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Endoscopia respiratória em todas as idades

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Por: Elissandro Sutil

13/08/2020 - 06:08 - Atualizada em: 13/08/2020 - 10:00

Desde 2001, o Serviço de Cirurgia Torácica que atua em Jaraguá do Sul em parceria com os dois hospitais, criou uma estrutura para oferecer aos pacientes de todas as idades a Endoscopia Respiratória.

De acordo com o cirurgião torácico, Dr. Giovani Mezzalira, no Hospital Jaraguá o foco é o público infantil, já no Hospital São José a exclusividade é para o público adulto.

O setor de Endoscopia Respiratória atua nas avaliações das vias aéreas, estudando a região glótica, traqueal e brônquica. Esta anatomia pode ser entendida quando pensamos em uma árvore: a região glótica seria a entrada para o tronco principal (chamado de traqueia) que pega o ar na região cervical e leva até o tórax.

Quando o tronco principal se divide em dois passa a ser chamado de brônquios, um para o pulmão direito e outro para o esquerdo. As folhas seriam a estrutura alveolar ou aquela que pega o ar, organiza e envia para o coração distribuir.

“Muitas doenças estão nas folhas, como atualmente falando das ações do Covid, porém, também são áreas afetadas por doenças como a tuberculose, pneumonias, doenças relacionadas ao trabalho com contato direto com substâncias no ar e o câncer; contudo, algumas podem nascer nos caules mais grossos até os mais finos, como o câncer”, explica.

Toda a região tem sensores que geram tosse, sinalizando quando algo está errado e levam as secreções para serem expelidas. “Quando inicio um exame sempre avaliamos as pregas vocais que estão na região glótica, em seguida vem a observação da traqueia e então dos brônquios pulmonares direito e esquerdo.”

Exames realizados em uma Endoscopia Respiratória

Laringoscopia: avalia as pregas vocais e todos os encaixes, a partir dela pode-se coletar secreções, retirar fragmentos para análise e até fazer cirurgias endoscópicas usando laser e outros equipamentos.

Imagem 1 – Endoscopia Respiratória mostrando uma lesão em região glótica. Foto: Divulgação.

Imagem 2 – Resultado do tratamento terapêutico em região glótica, pós intervenção por Endoscopia Respiratória para a retirada de lesão. Foto: Divulgação.

Traqueoscopia: avalia o tronco principal. Pode coletar secreção para análise, realizar biópsias de lesões suspeitas, retirada de tumores com energias diversas como laser, gás argônio e crioterapia, resolver estenoses (obstruções totais ou parciais do tubo) e inserir próteses para permitir que a passagem seja adequada para uma boa respiração.

Broncoscopia: avalia os ramos a partir do tronco principal e tem as mesmas funcionalidades da traqueoscopia.

Imagem 3 – Tomografia pulmonar de paciente. Foto: Divulgação.

Imagem 4: Procedimento Diagnóstico realizado por Endoscopia Respiratória (Broncoscopia). Foto: Divulgação.

Tanto o exame diagnóstico, como o exame na forma de tratamento, são feitos com máxima segurança e em ambiente hospitalar. O exame leva em média cinco minutos quando o objetivo é o diagnóstico e pode levar até uma hora nos casos de cirurgia de ressecção tumoral. Ao concluí-la, o paciente acorda, 30 minutos depois faz um lanche e é liberado.

É um procedimento executado também nas UTIs dos dois hospitais e no centro cirúrgico, principalmente usado em diagnósticos de tumores ou nódulos pulmonares.

Benefícios

O exame é muito eficiente e pode resolver tosses longas e voz rouca que não se consegue entender o motivo. Permite coletar secreções que existem nas vias aéreas e mandar para cultura, que direciona para o ser vivo causador do problema (bactéria ou fungo) e permite saber qual o remédio que o mata.

É usado para diagnosticar tumores e direcionar para o melhor tratamento. Ajuda muito nos pacientes que utilizam aparelhos para respirar, chamados de traqueostomias. Pode evitar cirurgias que precisariam de anestesia geral e possível pós operatório em UTI.

Relato de caso da Endoscopia Respiratória

Em 2019 um caso chamou a atenção do Dr, Giovani. Segundo ele, era uma senhora com tumor carcinoide de pulmão, que chegou no PA com o pulmão esquerdo sem funcionar e com muita falta de ar.

“Após verificar os exames de imagem solicitei uma endoscopia respiratória e na broncoscopia consegui visualizar o tumor que estava fechando o tubo para o pulmão esquerdo. Foi possível visualizar que a lesão vinha do tronco superior, mas achatava o tronco para o inferior, então acionei a equipe que instalou o Gás Argônio e conseguimos liberar a passagem do ar para a parte inferior do pulmão esquerdo”, conta.

A paciente acordou sem nenhuma falta de ar e queria ir embora (a equipe vibrou!), mas ainda tinha o tumor da parte superior do pulmão esquerdo.

Após o resultado da biópsia o Dr. Giovani optou por usar uma nova técnica com um equipamento que congela o tecido e através da endoscopia com sedação leve foi retirado o tumor do brônquio para a parte superior do pulmão esquerdo.

Recentemente na revisão endoscópica (em 2020) ficou evidenciado ausência do tumor e a paciente em ótimo estado geral. “Este tumor foi tratado com endoscopias respiratórias ao invés de cirurgias. O acompanhamento continuará, mas a felicidade de ter ajudado esta senhora não tem preço”, finaliza.

Sobre o especialista

O Dr. Giovani W. Mezzalira (CRM-SC 8611) atende na Clínica Toracopulmonar em Jaraguá do Sul. É formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também se especializou em cirurgia geral. É cirurgião torácico, especializado pelo Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e mestre em cirurgia torácica pela PUC – PR.

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP