Ceratocone: sinais para ficar de olho

Por: Elissandro Sutil

14/05/2022 - 07:05

Ceratocone é uma patologia que surge na juventude afetando a estrutura da córnea, a camada fina e transparente do olho que recobre a íris e pupila. A principal característica da doença é o surgimento redução expressiva do encurvamento e distorção na forma da córnea, formando uma saliência com o formato similar a de um cone.

Segundo o oftalmologista, Dr. Marcos Henrique S. Martins, ainda não se sabe a causa do ceratocone, no entanto, sabe-se que é uma enfermidade não inflamatória, hereditária, de evolução lenta e afeta com maior frequência pessoas com alergia ocular. Que se manifesta em pessoas entre 10 e 25 anos, podendo avançar até a quarta década de vida.

No início o ceratocone pode ser confundido com astigmatismo simples, com o tempo, a córnea deforma-se progressivamente. Ou seja, os principais sintomas estão associados ao embaçamento visual como, halos ao redor das luzes, visão dupla, sensibilidade ocular e/ou imagem fantasma ao redor de objetos ou letras. A maioria dos pacientes portadores de ceratocone também queixam-se de coceira nos olhos.

“Ainda que o ceratocone esteja em fase inicial, ainda não manifestando prejuízo visual, é possível identificá-lo através da consulta médica oftalmológica de rotina. Uma vez identificado a presença da curvatura anormal da córnea, o diagnóstico será estabelecido através do estudo da estrutura e curvatura ocular obtido pelos exames de topografia, paquimetria e aberrometria corneana”, ressalta Dr. Marcos.

É importante complementar, que o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir complicações futuras. Afinal, quando a doença atinge um grau avançado pode ocasionar cegueira, devido à intensa curvatura que se forma na córnea. Nesse caso, a visão pode ficar distorcida ao ponto de não apresentar mais uma visão útil, sendo a cirurgia de transplante de córnea a única alternativa para reestabelecer a visão.

O tratamento da enfermidade é complexo e varia conforme a classificação de sua intensidade. Nas fases iniciais, quando a deformação na córnea não é grave, o ceratocone pode ser acompanhado pelo astigmatismo, onde pode ser tratado com o uso de óculos. A medida que o ceratocone evolui para os níveis leve e moderado, os óculos devem ser substituídos por lentes de contato especiais.

Quando há piora da doença, pode-se recorrer ao uso do crosslinking, um procedimento a laser que visa retardar ou estabilizar o ceratocone. Esse procedimento reforça as pontes moleculares entre as fibras do colágeno reforçando a estrutura corneana para não sofrer o encurvamento.

“Nos casos de incapacidade no uso das lentes de contato, os procedimentos cirúrgicos também são indicados como, por exemplo, a implementação do anel intraestromal. Um dispositivo transparente que é posicionado no interior da córnea para reestruturar a curvatura da mesma, como uma viga de sustentação de uma casa”, complementa o oftalmologista.

Já nos casos mais avançados, principalmente quando a córnea apresenta alguma fibrose ou cicatriz, o transplante de córnea pode ser a única opção.

Ainda não existe uma cura, porém tem tratamento. E, apesar de ser desconhecido as formas efetivas de prevenção – assim como outras doenças progressivas -,ela deve ser precocemente identificada para controlar seu avanço de forma eficiente. Independente da fase, é importante controlar a coceira, pois a alergia ocular está associada à piora da doença em todos os estágios. Outra forma, é retardar a evolução da ceratocone através da aplicação do crosslinking.

Sobre o especialista

O Dr. Marcos Henrique S. Martins (CRM 19639 e RQE 11168) atende no Centro Oftalmológico Jaraguá do Sul – Unidade Sadalla Amin Ghanem. É Oftalmologista Retinólogo formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com residência médica em Oftalmologia (2008) e Fellowship em Retina e Vitreo (2010), ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Também é membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, da Sociedade Brasileira de Retina e Vitreo e certificado pelo International Council Ophthalmology.