Protestos dos caminhoneiros já têm reflexos em Jaraguá do Sul e região

Os protestos dos motoristas de caminhão autônomos chegaram ao segundo dia nesta terça-feira (22) e já apresentam reflexos no dia a dia dos moradores da região. Nesta manhã, as cidades de Jaraguá do Sul, Schroeder, Corupá e Guaramirim suspenderam o serviço de coleta de lixo.

Em consulta a gerentes de supermercados, foi constatado que já há problemas no abastecimento de produtos laticínios, hortifrutigranjeiros, frios e carnes congeladas. Apesar disso, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Santa Catarina (Sindipetro), ainda não há risco de desabastecimento de combustíveis nos postos.

O presidente do Núcleo de Transportadoras da Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul), Jean Ademir Garcia, acredita que não haverá grandes problemas de abastecimento na região. Para ele, o movimento que se instalou em Santa Catarina é ordeiro e tranquilo.

“Eu tenho caminhões no Nordeste que estão parados desde às 6h de ontem. E há cidades do Nordeste que já estão ficando sem combustível porque os caminhões não estão chegando. Os clientes estão abastecendo e não há reposição da gasolina”, comenta.

Um dos pontos de manifestação dos caminhoneiros foi instalado ainda na tarde de segunda (21), no quilômetro 21 da BR-280, em Araquari. Na mesma rodovia, no quilômetro 3, em São Francisco do Sul, um piquete foi formado na tarde desta terça. Nenhum veículo de carga passa no único acesso ao porto de São Chico.

Previsão de impacto em abastecimento é de até cinco dias de paralisação

Policiais acompanham início de protesto em posto de combustíveis localizado na BR-280, na zona urbana de Jaraguá do Sul | Foto Fábio Junckes

Início de protesto na BR-280 é acompanhado de perto

Em Jaraguá do Sul, um movimento formado por motoristas de caminhão, mais taxistas e motoristas do aplicativo Uber, começou a ganhar força no fim da tarde. A Polícia Militar foi até o local para garantir a ordem no protesto, assim como a Polícia Rodoviária Federal, mas não houve problemas.

A SC-108 também concentra uma parte do movimento. Além dos caminhoneiros, cerca de 50 produtores rurais participaram do protesto. O grupo se concentrou no posto Zandoná, na região de Massaranduba, e começou as atividades por volta das 9h. Logo os manifestantes começaram a desviar o tráfego de veículos de carga para o pátio do posto.

“Tem que participar para ver se alguma coisa muda no Brasil. Do jeito que está não dá. Estamos quase pagando para trabalha. O objetivo é parar. Caminhão não passa aqui. Todo mundo deveria entender. Quem sabe se as coisas começarem a falta, eles vão entender”, destaca o agricultor de Massaranduba Acir Tassi.

Situação chegou a um ponto crítico

O presidente do Núcleo de Transportadoras da Acijs, Jean Ademir Garcia, atribui o protesto ao preço abusivo de combustíveis praticado pela Petrobras. Ele diz que, em algumas operações, o valor gasto com o óleo diesel chega a representar 50% do frete. Segundo ele, o combustível é o maior gasto dentro de uma transportadora.

“O diesel tem sofrido um aumento muito grande e de forma diária. Se você fecha um valor de um frete hoje e, se essa operação for daqui a 15 dias, você pode se deparar com outro preço do combustível”, descreve, ao citar a política de reajuste de preços diários praticado pela Petrobras.

Ele prevê que haverá impacto no fluxo de produção, comprometendo a conservação de produtos perecíveis, o cumprimento de prazos contratuais internacionais, o atraso no abastecimento do mercado interno, entre outros prejuízos.

Fiesc envia carta de apelo do ministro dos Transportes

Outra entidade preocupada com os rumos da alta dos preços do óleo diesel e os desdobramentos para o setor produtivo é a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). A federação tem recebido manifestações de empresas do setor relatando problemas com a mobilidade de cargas e pessoas em função do movimento dos caminhoneiros.

“Esperamos que governo e caminhoneiros cheguem a uma rápida solução para o impasse, para evitar vultosos prejuízos à indústria e ao País”, disse o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.

Em ofício ao ministro dos Transportes, Valter Casimiro Silveira, a Fiesc destacou que no momento atual a paralisação será mais um duro golpe na competitividade da indústria nacional e motivo de maior encolhimento da arrecadação tributária. No documento, a Fiesc solicita o estabelecimento de negociações para superar o impasse e providências para evitar bloqueio nas rodovias.

Paralisação da entrega do lixo

A Serrana Engenharia e a Ambiental realizaram a paralisação do transbordo do lixo de quatro das cidades pertencentes à região. A Serrana explica que estão com duas carretas paradas nas manifestações, sendo uma em Mafra outra em Rio Negrinho e quatro carretas carregadas na Estação de Transbordo em Nereu Ramos, em Jaraguá do Sul.

“O Samae reforça que o lixo não seja colocado nas ruas para evitar acúmulos de sacos. Que neste momento possam ser bem acondicionados e mantidos dentro das residências. Pedimos a compreensão dos jaraguaenses e afirmamos que estamos todos empenhados numa solução rápida para esta situação”, comenta nota divulgada pela autarquia.