
Menores são as principais vítimas de estupro em Jaraguá

Geral
quarta-feira, 04:00 - 15/06/2016

A União Brasileira de Mulheres (UBM) de Jaraguá do Sul realiza hoje (15), às 17h, na Praça Ângelo Piazzera, o segundo Ato pelo Fim da Cultura do Estupro. A nova mobilização foi motivada pelo caso de estupro de uma menina de 10 anos, registrado na semana passada, em Massaranduba. Na ocasião, um homem raptou a vítima Jaraguá do Sul e a levou até um bananal na cidade vizinha, onde abusou da criança. Por enquanto, a investigação segue sob sigilo.
Segundo dados da Delegacia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Jaraguá do Sul, 70,5% dos casos de estupro registrados no município envolvem menores. Até o dia 31 de maio, foram 34 boletins relacionados à violência sexual, cinco deles envolvendo adolescentes, 24 relacionados a crianças menores de 14 anos e cinco envolvendo mulheres adultas.
Os números de estupro crescem a cada ano na cidade. Em 2013, foram registrados 46 boletins de ocorrência na delegacia, número que subiu para 50 em 2014 e para 68 no ano passado. “A maioria dos nossos casos de violência sexual envolvem crianças menores de 14 anos e estão vinculados ao ambiente doméstico e familiar”, detalha a delegada Milena de Fátima Rosa. No ano passado, 43 dos 68 boletins registrados na delegacia eram relacionados ao estupro de vulneráveis, o que representa 63,2% do total de denúncias.
De acordo com a presidente da UBM, Mariana Pires, o intuito do novo ato é ampliar o debate e mostrar que o problema faz parte da realidade local. “Diferente do primeiro ato, que foi uma passeata, desta vez iremos realizar uma vigília na praça, para debater e conversar sobre o assunto. Temos que entender que é preciso falar sobre isso e sobre como este problema também acontece aqui na nossa região, do nosso lado, no nosso bairro”, afirma. Durante o ato serão acesas velas para representar a gravidade do crime e as cicatrizes que as vítimas carregam por toda a vida.
Para Mariana, é preciso quebrar certos tabus e mostrar que é preciso denunciar. “Existem dados que mostram que de cada caso registrado, muitos mais são omitidos, por vergonha, opressão ou até culpa. Por isso a importância de debater este tema polêmico que é o estupro e a violência contra a mulher. É a informação que vai nos ajudar a evitar novos casos”, destaca Mariana.
Segundo estimativa do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2014, apenas 35% dos casos são registrados em boletins de ocorrência, o que significa que 65% dos casos nem sequer entram nas estatísticas. Outro estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fala em apenas 10% dos casos notificados e estima que mais de 500 mil pessoas sejam estupradas por ano no país.
No primeiro ato realizado pela UBM em Jaraguá do Sul, que aconteceu no dia 4 de junho, cerca de 200 pessoas participaram da passeata. A expectativa é de que cerca de 100 pessoas participem do novo ato.

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