No sítio da família Zimmermann, produção é totalmente orgânica

Por: Elissandro Sutil

06/03/2018 - 07:03 - Atualizada em: 07/03/2018 - 07:11

A ideia de ficar parado não era uma opção para Tomé Zimmermann, hoje com 65 anos, quando se aposentou em 2005. Ele queria conquistar qualidade de vida e um local para momentos de lazer, mas acabou conseguindo transformar a sociedade ao seu redor. Com suporte da mulher, Neuzeli de Lima Zimmermann, 56, construiu um sítio 100% orgânico na localidade do Jacu-açu, entre Guaramirim e Massaranduba.

O plantio no local começou em 2008 e já tem mais de 1.500 árvores e 200 espécies diferentes, todas espalhadas pela propriedade. O objetivo do casal é que até 2020 o espaço esteja preparado para ser um sítio-escola, recebendo a visita de instituições e entidades para o ensino. Conforme Zimmermann, ainda faltam algumas questões de logística e de identificação das árvores. Um grupo de turismo rural acompanhou a visita da equipe de reportagem do OCP à propriedade.

Cambucá | Foto Eduardo Montecino/OCP

O foco do casal são as árvores frutíferas, que são cultivadas sem agrotóxicos. Entre as espécies que compõem o cenário, estão as tradicionais goiabas, bananas, mamão, pitanga e acerola. Já as exóticas, são um atrativo à parte. No local, é possível conhecer a fruta lulo, siriguela, goiaba roxa, mamão do Chile, pitaia, cambucá, jambo, cambuci, urucum e outras. Em meio a tanta variedade, Neuzeli aponta a pitaia como sua fruta preferida.

Goiaba roxa | Foto Eduardo Montecino/OCP

“A gente ganha muitas mudas dos nossos amigos, eles sabem que a gente gosta. Meu filho também traz das viagens que ele faz, como para a Ásia”, conta Zimmermann, pai do escritor e cronista do OCP, Charles Zimmermann. Para o casal, as espécies desconhecidas são um desafio, tanto no sabor, como no modo de cultivar.

Neuzeli aproveita as frutas para fazer geleias e licores, além de fabricar cachaça e melado no engenho próprio | Foto Eduardo Montecino/OCP

Neuzeli comenta que algumas mudas não se adaptaram à região, como a do mangostão, conhecido como a fruta mais saborosa do mundo. “Agora estamos tentando plantar castanha do Pará”, conta.

Os dois se especializaram em produção orgânica antes de dar início ao cultivo. “No começo, foi difícil plantar e cuidar da planta sem nenhum agrotóxico, mas depois, aprendemos que este modo de cultivo exige mais cuidado e conhecimento, além de dedicação”, comenta Neuzeli. Zimmermann completa que a natureza é sábia e que ainda não sofreu problemas com infestações.

Todas as receitas são livres de agrotóxicos

Com as frutas, eles também produzem geleias, temperos, licores, desidratados, conservas, melado e cachaça, que, inclusive, é fabricada no engenho que existe dentro do sítio. Nas receitas, todos os ingredientes não contêm agrotóxicos. Os itens preenchem o estoque do casal e são comercializados em feiras orgânicas organizadas pela região.

Receitas são livres de agrotóxicos | Foto Eduardo Montecino/OCP

Espécies conhecidas pelos brasileiros, como o pau-brasil, o jequitibá e a “fruta do milagre”, conhecida por alterar o paladar após determinado tempo, também estão presentes no sítio. “Sempre vai ter alguma fruta pra cuidar. Se tiver que acordar às seis horas da manhã, nós vamos. Às vezes, falta tempo pra cuidar de todos os pés”, aponta Zimmermann.

O casal sabe detalhes do plantio de cada espécie da propriedade, incluindo seu sabor e substâncias medicinais. Um dos destaques, conforme Neuzeli, é a graviola. “Muita gente me pede ela desidratada, dizem que faz bem para quem tem câncer”, revela.

No sítio ainda existem duas lagoas, onde Neuzeli e Zimmermann criam peixes. Alguns são entregues para um pesque-pague próximo. Perus, galinhas, patos e cachorros são outros animais que vivem no local. Zimmermann, além de produtor, é presidente do Sindicato Rural de Massaranduba.