Enxaqueca: automedicação pode agravar casos; saiba mais sobre o tratamento correto

Por: Elissandro Sutil

06/08/2020 - 06:08 - Atualizada em: 06/08/2020 - 10:19

Enxaqueca é uma doença muito comum, de episódios repetidos de dor de cabeça, geralmente unilaterais e em alguns casos associadas a sintomas visuais ou sensoriais – as auras -, que geralmente aparecem antes das crises de dor.

O neurologista, Dr. Vicente Caropreso, destaca que a enxaqueca é muito mais comum em mulheres e tem um componente genético forte.

Ele explica que em muitos casos, as crises são desencadeadas por alguns alimentos como queijos, cafeinados, chocolates, bebidas alcoólicas e também alguns odores como tintas e perfumes, porém, isso é individual.

“Outra situação é o surgimento simultâneo de sintomas, como ansiedade e insônia – que devem ser tratadas ao mesmo tempo que a enxaqueca, pois são causa ou consequência dela – já que a pessoa que convive com a dor, geralmente deprime.”

Há um gatilho das crises de enxaqueca que é o fator hormonal, pois boa parte das mulheres tem a enxaqueca perto ou durante o ciclo menstrual.

Enxaqueca x dor de cabeça

A enxaqueca é uma das causas de dor de cabeça. A mais comum é a cefaleia de tensão, gerada por preocupações, é contínua e sem pulsações. A sinusite provoca dor, mas tem febre, muitas vezes tosse e há secreção nasal com cheiro característico.

Outras formas de dor de cabeça são mais raras como a da meningite, que tem junto quadro grave de infecção, febre alta e vômitos, além de outras queixas. Em certos casos a dor pode ser muito aguda, sem febre e com perda de consciência. Nestes casos a suspeita recai na possibilidade de ruptura de aneurisma cerebral.

Existem também as dores de cabeça por tumor cerebral, que não são tão intensas geralmente, mas são acompanhadas de sinais neurológicos, como convulsões e diminuição de força de um lado do corpo. Costuma, neste caso, ser progressiva e mais ao despertar.

Outras causas como a dificuldade visual, problemas de coluna cervical e de articulação têmporo-mandibular (ATM) que também devem ser lembradas como causadoras da cefaleia. Os médicos conhecem os sinais de alerta para solicitarem exames complementares.

Foto: Matheus Wittkowski

Prevenção

Segundo Dr. Vicente, muitas vezes não dá para prevenir a enxaqueca, já que depende de vários fatores relacionados ao humor ou estresse. Porém, ele afirma que uma vida tranquila e o sono regular ajudam muito.

“Algumas poucas enxaquecas são ligadas a alimentos e bebidas, nestes casos deve-se evitar aquilo que se sabe fazer mal”, aconselha.

Sintomas

  • Dor pulsátil intensa que piora com movimentos e atividade física, e também com barulhos e com luminosidade;
  • A dor geralmente é localizada, mas em pouco tempo se torna generalizada;
  • A dor dura de poucas horas até quase três dias;
  • Náuseas e vômitos, incluindo falta de apetite, intolerância alimentar e sensação de leveza na cabeça.

Tratamento

O neurologista ressalta que o tratamento varia, pois é individual. “Há medicamentos muito eficientes para o controle da crise de dor aguda e também outros para os casos crônicos, preventivos ou profiláticos, quando a dor fica muito frequente e em alguns casos, intratável”, exemplifica Dr. Vicente.

O tempo de tratamento diverge e em alguns casos de enxaqueca crônica o manejo pode durar a vida inteira com remédios para prevenir as crises. Entretanto, ele pontua que muitas pessoas usam medicamentos de maneira abusiva e isso pode constituir num agravamento da situação, pois nesses casos encontra-se muita dificuldade de controle.

Outras possibilidades incluem massagens, acupuntura e a injeção de toxina botulínica para controle de casos mais refratários e que não tem resposta a analgésicos e outras alternativas.

Automedicação: fique atento!

É muito comum no Brasil as pessoas se automedicarem, o que é um risco grave, um perigo inclusive de perpetuar a própria enxaqueca, abusando de medicamentos, em especial os ergotamínicos.

“Com uma crise ou outra todos nós podemos conviver, o problema maior é quando torna-se crônica, atormentando com crises fortes e diárias. Nestes casos, a ação do especialista é fundamental”, finaliza.

Sobre o especialista

O Dr. Vicente Caropreso (CRM-SC 3463 e RQE 618) atende no centro de Jaraguá do Sul. É médico neurologista desde 1983, voluntário da Apae de Jaraguá do Sul. É referência estadual dos Agravos Epidemiológicos Botulismo e Doença de Creutzfeld-Jacob (DCJ) e é médico honorário do Hospital e Maternidade São José.