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Surdos pedem mais sessões com legenda no cinema de Jaraguá

Por: Elissandro Sutil

01/02/2018 - 07:02 - Atualizada em: 02/02/2018 - 08:40

Passar algumas horas dentro do cinema é, para muitas pessoas, um refúgio na correria do dia a dia. Um filme pode provocar emoções, inspirar e até mesmo motivar transformações nos espectadores. Mas a compreensão de muitas dessas histórias trazidas nas telonas não chega aos 1.080 integrantes da Associação de Surdos de Jaraguá do Sul (ASJS) que, para acompanhar o enredo da obra, precisam de legendas.

Paulo Sérgio Praxedes Araújo afirma que o número de sessões com legenda diminuiu nos últimos anos | Foto Rafael Verch/OCP

O predomínio das sessões de filmes estrangeiros dublados e a falta de legendas nos nacionais resultou em uma solicitação formal à Arcoplex Cinemas por parte da ASJS. Conforme o diretor social e cultural do grupo, Paulo Sérgio Praxedes Araújo, o número de sessões com legenda diminuiu nos últimos anos. “Em reunião com o responsável pela unidade em Jaraguá, ele explicou que o público prefere assistir a obras dubladas, o que gera mais lucro”, comenta Araújo. Entretanto, a lei de acessibilidade, afirma Araújo, garante aos deficientes auditivos o direito de contar com linguagem adequada em exibições de cinema e em peças teatrais. “Isso é injusto porque pagamos o mesmo valor que o restante das pessoas. Elas riem, entendem o contexto, e nós não”, desabafa.

Araújo também é surdo e trabalha como professor. Com o auxílio da intérprete de Libras da secretaria de Educação, Clery Dreher, ele falou que mesmo com as barreiras, o público tenta apreciar os filmes exibidos. “Convidei um grupo de colegas surdos para irmos ao cinema, chegando lá, não tinha legenda no filme. Outro amigo intérprete fez a tradução das falas para nós, mas estava escuro e era difícil de entender”, relata.

O diretor ainda destaca que as obras infantis são as menos transmitidas com legendas. De acordo com Araújo, dos mil surdos que existem no município, pouco mais de 400 participam de atividades de lazer por receio de sofrerem preconceito. “Ainda falta conhecimento sobre a cultura do surdo”, acredita.

“Ainda falta conhecimento sobre a cultura do surdo”, acredita Araújo | Foto Rafael Verch/OCP

O diretor da associação também lamenta que as sessões com legenda são oferecidas nos últimos horários. “Quando o filme acaba já está muito tarde e não tem mais linha de transporte coletivo”, ressaltando a falta de condições de mobilidade urbana.

O gerente da Arcoplex em Jaraguá do Sul, Josimar Pedro dos Santos, recebeu o representante da associação de surdos na unidade nesta semana. Segundo ele, a direção irá avaliar as solicitações assim que a associação formalizar o pedido. “Já estamos planejando adiantar algumas sessões com legenda para horários mais acessíveis”, garante.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DISPONIBILIZA INTÉRPRETE GRATUITO PARA SURDOS 

Desde setembro, a secretaria de Educação de Jaraguá do Sul oferece gratuitamente o suporte de um intérprete para os surdos, além de fazer o serviço nas escolas municipais. A profissional Clery Dreher é quem faz o trabalho. Ela acompanha os deficientes auditivos em reuniões, consultas médicas, jurídicas e outras questões. Na tarde de ontem (31), por exemplo, Clery foi ao Detran (Departamento de Trânsito) junto com alguns integrantes da associação. Paulo Sérgio Araújo relata que, apesar de existir uma interpretação online durante as provas, a tradução é confusa e acaba prejudicando os alunos surdos na hora da avaliação. O serviço de intérprete funciona no horário dos órgãos públicos, podendo ser solicitado pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 2106-8214.

 

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP