Por Kamila Schneider | Foto Divulgação
Oitavo país com o maior número de fumantes do mundo, com 18,2 milhões pessoas dependentes do cigarro, o Brasil tem buscado ferramentas para combater o tabagismo e reduzir os índices de mortalidade relacionados ao fumo. Nos últimos 25 anos, o país reduziu de 29% para 12% a percentagem de fumantes entre os homens, e de 19% para 8% entre as mulheres, ficando entre os campeões na redução do consumo de tabaco em todo o mundo, dado comemorado hoje (31), o Dia Mundial Sem Tabaco.
Em Jaraguá do Sul, o programa de controle do tabagismo promovido pela Secretaria de Saúde tem sido uma das principais ferramentas de apoio aos fumantes: 62% das pessoas que buscaram o atendimento deixaram o vício. Com tratamentos individuais e em grupo, o programa segue as diretrizes do Ministério da Saúde e oferece consultas e medicamentos para auxiliar no combate ao vício.
De acordo com a gerente de programas de saúde da Prefeitura, Joyce Ribeiro Bueno, o programa tem atingido resultados importantes nos últimos anos. Prova disso é o avanço no número de pessoas que conseguiram parar de fumar graças à iniciativa, que passou de 50,6% em 2015 para 62% em 2016, um incremento de 11,4 pontos percentuais. O número de pessoas que procuraram o auxílio da Prefeitura também cresceu: passou de 285 em 2015 para 419 em 2016. Já o índice de abandono caiu de 40,2% para 37% na comparação anual.
Segundo Joyce, a iniciativa oferece sessões semanais durante um mês e acompanha os avanços do indivíduo por até um ano, para garantir resultados mais eficazes. O programa também oferece medicação especializada, necessária na grande maioria dos casos – no ano passado, 95% dos usuários fizeram uso de remédios para parar de fumar. “Os medicamentos ajudam a tratar a abstinência e evitar as recaídas e são todos cedidos pelo município via SUS”, explica ela.
Este ano, a procura pelo programa ainda está baixa e somente um grupo com 13 pacientes deu início ao tratamento. Além disso, o maior problema continua sendo a falta de continuidade, já que a pessoa fica mais sucessível a recaídas, aponta Joyce. “Depende de muitos fatores, do organismo, da situação em que a pessoa está inserida, mas por se tratar de uma doença crônica que envolve os âmagos físico, psicológico e comportamental, é preciso uma abordagem intensiva”, destaca ela. O objetivo do programa este ano é atingir índice de recuperação de pelo menos 70%.
Câncer de pulmão é o que mais mata no município
Uma pesquisa publicada no final de abril pelo periódico científico The Lancet mostrou que em 2015 uma em cada dez mortes no mundo estavam relacionadas ao tabagismo. O hábito também está ligado ao tipo de câncer que mais mata em Jaraguá do Sul: o câncer de pulmão.
Segundo o coordenador de planejamento da Secretaria de Saúde, Luiz Fernando Medeiros, no ano passado 44 pessoas foram internadas na rede pública com a doença, sendo que 20 mortes foram registradas no município. “Em 2015 o índice de mortalidade deste tipo de câncer na cidade era de 17,71%, sendo que no Estado o número sobe para 19,22%”, contabiliza.
O câncer de pulmão está entre os mais perigosos por conta da dificuldade em fazer um diagnóstico precoce, aponta Medeiros. Pesquisas apontam que nos estágios iniciais, a chance de cura é de até 70%. Uma vez superados esses estágios, o índice não ultrapassa os 30%.
De acordo com a médica nutróloga Cristiane Molon, o principal motivo para o alto índice de mortalidade do câncer de pulmão é a demora dos pacientes em procurar ajuda. “Muitos sentem tosse ou pequenas dificuldades respiratórias, percebem o surgimento de feridas na boca, mas resistem em procurar atendimento, especialmente por que a maioria dos casos é em homens”, explica a médica. Em 90% dos casos, o câncer de pulmão tem relação com o uso de tabaco.
“A nicotina é uma substância psicoativa que causa muita dependência porque atua no sistema nervoso central. O efeito dela chega ao cérebro em sete segundos – para se ter uma ideia, o efeito da cocaína demora quatro segundos a mais. É algo muito intenso”, destaca ela.