A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que ataca axônios mielinizados no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Ela destrói a mielina e o axônio em graus variáveis e produzindo incapacidade física significativa.
O neurologista Dr. Vicente Caropreso, afirma que a marca registrada da EM são episódios ou surtos, com vários sintomas neurológicos, que ocorrem com meses ou anos de intervalo e afetam diferentes localizações do sistema nervoso central.
“Um exemplo é se as lesões cerebrais forem mais no córtex visual, as queixas começam pela visão. Se forem no cerebelo, os sintomas se apresentarão como problemas na coordenação motora e ou no equilíbrio, e assim por diante. Dependendo da parte do cérebro e ou medula afetada pelas lesões, as funções correspondentes às áreas afetadas apresentarão os sinais da doença”, explica.
Índice de casos
A incidência da EM varia muito entre países e regiões devido a fatores genéticos ou de meio ambiente. A falta de exposição ao sol na infância, por exemplo, é um fator que pode contribuir para o aparecimento da doença.
No Brasil, que é um país tropical com maior exposição solar, a EM afeta em média de 15 a 18 pessoas a cada 100 mil, chegando a 27 na região sul do país. Pessoas de cor branca também têm hipótese maior de desenvolver a esclerose múltipla, assim como as mulheres em grande proporção. No Brasil, 30% dos pacientes são negros. Atinge mais pessoas de 20 a 40 anos e mais mulheres (2 a 3 casos de mulheres para cada homem).
Dr. Vicente ressalta que não existe uma causa clara ou única para o desenvolvimento da EM. “A prática médica demonstra que esta é uma doença multifatorial, supostamente desencadeada por uma interação de fatores genéticos e ambientais.”

Foto: Matheus Wittkowski
Sintomas e diagnóstico
Os principais sintomas da esclerose múltipla são: fadiga anormal e fraqueza muscular; alterações na fala e na visão; sintomas relacionados ao equilíbrio, mobilidade e coordenação motora; dor e alterações na sensibilidade e mudança no funcionamento do intestino e da bexiga.
Sobre o diagnóstico, o médico afirma que pode ser difícil, uma vez que é grande a variedade dos sintomas, que muitas vezes desaparecem e voltam.
Na maioria das vezes, as pessoas procuram inicialmente clínicos gerais ou oftalmologistas, dependendo de qual for o principal sintoma inicial da doença.
“Muitas dessas pessoas demoram a chegar ao especialista e isto pode ter sérias implicações ao retardar o diagnóstico correto e o início precoce do tratamento ideal”, comenta.
Para isso, ele relacionou alguns critérios científicos médicos para diagnosticar a EM:
- Sintomas e sinais indicando e mostrando evidência objetiva de doença cerebral ou da medula espinal;
- Evidência de duas ou mais lesões – ou áreas anormais no cérebro – a partir de um exame de ressonância magnética;
- Dois ou mais episódios com sintomas que durem pelo menos 24 horas, e que ocorram com pelo menos um mês de intervalo;
- O diagnóstico da EM é clínico, mas também alguns exames complementares importantes devem ser feitos como: punção lombar, ressonância magnética e potencial evocado.
Tratamento
Os tratamentos medicamentosos disponíveis para a EM, indicados pelos neurologistas, buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos contribuindo para a redução de incapacidade durante a vida do paciente.
Além do foco na doença, tratar os sintomas como os urinários e a fadiga é muito importante para qualidade de vida do paciente.
De acordo com o Dr. Vicente, a esclerose múltipla não tem cura, mas pode ser controlada.
“O tratamento geralmente se concentra em manejar as crises, controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença. Hoje, no Brasil, já existem diversas opções de tratamento, através de cápsula oral diária ou injeções diárias, semanais e mensais, além do uso de vitamina D.”
O tratamento é muitas vezes para aliviar os sintomas, mas o mais importante é o que reduz os efeitos das lesões do cérebro e da medula. “Este é um ramo da neurologia em constante pesquisa na busca incessante do tratamento ideal para evitar os sintomas incapacitantes e a dependência das pessoas. A ciência, até hoje, procura com insistência a cura da doença”, finaliza.
Sobre o especialista
O Dr. Vicente Caropreso (CRM-SC 3463 e RQE 618) atende no centro de Jaraguá do Sul. É médico neurologista desde 1983, voluntário da Apae de Jaraguá do Sul. É referência estadual dos Agravos Epidemiológicos Botulismo e Doença de Creutzfeld-Jacob (DCJ) e é médico honorário do Hospital e Maternidade São José.