Números da PM dão dimensão de movimento dos caminhoneiros em SC

700 escoltas, 200 mil quilômetros rodados, 180 pontos de paralisações em estradas que cortam 134 municípios catarinenses. Os números divulgados pela Polícia Militar de Santa Catarina após onze dias de paralisação dos caminhoneiros dão a dimensão do movimento no Estado. Isso sem contar os dados da Polícia Rodoviária Federal, cuja função é monitorar as rodovias federais.

Utilizando a ferramente da mapas do Google, a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) atualizou a localização de cada um dos movimentos nas estradas estaduais. A PRF, por sua vez, atualizou a população por meio da sua conta no Twitter e compartilhou a situação das rodovias federais por um grupo de WhatsApp da imprensa. Apenas nos últimos dias, por ordem da superintendência nacional, as informações concentraram-se em Brasília.

Segundo as polícias, até o fim do feriado de Corpus Christi (31), não havia mais bloqueios nas estradas catarinenses. O uso das forças armadas que foi determinado pelo presidente Michel Temer em rede nacional e sob ecos de panelaços, cujo intuito seria desobstruir rodovias, acabou servindo de escolta aos manifestantes que desejavam ir embora.

No sétimo dia de paralisação, quando o combustível, os insumos e os alimentos pararam de chegar até o consumidor, o presidente veio a público e prometeu desconto de 46 centavos no litro do óleo diesel e congelamento do valor por 60 dias, suspensão da cobrança de eixo suspenso (quando o caminhão trafega sem carga), garantia de 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento, e tabela mínima de frete.

Desde que o valor do petróleo passou a flutuar com mais instabilidade por causa do dólar, no início do ano, o caminhoneiro autônomo de Joinville, Osni Capraro, 57 anos, colecionou prejuízos sobre o valor do frete, que, segundo ele,  não acompanha as alterações de preço do combustível e muito menos os altos valores dos pedágios.

“Sem contar a manutenção do caminhão que é caríssima. É complicado trabalhar como motorista autônomo hoje em dia”, lamentou o trabalhador.

Em Santa Catarina, não houve registro de bloqueio de estrada, apenas de retenção de veículos de cargas às margens das rodovias. As próprias polícias que atuam no Estado deram conta dos comboios sem necessitar de apoio da Força Nacional.

Porém, nos últimos dois dias, grupos simpatizantes da causa dos autônomos aproveitaram a deixa para protestar contra a corrupção e o governo. Embora a iniciativa de apoiar os caminhoneiros fosse legítima, a desmobilização do movimento tornou-se uma ameaça em duas situações pontuais que terminaram em conflito em Biguaçu, na Grande Florianópolis, e Imbituba, no Sul do Estado. Mesmo caminhoneiros e um carro com criança à bordo acabaram apedrejados.

Os dois pontos críticos de manifestação foram controlados entre a noite de quarta (30) e a madrugada de quinta-feira (31). Em Imbituba, 23 pessoas foram detidas por resistirem à ordem de liberar a rodovia.

A expectativa da PM, que participou do grupo de gerenciamento de riscos e desastres, é de que o abastecimento de combustíveis seja normalizado até o fim de semana. Pelo menos 1,2 milhão de litros de gasolina saiu da distribuidora da Petrobrás, em Antônio Carlos (próximo a Biguaçu).

A distribuidora de Içara, que operou com 11% da capacidade de combustível, retornou a normalidade nesta quinta-feira, com liberação dos caminhões tanque. Já a distribuidora de Itajaí opera com 70% da sua capacidade.