produto;
  • Utilizar produtos de boa qualidade: maquiagens podem conter metais pesados e outros irritantes que causam inflamações nos cílios e nas glândulas nas bordas das pálpebras;
  • Acondicionar em local adequado: guardar o produto em local fresco, arejado e protegido do sol e do calor;
  • Remover adequadamente o produto: não deve-se dormir maquiada;
  • Aplicar a maquiagem com cuidado: os aplicadores e pinceis podem tocar a superfície da córnea causando pequenos traumas.
  • Lavar ou substituir os pincéis e esponjas de maquiagem com frequência;
  • Evitar o uso de amostras de maquiagem: produtos que possam ter sido tocados ou usadas por outra pessoa aumentam a rota comum para transmissão de infecção ocular.

O uso de lentes de contato deve ter cuidado redobrado. Dr. Marcos enfatiza que, as lentes devem ser colocadas antes de iniciar a maquiagem e retiradas antes de remover para evitar que o material cosmético contamine-a. “Essas dicas também servem para o sexo masculino, que ano após ano vem aumentando a participação no mercado de produtos de beleza e higiene, se destacando os produtos para a barba”, diz.

Sintomas que merecem atenção

Sempre que for observado vermelhidão, inchaço ou dor ocular com o uso de cosméticos deve-se primeiramente interromper o uso do produto e procurar atendimento oftalmológico.

“Um sinal que sempre apresenta gravidade nessa situação é a diminuição da visão. Alterações mais sutis podem estar associadas à irritação crônica leve ou alergias pelo produto. Sensação de coceira, lacrimejamento, sensibilidade à luz ou perda dos cílios também são indicativos para marcar uma consulta”, destaca.

Sobre o especialista

O Dr. Marcos Martins (CRM 19639 e RQE 11168) atende no Centro Oftalmológico Jaraguá, e faz parte do corpo clínico do Hospital Maternidade Jaraguá. É oftalmologista retinólogo formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e residência médica de Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG – 2008).