Moradores da zona rural de Jaraguá do Sul reclamam de falta de telefonia e internet

Norma Radoll Sklarske chegou a ficar semanas sem telefone porque apesar de solicitar manutenção, a empresa não apareceu | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

02/04/2019 - 05:04

A fiação quase escondida pelo mato ao lado da rua é apenas um dos problemas pelos quais passam os moradores da zona rural de Jaraguá do Sul. Além da chance de ocasionar acidentes, a falta de manutenção contribui para um dos principais problemas no bairro Garibaldi: interferência no sinal de telefonia e internet.

Há registro, de pelo menos oito meses atrás, de queda de postes que até hoje não foram recuperados, o que potencializa uma situação que se tornou rotina: a falta de serviço ou de manutenção, quando o sinal de telefonia está ativo.

A distância entre o Centro e o bairro da zona rural é de aproximadamente 20 quilômetros, devido ao afastamento da comunidade, a comunicação se torna ainda mais importante, ressalta a comerciante Marcilene Kreutzfeld, 39 anos.

Ela, que mudou de operadora de serviço há aproximadamente um ano, afirma não ter do que reclamar hoje, mas já sofreu e vê os vizinhos sofrendo diariamente com a instabilidade do serviço, quando ele é ofertado.

“Há um ano nós mudamos e hoje o telefone e a internet funcionam, mas lá na mãe, por exemplo, chega a ficar 15 dias sem telefone e sem que ninguém venha arrumar”, diz.

O comércio dela serve como ponto de ligação para os vizinhos que não tem o serviço a disposição. “Tem muita gente que vem aqui usar porque em casa não funciona e acabamos ajudando porque aqui pega bem e sabemos que é raridade”, conta.

Para ela, as operadoras “se acomodaram” e “exploram” os usuários. “O pessoal reclama, liga e ninguém vem arrumar, mas a cobrança sempre vem sem desconto e não é uma pessoa ou duas reclamando, é todo mundo”, salienta.

Vereador Eugênio Juraszek mostra os fios que ficaram soltos após queda de poste | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Marilene afirma que, além de não ofertar o serviço, as operadoras não dão a devida assistência àqueles que conseguiram acessar tanto telefonia quanto internet. “Entendemos que problemas podem acontecer, mas a assistência não existe aqui”, finaliza.

A instabilidade e pouca qualidade do serviço atingem também a aposentada Norma Radoll Sklarske, 68 anos, que passa semanas sem conseguir utilizar o telefone na propriedade rural na qual mora com o companheiro.

Ela conta que passou meses sem conseguir utilizar a linha e, apesar de entrar em contato insistentemente, não obteve resultado. “Ligo para eles, mas não vem ninguém. Eles poderiam ao menos vir dar uma olhada”, reclama.

Outro fator que, segundo ela, demonstra a falta de atenção das operadoras são as constantes quedas após temporais. Norma conta que “se tem trovoada, pode contar que no outro dia não tem telefone”.

Para o vereador Eugênio Juraszek, o problema afeta muitas pessoas e exige um posicionamento das empresas que, segundo ele, já foram procuradas.

“Eles sequer têm representante em Jaraguá do Sul, mas eu já entrei com reclamação no Procon porque isso atrapalha todo mundo, agricultores, moradores, empresários que precisam de internet, telefone, tudo. As empresas ficam sem ter como entrar no sistema, emitir nota, os agricultores não conseguem pedir insumo, os moradores não conseguem se comunicar. Isso é um absurdo, a comunicação é essencial”, analisa.

Segundo ele, são cerca de 2,5 mil pessoas que moram no bairro e nas proximidades são afetadas pela falta de serviço ou de manutenção.

“É uma questão comercial, foge da alçada pública”

As reclamações sobre o serviço de telefonia e internet são diversas na zona rural, mas para o secretário de Desenvolvimento Rural, Daniel Peach, a questão foge do controle público porque se trata de um serviço privado ofertado pelas empresas. “É uma questão comercial, foge da alçada pública”, explica.

Segundo ele, até houve uma reunião entre representantes do município e algumas empresas de internet no ano passado.

“Fizemos uma reunião, mas a dificuldade deles é mesmo de transmissão do sinal porque é necessário instalar várias antenas para retransmitir e como a região é de muito morro, declive, precisa ter vários pontos e eles precisam analisar a viabilidade financeira”, diz.

Peach conta que as empresas se comprometeram em realizar um estudo que analisaria a viabilidade, impacto e retorno para disponibilização do serviço, mas ressalta que essa é uma decisão da empresa.

O secretário afirma ainda que uma opção seria o serviço via satélite e, neste sentido, o vereador Eugênio Juraszek deve apresentar projeto de lei para facilitação deste serviço na área rural.

 

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