Prefeitura de Balneário Camboriú confirma que não permitirá a Parada da Diversidade

Por: OCP News Jaraguá do Sul

22/09/2017 - 18:09 - Atualizada em: 25/09/2017 - 18:27

No momento em que todo o País se lança em uma discussão nacional sobre preconceito em relação à homossexualidade, motivada pela decisão do juiz da 14ª Vara do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, que havia autorizado, em caráter liminar (provisório), que três psicólogos possam atender a eventuais pacientes que busquem terapia para reorientação sexual, a Prefeitura de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, vem atiçar ainda mais polêmica ao anunciar que voltou atrás e não permitirá mais a realização da Parada da Diversidade, agendada para 12 de novembro.

Ao voltar atrás na decisão, a Secretaria de Turismo informou à organização que o município “não tem interesse” e não vai permitir o evento. O secretário Miro Teixeira disse que o planejamento inicial incluía um evento de discussão LGBT em um hotel, que teria sido excluído da programação, e por isso entende que a Parada da Diversidade “não apresenta apelo turístico e econômico para a cidade”. Para o secretário, sem evento paralelo, não interessa a Balneário Camboriú um evento que só deve mesmo atrapalhar o trânsito. Segundo ele, outros eventos particulares foram proibidos este ano pelo mesmo motivo.

A decisão da Secretaria de Turismo do balneário, que é um dos destinos turísticos preferidos do público gay do país, contradiz números do Ministério do Turismo, que aponta o público gay como um dos que mais investe em turismo. De acordo com o governo federal, neste ano, em São Paulo, a ocupação dos hotéis na região da avenida Paulista chegou a 90% durante a parada, o que gerou R$ 2,4 milhões por dia.

Outro número, apresentado pelo Observatório do Turismo e divulgado pelo ministério, mostrou que o gasto médio de um participante da Parada da Diversidade, contando despesas com hospedagem, alimentação, transporte e lazer, é de R$ 1,5 mil.

Enquanto Balneário Camboriú quer afastar o público LGBT, a capital catarinense, Florianópolis, a cerca de 100 km de distância, é uma das cinco capitais brasileiras mais queridas pelo público gay. A cidade também é adorada pelo público gay não só pela paisagem litorânea, mas por ações implantadas desde 2009, como a lei contra a discriminação em público. “É um destino com muitas opções de hotéis, restaurantes e praias gay friendly”, diz Cleiton Oliveira, sócio da AllOver Tour. A Praia Mole é uma das favoritas dos turistas. Há também muitos eventos voltados ao público LGBT, como a Parada da Diversidade realizada em setembro.

Não fosse a mudança de posicionamento na Prefeitura de Balneário Camboriú, seria a primeira vez em seis anos que a Parada da Diversidade ocorreria sem contratempos. Desde 2012, o evento depende de mandados de segurança expedidos pelo Ministério Público de Santa Catarina.E o promotor Rosan da Rocha, responsável pela 6ª Promotoria de Justiça do município, vai intervir na tentativa de um acordo para garantir o direito de manifestação.

Manifestações confirmadas em Florianópolis e Joinville

Enquanto Balneário Camboriú dispensa os turistas gays, pelo menos duas manifestações contrárias à liminar do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, que autoriza a utilização de terapias de reorientação sexual  em lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgênero (LGBT) estão programadas para este fim de semana em Santa Catarina.

A primeira delas inicia logo mais, às 18h30 desta sexta-feira (22), em Florianópolis. O evento “Chuva de Glitter – A comunidade LGBT resiste!”, espera reunir em torno de 5 mil pessoas no Largo da Alfândega, no Centro. “Nós, comunidade LGBT, temos o direito de amarmos sem temer, de existirmos a partir de nossas diferenças e de ocuparmos espaço com muito amor e cores. Nosso amor não é doença”, enfatizam os ativistas nas redes sociais.

No sábado (23), em Joinville, haverá outro protesto com o mesmo objetivo. O encontro dos manifestantes acontecerá às 16h, nos jardins do Museu de Arte de Joinville (MAJ).