Catarata é o nome dado para qualquer perda de transparência da lente do olho que atrapalhe a entrada de luz e formação da imagem que vemos. A alteração pode variar de diminuição imperceptível da visão até cegueira completa.
O cristalino é uma lente transparente presente no olho desde o nascimento e que fica atrás da íris colorida e da pupila preta. Não é perceptível a olho nu por estar dentro do olho, mas é facilmente identificada no exame oftalmológico.
Causas e fatores de risco
De acordo com o oftalmologista e retinólogo, Dr. Marcos Martins, a catarata é causada por alterações bioquímicas das moléculas do cristalino. Com o envelhecimento as proteínas do cristalino degeneram e perdem a transparência natural.
“Esse processo também pode estar associado a alterações metabólicas que ocorrem em doenças sistêmicas, oculares, tabagismo, secundária ao uso de medicamentos (corticoides), trauma ocular e cirurgia ocular prévia”, explica.
Além disso, existe a predisposição genética para formação da catarata, podendo aparecer em idade mais precoce.
A partir dos cinquenta anos pode surgir de forma natural e nesses casos, não é considerada uma doença, mas um processo normal do envelhecimento.
Já a catarata congênita é uma situação rara. É quando o recém-nascido apresenta catarata em um ou nos dois olhos que pode ser secundária à alterações genéticas, infecciosas ou metabólicas. Essa situação necessita de correção cirúrgica rápida para permitir o desenvolvimento adequado da visão.
Nos jovens, a causa mais comum é o trauma ocular e, na idade adulta, são as doenças sistêmicas, principalmente o diabetes e as doenças inflamatórias.
Após os 70 anos de idade praticamente metade da população apresenta catarata. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a incidência anual é estimada em 0,3% ao ano. Isso representaria, no Brasil, cerca de 550 mil novos casos por ano.
Sintomas
O principal sintoma é a piora da visão. Inicialmente o paciente pode perceber um leve embaçamento ou halo em volta das luzes. Geralmente há uma piora da miopia com redução da visão em baixo contraste e baixa luminosidade, principalmente para longe, comparativamente à visão para perto.
Pode queixar também aumento da sensibilidade à luz, espalhamento dos reflexos ao redor das luzes e percepção que as cores estão desbotadas. Com o avançar do processo de pacificação da lente natural, a visão vai se deteriorando.
Dr. Marcos salienta que é muito comum a diminuição do grau do óculos com o avançar do processo da catarata, pois da mesma forma que a lente vai se opacificando, ela aumenta de tamanho e, muitas vezes, proporcionando uma melhora da visão sem óculos nos estágios iniciais e intermediários.
“Esse é o momento limite para uma cirurgia com segurança, pois na fase avançada da catarata, o cristalino se enrijece, tornando a aspiração mais traumática para o olho”, pondera.

Foto Matheus Wittkowski
Tratamento e cuidados
A presença da catarata avançada, perceptível por uma massa branca na região da pupila, além de causar prejuízo visual, pode propiciar algumas formas de glaucoma que causam dores intensas nos olhos e cegueira irreversível.
Ela pode ser curada com a cirurgia, que é a mais realizada pela oftalmologia e uma das cirurgias que mais evoluíram e se beneficiaram pelas novas tecnologias e da miniaturização dos instrumentos cirúrgicos.
Nos últimos 30 anos, avançou de uma cirurgia manual com anestesia geral com corte grande no olho e baixo resultado visão para uma microcirurgia sem pontos com apoio computacional durante o ato cirúrgico e implante de lente intraocular, que permite, em muitos casos, a aposentadoria dos óculos.
“É um procedimento indolor, com duração aproximada de 15 a 20 minutos, sem necessidade de hospitalização, pois o paciente volta para casa logo após o procedimento. Em muitos casos o paciente sai de uma situação de visão ruim para a independência do uso de óculos”, destaca.