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“Uma mulher pode passar mais confiança”, afirma nova delegada da DPCAMI de Jaraguá do Sul

Claudia conta que foi bem acolhida na cidade | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Claudio Costa

16/02/2019 - 05:02

Nascida em Recife, em Pernambuco, a delegada Claudia Cristiane Gonçalves de Lima, 32 anos, assumiu nesta semana o comando da equipe da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Jaraguá do Sul.

Formada em direito pela Universidade Federal de Pernambuco, ela passou no concurso para delegada de Polícia Civil em 2014.

Claudia foi chamada em 2016 e fez o curso na Academia de Polícia (Acadepol), em Florianópolis, onde se formou no fim do ano.

Ainda naquele ano, começou a carreira atuando em Garuva. Em 2017, foi transferida para Joinville, onde ficou lotada na 5ª Delegacia de Polícia Civil, no bairro Vila Nova.

A delegada conta que foi bem acolhida na cidade e que ouviu falar que o povo de Jaraguá do Sul era ordeiro. Claudia espera dar continuidade ao trabalho já feito pelo seu antecessor, delegado Leandro Mioto, mas com uma roupagem nova, por ser mulher.

Ela afirma que vai manter o que está dando certo e, posteriormente, buscar soluções para melhorar o atendimento na delegacia especializada.

Delegada acredita que violência contra mulher é decorrente de uma cultura machista | Foto Eduardo Montecino/OCP News

A DPCAMI passou por uma reforma, com novos banheiros e readequação dos espaços, com cabines para ouvir com mais privacidade. A nova delegada gostou das mudanças recém implantadas pelo delegado Mioto e acredita que o local está mais acolhedor.

Confira a entrevista com a delegada

A violência doméstica é um dos maiores problemas de segurança no Estado e Jaraguá do Sul não está fora desse panorama. Qual a análise que você faz sobre a violência contra a mulher?

A violência contra a mulher é decorrente da cultura do machismo. É preciso trabalhar para mudar essa cultura. É preciso também fazer reuniões com as mulheres e, inclusive, com os homens.

 

Creio que isso seja uma semente para a geração futura, pois as escolas estão debatendo, a sociedade está debatendo o tema e a Polícia Civil não está aquém disso.

 

A Polícia Militar também debate a violência contra a mulher e atua através do viés investigativo.

 

Para implementar essa mudança de cultura, é preciso também combater firmemente essa violência para dar uma resposta para a sociedade e diminuir os números.

 

Através do exemplo da punição, outros não vão querer cometer esses atos delituosos.

Jaraguá do Sul tem um número de estupros, inclusive de menores e crianças, muito grande. Como a Polícia Civil pode combater essa violência de forma mais incisivamente?

A violência sexual também é uma questão cultural, mas é preciso que a Polícia Civil passe mais confiança para a sociedade para que ela chegue até nós.

 

Temos que mostrar que estamos atuando e que temos condições de proteger essa vítima.

 

Ela precisa se sentir acolhida para relatar o que aconteceu e o delinquente punido. A Polícia Civil está aberta e está do lado da vítima.

O delegado titular anterior era homem. Você acha que é melhor ter uma mulher no comando da DPCAMI?

Eu acho que o delegado Mioto desempenhou o papel dele com muita excelência e sensibilidade.

 

Mas, talvez, mulheres, crianças, idosos e adolescentes se sintam mais acolhidos por uma figura feminina, mais delicada, e passando a confiança de que é uma policial.

 

Uma mulher, talvez, possa passar mais essa confiança para as pessoas.

 

Nós, mulheres, independente da profissão, sofremos com questões machistas durante toda a nossa vida. Eu não sofri nenhuma situação de abuso ou mesmo de violência, mas posso me colocar nesse lugar de pessoa mais frágil, de certa submissão.

 

Assim eu acho que posso dar uma cara diferente e, com sensibilidade, atingir o público.

A violência contra as mulheres, os adolescentes, as crianças e os idosos é mais difícil de ser combatida por estar do lado de dentro dos lares?

Sim. É preciso chegar de alguma forma dentro desse lar. Seja através da criança que vai para a escola e tem a instrução, seja através de mulheres combativas, que vejam a realidade das outras pessoas.

 

É realmente difícil o combate e é complicado diminuir os índices. Não é como uma questão de roubos e furtos, em que você prende a quadrilha e a desarticula. Não, é algo que está inserido na cultura das pessoas.

 

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Claudio Costa

Jornalista pós-graduado em investigação criminal e psicologia forense, perícia criminal, marketing digital e pós-graduando em inteligência artificial.