Com o aumento da expectativa de vida, Doença de Alzheimer se tornou mais comum

.

Por: Elissandro Sutil

01/07/2020 - 06:07 - Atualizada em: 01/07/2020 - 10:23

A Doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência em pessoas de idade avançada. Com o aumento da expectativa de vida, tornou-se bem mais comum do que 30 anos atrás.

A DA é uma doença neurodegenerativa, progressiva, que se manifesta pela perda cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades da vida diária e uma variedade de sintomas psiquiátricos e de alterações de comportamento.

O neurologista Dr. Vicente Caropreso, explica que fragmentos tóxicos de proteínas instalam-se dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Como consequência dessa toxicidade vem a morte progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, principalmente na área da memória e no córtex cerebral, que são essenciais para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e o pensamento.

Como se manifesta

Geralmente o primeiro sintoma é a perda da memória recente, o esquecimento de coisas que acabaram de acontecer ou ocorreram há pouco tempo.

“Com a progressão da doença, vão aparecendo sintomas mais graves como a perda da memória tardia – ou das coisas mais antigas. As pessoas tornam-se mais irritadas, podem ter falhas na linguagem, incapacidade de se orientar no espaço e no tempo e deixam de reconhecer até os familiares mais chegados”, afirma Caropreso.

Os fatores de risco mais conhecidos são a idade, a história familiar (se tem casos na família) e o baixo nível de escolaridade da pessoa.

Estudos e estatísticas demonstram que manter a cabeça ativa e ter uma boa vida social, evitando fumo e álcool, tendo alimentação saudável, praticando exercícios regularmente, evitando obesidade e controlando fatores de risco como diabetes mellitus e hipertensão arterial, podem retardar ou até mesmo inibir a manifestação da doença. São, portanto, conselhos genéricos que servem para mais doenças.

Foto: Matheus Wittkowski

Diagnóstico

De acordo com o neurologista, o diagnóstico se faz com depoimentos de familiares. O paciente, apenas em fases iniciais e leves da doença tem noção de sua dificuldade. Para o manejo são aplicados testes de memória que podem trazer mais detalhes das dificuldades de cada paciente.

Ele ressalta que exames complementares são muito úteis como a Ressonância Magnética e a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET Scan). “Há uma série de outros exames complementares, de rotina, que são solicitados para descartar outros tipos de demência curáveis”, diz.

Tratamento

Caropreso ressalta que ainda não foi desenvolvido um tratamento medicamentoso específico para a doença. Há alguns que podem melhorar temporariamente os sintomas.

“É uma das doenças mais pesquisadas em razão do envelhecimento da população. É um problema grave de saúde pública. O mais importante é o manejo das situações e deixar à disposição das famílias todos os cuidados que devem ser tomados em situações especiais e também do dia a dia”, completa.

O importante é iniciar logo o tratamento para que os efeitos da doença se tornem menos traumáticos. “Caso essas medidas não sejam entendidas e usadas pelas famílias ou instituições, tragédias podem suceder. Prevenir é sempre melhor que remediar”, pondera.

Como as pessoas que convivem com um portador DA podem ajudar?

Informação de qualidade para as adaptações. Manter o contato com o médico, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, é essencial. Criar rotinas é uma boa dica. Colocar uma pulseira no paciente para o caso de ele se perder, cuidados com alimentação e a simplificação dos ambientes onde a pessoa vive. Assim as situações de confusão mental são mais facilmente controláveis.

Pacientes com DA mudam o ritmo de sono e com isso aumentam o estresse dos cuidadores que, automaticamente encurtam o tempo de sono e que não raro evoluem para depressão. Problemas psiquiátricos, como agitação e confusão mental são frequentes, e o risco de acidentes aumenta.

Sobre o especialista

O Dr. Vicente Caropreso (CRM-SC 3463 e RQE 618) atende no centro de Jaraguá do Sul. É médico neurologista desde 1983, voluntário da Apae de Jaraguá do Sul. É referência estadual dos Agravos Epidemiológicos Botulismo e Doença de Creutzfeld-Jacob (DCJ) e é médico honorário do Hospital e Maternidade São José.