Vídeo: Revoltada com comentário, rainha dos atiradores chama Jean Willys para atirar na Schützenfest

Foto: Fábio Junkes/OCP News

Por: Claudio Costa

28/04/2022 - 14:04 - Atualizada em: 28/04/2022 - 18:17

Uma postagem do ex-deputado federal Jean Willys sobre a Schützenfest, no Twitter esta semana, causou revolta em toda a população de Jaraguá do Sul.

Para repercutir a postagem preconceituosa de Willys, OCP procurou a rainha dos atiradores da Associação dos Clubes e Sociedades de Tiro do Vale do Itapocu (ACSTVI) Ináurea Reinke, uma das principais representantes do maior evento cultural da cidade, a Schützenfest.

Sem conhecer a festa e a cultura alemã preservadas por seus descendentes ao longo de décadas, Willys criticou a tradicional Festa dos Atiradores de Jaraguá do Sul e publicou no Twitter um cartaz da 32ª edição da Schützenfest e afirmando que seria baseado na “estética da propaganda nazista alemã”.

 

 

Em seguida, o ex-parlamentar disse que a “festa de atiradores” seria realizada “em região do Brasil para onde fugiram muitos dos nazistas alemães para não pagarem por seus crimes.”

Ináurea conta que ficou assustada ao se deparar com as reportagens e a repercussão da publicação feita por Willys nas redes sociais. Para ela, os comentários feitos pelo ex-parlamentar tiveram motivações políticas.

Foto: Fábio Junkes/OCP News

“Eu fiquei assustada com a crueldade com que ele tratou a nossa tradição, a nossa Schützenfest, o nosso povo, a nossa cultura. Não conhecendo as nossas tradições, ele não teria como falar a respeito disso. Eu acredito que esses comentários infelizes tiveram motivações políticas”, destaca.

A rainha dos atiradores afirma que talvez o deputado não entenda que a cidade que tem a maior Festa dos Atiradores do País e também seja uma das menores em taxas de criminalidade. Ela destaca o fato de Jaraguá do Sul é uma das cidades mais pacíficas do Brasil.

“Para entender isso, eu sugiro que ele volte para o Brasil, de 10 a 20 de novembro, e venha prestigiar a nossa Schützenfest. Ele pode vir aqui conhecer um pouco sobre a nossa tradição, da nossa gastronomia, das nossas tradições para se soltar um pouco e ficar um pouco mais animado. Vou ter o prazer de convidá-lo a praticar o tiro esportivo e mostrar para ele que as nossas armas não matam, nossas armas são utilizadas para um esporte que a gente ama”, destaca.

Veja o recado que a rainha das atiradoras, Ináurea Reinke, deixou para Jean Wyllys:

Atiradora desde a adolescência

Com 41 anos, Ináurea Reinke começou a atirar a convite do marido na Sociedade Independência, na localidade de Garibaldi, quando tinha apenas 15 anos. Ela destaca que o comentário de Willys causou revolta porque a história da colonização alemã em Jaraguá do Sul começou muito antes do Nazismo na Alemanha.

“Quando ele relaciona a história da nossa colonização com o Nazismo, ele está muito desinformado. Nós não somos nazistas, não usamos nossas armas para subjugar as pessoas, mas sim para alegrar nossas vidas. É uma completa falta de informação sobre a nossa tradição”, relata.

A rainha dos atiradores explica que a cultura do tiro na região de Jaraguá do Sul não se resume apenas a Schützenfest. Durante todo o ano, são realizadas competições para decidir quais atiradores serão os representantes na festa.

“O campeonato oficial da Associação dos Clubes e Sociedades de Tiro do Vale do Itapocu tem seis etapas. Aquela que tiver a maior pontuação durante a competição é sagrada rainha. E isso não é fácil, porque tem que ter muita dedicação e concentração, além de treinar muito. Hoje, o nível está muito elevado quanto à precisão dos tiros e o bom estado psíquico da pessoa é essencial para conseguir uma boa pontuação”, frisa.

Da parte masculina também é escolhido o rei dos atiradores que junto com a rainha representam a Associação em eventos, sendo um dos principais a Schützenfest.

Tradição de pai para filho

O presidente da Associação dos Clubes e Sociedades de Tiro do Vale do Itapocu (ACSTVI) Luiz Carlos Bierende, ficou indignado com as palavras publicadas pelo ex-parlamentar. Ele afirma que manter as tradições foi muito difícil nos últimos anos, principalmente por causa da pandemia.

“Essa pessoa nunca veio para o Sul do Brasil e não sabe nada das nossas tradições. Nos nossos bailes de rei e rainha, reunimos cerca de 500 pessoas em uma festa familiar. É uma tradição que passa de pai para filho. Temos muito orgulho de manter um esporte que chegou com os imigrantes alemães”, sintetiza.

 

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