A informação de que Jaraguá do Sul se destaca nacionalmente como a cidade mais pacífica do País quando o assunto é a taxa de assassinatos registrados a cada grupo de 100 mil pessoas é uma das mais lidas e comentadas nos veículos de comunicação e nas redes sociais da região desde o início da tarde desta segunda-feira (5), quando foi divulgada pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Com base nos índices de 2015, o levantamento aponta Jaraguá do Sul como a mais pacífica do país entre cidades com mais de 100 mil habitantes.
No Facebook do OCP, até por volta das 16h desta terça-feira (6) eram mais de 1.400 compartilhamentos e dezenas de comentários, onde os internautas se dividem entre aqueles que tecem elogios e reforçam o orgulho de morar em uma cidade com esta estatística e outros que discordam totalmente da informação.
Alguns leitores consideram que ficar divulgando este tipo de informação é negativo, pois pode atrair criminosos. Outros destacam ainda que a cidade não é tão pacífica assim, lembrando dos altos índices que o município registra em violência no trânsito ou de violência doméstica. Por isso, é importante frisar que a pesquisa é com base nas taxas de homicídio, que neste ano estão em três. Em 2015, foram dois homicídios na cidade e em 2016, seis.
Confira abaixo a reportagem de Ana Paula Gonçalves publicada na edição desta terça do OCP:
Município atingiu registrou menor índice de
homicídios, com 3,1 casos para cada 100 mil habitantes
Os dados divulgados nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Economia Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a cidade registrou cinco homicídios em 2015 — levando em conta óbitos causados por agressão mais intervenção legal. Com 163.735 moradores, o índice de homicídios é de 3,1 para cada 100 mil habitantes. Conforme registros das polícias Civil e Militar, o município teria registrado somente um homicídio naquele ano. O Ipea não informou qual base de dados foi utilizada para o estudo.
Do lado oposto, segundo aponta o Atlas, está o município de Altamira, no Pará, que ocupa o topo da tabela das cidades mais violentas, com taxa de homicídio somada a MVCI (Mortes Violentas com Causa Indeterminada) de 107. A pesquisa relaciona os resultados com a diferença de desenvolvimento nos municípios. Jaraguá do Sul e Altamira compreendiam populações de 164 e 108 mil residentes, com densidades demográficas de 268,8 e 0,65 habitantes por quilômetro quadrado, respectivamente.
“Além das diferenças demográficas e culturais, o Censo Demográfico do IBGE mostrava profundas distâncias entre esses dois municípios no que se refere aos Índices de Desenvolvimento Humano. Enquanto, em 2010, Jaraguá do Sul se encontrava num patamar alto de desenvolvimento (IDH = 0,803), Altamira situava-se num nível médio (IDH =0,665)”, diz o documento.
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Além disso, o percentual de indivíduos com 18 anos ou mais de idade com o ensino fundamental completo era de 68,7% em Jaraguá do Sul. Em Altamira, esse indicador era de 46,1%. A renda per capita de Jaraguá do Sul também era mais do que o dobro. “Contudo, ainda que as diferenças socioeconômicas entre dois municípios sejam profundas e sirvam para ilustrar o potencial papel que o estágio de desenvolvimento humano tem sobre a criminalidade violenta letal, elas não explicam tudo, naturalmente”, ressalta o levantamento.
Para o prefeito Antídio Lunelli, o resultado é reflexo de características do município. “O sucesso desse índice é um conjunto de ações do poder público, polícias e comunidade, que estão fazendo sua parte”, apontou. Para Lunelli, fatores culturais também influenciam, como por exemplo o trabalho feito por voluntários, desde os pequenos grupos do interior às grandes entidades.
A chefe de gabinete, Emanuela Wolff, completa dizendo que o desafio é manter as políticas públicas. “Boas escolas, níveis de saúde e assistência, é um trabalho que no conjunto aparece”, avalia. Segundo ela, apesar dos cortes e redução em recursos, o município não fechou serviços essenciais à população.
O presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Giuliano Donini, avalia os resultados da pesquisa sob dois aspectos. O primeiro, aponta o empresário, é a relevância com que o município aparece num contexto de violência que preocupa todo o país, refletindo o trabalho de mobilização que toda a comunidade tem feito no sentido de melhorar a segurança pública.
Alerta para busca de mais investimentos
O outro aspecto é o de alerta para que Jaraguá do Sul continue buscando retorno em investimentos junto ao governo do Estado, seja na estrutura em inteligência nos órgãos de segurança, como aumento de contingente da Polícia Militar e no quadro de delegados e investigadores da Polícia Civil.
“Ainda que o parâmetro do levantamento aponte especificamente para o quadro de homicídios, devemos considerar que é uma notícia positiva, ao mesmo tempo em que impõe um trabalho ainda maior de mobilização da sociedade, da qual a classe empresarial, por meio da Acijs, tem envidado esforços e historicamente colocado a segurança pública como pauta permanente”, pontua o empresário.
Violência mata mais que terrorismo
Diariamente, as notícias sobre os ataques terroristas no mundo chocam os espectadores e geram comoção em todas as partes do planeta. No entanto, o Brasil enfrenta sua própria guerra. “A nossa tragédia diária nos últimos anos atingiu contornos inimagináveis: em apenas três semanas são assassinadas no Brasil mais pessoas do que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017, que envolveram 498 atentados, resultando em 3.314 vítimas fatais”, informa o documento.
O país registrou, em 2015, 59.080 homicídios. Isso significa 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Os números representam uma mudança de patamar nesse indicador em relação a 2005, quando ocorreram 48.136 homicídios.
O RANKING DOS ESTADOS
– Os Estados que apresentaram crescimento superior a 100% nas taxas de homicídio no período analisado estão localizados nas regiões Norte e Nordeste.
– O destaque é o Rio Grande do Norte, com um crescimento de 232%. Em 2005, a taxa de homicídios no Estado era de 13,5 para cada 100 mil habitantes. Em 2015, esse número passou para 44,9.
– Em seguida, estão Sergipe (134,7%) e Maranhão (130,5%). Pernambuco e Espírito Santo, por sua vez, reduziram a taxa de homicídios em 20% e 21,5%, respectivamente. Porém, as reduções mais significativas ficaram em Estados do Sudeste.
– Em São Paulo, a taxa caiu 44,3% (de 21,9 para 12,2), e, no Rio de Janeiro, 36,4% (de 48,2 para 30,6).
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