Por Heloísa Jahn
Em dez minutos de passeio pelas salas do Museu Emílio da Silva é possível aprender muito sobre Jaraguá do Sul. Com um pouco mais de tempo, a viagem é ainda mais rica em conhecimento. Com 76 anos de existência, o museu, localizado na praça Ângelo Piazera, no Centro da cidade, guarda em cada parte da sua estrutura, da construção até a utilização do espaço e nos mais de 1,6 mil objetos, a história de origem do município.
Indústria, comércio, personalidades importantes – como o próprio patrono da entidade –, etnias, costumes e tradições estão representados no interior e no exterior do antigo prédio que fala do desenvolvimento no contraste com as edificações mais novas. Paredes que discorrem silenciosamente sobre a evolução da fase da colônia, do distrito até a criação do município que este ano completa 141 anos, mostrando como Jaraguá chegou aos dias atuais. Tombado como patrimônio histórico, o prédio foi construído para abrigar a Prefeitura, Câmara de Vereadores e Fórum. A administração municipal funcionou no local de 1941 até o final dos anos 90.
A chefe dos museus municipais, Ivana Cavalcanti, lembra que o museu passou a ocupar esse espaço apenas em 2001, mas sua história começou bem antes. “Em 1971, o prefeito na época, Eugênio Victor Schmöckel, criou a lei instituindo a Biblioteca Pública, Arquivo Público e o Museu Histórico, que depois teve o nome alterado. No centenário do município também foi montada uma exposição, que depois ficou guardada por anos, contando a história da cidade. Por um tempo, o museu funcionou em outros lugares até que começou a funcionar aqui”, explica.
O prédio destacou ainda mais a relevância da conservação histórica. Em todo esse tempo, o local recebeu mais de 217 mil visitantes. Um público, em sua maioria, formado por estudantes. O museu até já foi palco de um casamento, em agosto de 2005.
São oito salas temáticas, dividas no piso superior e inferior, com exposições permanentes. “Temos a sala de educação, imagem e som, a Emílio da Silva que traz móveis, roupas e objetos usados por ele, a de transportes, religião, Schützenfest, telecomunicações, indústria, farmácia, colonizadores, a sala original onde o Fórum funcionava. Tudo contando a história da cidade”, explica Ivana. Há ainda um espaço para exposições temporárias e uma sala da ação educativa.
Doações constroem o acervo
Todos os cerca de 1,6 mil objetos expostos – muitos ainda não foram catalogados – e outras 1.694 peças na reserva técnica foram doados pela comunidade ou empresas jaraguaenses. Todos contam com um histórico da peça e do que representa para quem doou. “As pessoas têm confiança em deixarem suas memórias guardadas aqui, porque além de contar um pouco sobre o município, eles significam muito para a pessoa ou a família que doou”, conta.
Um dos casos é a recente doação de uma bicicleta. Ivana conta que o alfaiate Gervásio da Silva disse não poder mais andar com a relíquia, que serviu como meio de transporte por muitos anos, e decidiu doá-la para o museu. Porém, ele vai frequentemente até o local para ver como está a “magrela”. “As peças são carregadas de valor afetivo. Cabe a nós a responsabilidade de cuidar, dar continuidade à essas histórias e preservar esses materiais”, enfatiza. Ela lembra que o museu aceita doações de objetos antigos e que tenham valor histórico.