Há uma semana, o relato tocante de mais uma vítima da violência contra a mulher mobilizou o país. Eva Luana da Silva, 21 anos, fez cinco publicações em seu Instagram revelando o pesadelo que viveu com o padastro nos últimos oito anos.
Estupros, agressões e torturas eram acontecimentos diários. Desde então, a baiana já recebeu mais de dois mil depoimentos de abuso na sua rede social.
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A história, que se repete com tantas outras mulheres, foi a inspiração para oito jovens de Jaraguá do Sul que participaram do “Global Legal Hackathon”, uma maratona de desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas à Justiça.
O evento aconteceu no fim de semana, na 23ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Jaraguá do Sul.
Juntos, eles criaram o projeto Eva Bot, que busca facilitar as denúncias de abusos e violência contra as mulheres.
A ferramenta funcionará 24 horas por dia como uma forma de atendimento online automatizado via WhatsApp, onde vítimas ou terceiros podem solicitar informações e fazer relatos sobre situações abusivas.
As mensagens, respondidas de forma automática, estarão vinculadas a um banco de
dados supervisionados por uma plataforma colaborativa de profissionais especializados em
atendimento e acolhimento de mulheres violentadas, como advogados, psicólogos e médicos.
Uma das integrantes do grupo Eva, Bruna Martins, declara que “não teve dúvidas que queria levantar essa bandeira” no Global Legal Hackathon. “Esta pauta [violência contra a mulher] sempre vai ser pertinente”, declara.
Bruna comenta que ao ler o depoimento de Eva Luana, ficou horrorizada e frustrada por saber que na primeira denúncia feita pela vítima, ela foi coagida e teve que conviver com os abusos pelos oito anos seguintes.
“É difícil a vítima ter consciência e coragem de denunciar. A mulher precisa ter todo o estímulo para levar o caso até o fim”, aponta.
Nas pesquisas feitas pela equipe, os jovens identificaram que as 73 mil denúncias de violência contra a mulher feitas em 2018 no Brasil, representam apenas 33% dos casos estimados.
Conforme a integrante, o Eva Bot serviria para atender as 67% de mulheres que não se sentem confortáveis com as formas atuais de denúncia. A ferramenta não seria voltada para as situações emergenciais, quando o indicado é entrar em contato com o 190.
Além de Bruna, fazem parte da equipe: Vinícius Guilherme Dal Magro, Patrícia Aparecida Carlet, Pamela Carlet, Frederico Hulbert, Sabrina Porfírio de Andrade, Rafaela Bueno e Odirlei Nogueira Dias. Eles atuam na área de direito, design e programação.
Como contribuir com a iniciativa
O grupo Eva ficou em segundo lugar no Global Legal Hackathon. Com a colocação, a equipe ganhou um incentivo financeiro no valor de R$ 3 mil para viabilizar o projeto, além de um ano de suporte na aceleradora de startups do Centro de Inovação.
Como o recurso não é suficiente para montar a plataforma de atendimento, os jovens também fizeram uma vaquinha online para arrecadar R$ 5 mil.
“Entramos em contato com advogada da Eva para ter a autorização de usar o nome dela e ver se é possível ela divulgar o projeto para termos mais apoio”, explica Bruna.
Desde domingo (24), o grupo recolheu mais de R$ 800. Você pode ajudar a iniciativa clicando aqui.
“Temos apoio de diferentes profissionais. Nosso objetivo é fazer provocar um tsunami de denúncias e ajudar as mulheres”, completa.
Sobre o Global Legal Hackathon
A maratona global de desenvolvimento, que contou com apoio da Prefeitura de Jaraguá do Sul, somou 54 horas em mais de 60 cidades do planeta.
No Brasil, a edição 2019 ocorreu em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Florianópolis, Balneário Camboriú e Jaraguá do Sul.
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