É verdade que alimentos viciam?

Foto: Tomás Arthuzzi

Por: Elissandro Sutil

02/03/2021 - 14:03 - Atualizada em: 25/03/2021 - 16:58

Você conhece alguém que já sentiu sudorese ou tremores por falta de uma comida ou bebida (não alcoólica) específica, por exemplo? Porque esse tipo de reação que representaria uma possível crise de abstinência decorrente de um vício.

Hoje em dia, as pessoas acham que podem ficar viciadas em brigadeiro, ou em qualquer outro alimento ou nutriente. Só que a definição de vício possui critérios técnicos para ser bem empregada na saúde. E os sinais e sintomas observados após a ingestão de alimentos não corresponde à definição de dependência que ocorre com drogas, álcool e jogos, por exemplo.

A dependência provocada por um vício de fato altera mecanismos neurológicos de captação de neurotransmissores. Essa interferência altera, por vezes, a racionalidade e o julgamento nas tomadas de decisão.

O alimento realmente traz conforto e prazer. Daí porque as pessoas comumente recorrem à comida em momentos de tristeza, ansiedade etc. Isso até pode ser confundido com um vício, mas não é. Um alimento não compromete a racionalidade e o julgamento.

Neurologicamente, o prazer ao ingerir um alimento se assemelha ao de ouvir uma boa música, ver um bom filme ou assistir a uma boa peça de teatro.

Atenção: precisamos ter clareza na diferenciação de vício por alimento, que não existe, dos comportamentos compulsivos verificados nos transtornos alimentares, que existem.

Pensar numa comida como viciante é o primeiro passo para encará-la como uma vilã. E isso vai contribuir para uma relação pouco saudável com a alimentação, o que favorece o ganho de peso.