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O ponto de vista de quem acompanha a evolução do jornal

Viúva de Eugênio Schmöckel, Brunhilde auxiliava o marido a confeccionar o jornal. Ela buscava informações sobre os falecimentos e os nascimentos em Jaraguá do Sul, e ele escrevia os textos - Foto: Rafael Verch/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

10/05/2016 - 04:05 - Atualizada em: 12/05/2016 - 07:43

Faz mais de meio século que a rotina diária de Brunhilde Schmöckel, 82 anos, começa com a leitura do jornal O Correio do Povo. Primeiro, ela passa os olhos para conferir as matérias. Depois, sentada em sua banqueta, volta com atenção para cada página e explora todo o conteúdo. Mais do que buscar informações do que acontece em Jaraguá do Sul e região, a leitura é a forma de acompanhar parte de sua própria história.

Com ideias, orientações e informações, Brunhilde foi a retaguarda do jornal por anos. A viúva de Eugênio Schmöckel, diretor do impresso por 46 anos, participou ativamente de muitos processos e mantém na memória momentos importantes do jornal mais antigo em circulação de Santa Catarina. “Era como um filho, eu amo O Correio do Povo até hoje. Se o jornal não chega, parece que atrasa o meu dia todo”, admite Brunhilde. A direção do veículo foi assumida pela família Schmöckel em 1958, três décadas após a fundação. Da época em que jornal era minunciosamente montado, letra por letra, para a impressão em gigantescas máquinas italianas, a família seguiu até 2004, quando os processos já tinham sido modificados com a chegada dos computadores e impressoras.

Brunhilde aponta as diferenças. Desde o visual das páginas, que são modernizadas anualmente, até a rotina de trabalho na redação. Na época, o jornal era semanal. Cada jornalista preparava seu texto que depois era montado pelo operador do linotipo – máquina que fazia composição de peças de chumbo para impressão. Tudo que acontecia era acompanhado de perto por seu Eugênio, lembra dona Brunhilde, que muitas vezes passava a madrugada no escritório no dia em que o jornal era impresso. As notícias eram levadas à redação ou nas ruas por quem conhecia o casal. De certa forma, Brunhilde atuou como repórter, já que não deixava de colher informações aonde quer que fosse. Ela se interessava em especial pela parte social, em falar de momentos importantes na vida de pessoas que viviam no município. “A gente era muito conhecida, Jaraguá do Sul não era do tamanho que é hoje, era tudo diferente, então as informações chegavam até a gente. Todo bebê que nascia eu visitava e trazia junto tudo anotado. Nos enterros, eu fazia o necrológio, eram colocadas informações sobre a vida das pessoas. Eu passava a informações e ele (o marido) escrevia os textos”, recorda.

Os momentos importantes dentro do jornal foram muitos, mas também houve desafios. A ‘dedicação e teimosia’ de Eugênio são apontadas pela viúva como motivos que a levaram a enfrentar cada problema. “Foi difícil, a gente teve ajuda de várias pessoas. Jornal em lugar pequeno era muito difícil de sobreviver. Muitas vezes o pessoal não lê e não dá o devido valor. Como dizia o meu marido, as pessoas não sabem valorizar quanto custa um jornal e o quanto é difícil fazer”, destaca.

Sem a existência de O Correio do Povo, Brunhilde acredita que muitos fatos importantes de Jaraguá do Sul teriam se perdido. O acervo formado por cada edição do impresso registra a história da cidade e forma um retrato da população. Tanto a importância, que o Arquivo Histórico do município leva o nome de Eugênio Schmöckel, ressaltando seu papel como jornalista e historiador. Para Brunhilde, ver o jornal nas ruas até hoje é uma imensa satisfação. “Ele (Eugênio) ficaria muito feliz de ver o jornal com tantos anos, moderno”, disse. Ela lembra que inúmeras pessoas passaram pela redação, pela área comercial ou contribuíram de alguma forma para a publicação se manter. Agora, dona Brunhilde anseia por ver O Correio do Povo atravessar um século de existência.

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OCP News Jaraguá do Sul

Publicação da Rede OCP de Comunicação