Se Ionatan Sonnenschein tivesse crescido no Brasil, poderia ter se tornado jogador de futebol. Nem os quilômetros entre o país de origem e Israel, onde o jaraguaense cresceu, distanciaram ele da paixão – e habilidade, garante – pelo esporte nacional. Sobre a cultura da terra natal, Ionatan pesquisou na internet e descobriu muita coisa na prática, mas a história de sua família ainda representa um ponto de interrogação. Com apenas três dias de idade ele foi levado de Jaraguá do Sul para o Rio de Janeiro por uma agência de adoção. Um mês depois estava com uma nova família no Oriente Médio.
Na busca por suas origens, Ionatan, agora com 32 anos, tem apenas um nome: Carla Pereira, sua mãe biológica. Muito jovem, ela teria dado à luz a ele em 25 de agosto de 1985, em Jaraguá do Sul, e acertado a adoção antes mesmo do fim da gravidez. A certidão de nascimento é a única pista em seu processo de adoção, que pôde ser aberto quando completou 18 anos. “Meus pais sempre me falaram que eu era adotado e toda a história. Só recentemente, por causa da minha namorada, eu comecei a me interessar sobre as minhas origens”, contou Ionatan, ao lado da namorada israelense Nina Solomon, enquanto aguardava na tarde de terça-feira (20) por uma busca de informações na Prefeitura.
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Ionatan, que hoje vive na vibrante Tel-Aviv e comanda um bar, sempre soube de onde era. Os pais adotivos, o americano Jack e a israelense Leah Brukner, deixaram tudo às claras. “Toda vez que tinha Carnaval na televisão eu via o desfile. Toda vez que tinha um jogo de futebol com a seleção brasileira, desde que eu era um bebê, eu assistia”, comenta ele.
Foi a busca do reconhecimento, principalmente de aspectos sobre ele mesmo, que fez Ionatan traçar uma parada na cidade durante as férias – claro, logo depois de passar pelo Rio de Janeiro para ver de perto o Carnaval. Vivenciar o Brasil tem sido uma experiência de autoconhecimento. Depois de dois dias na cidade onde nasceu, o jaraguaense se impressionou pelo bom humor e prestatividade das pessoas. Nina afirma que pode reconhecer aqui um pouco da “gentileza” de Ionatan. “Tem coisas que você herda de seus pais adotivos, dos arredores, da televisão, de tudo, mas às vezes tinham algumas coisas minhas que não vinham disso. Tinham coisas que eu não entendia e que do nada eu entendo: é daqui”, completa ele.
As diferenças culturais entre os dois países são grandes. Aos risos, Ionatan afirma que Tel-Aviv, a segunda maior cidade de Israel, tenta parecer com Copacabana. “Sério, com as calçadas e as ciclofaixas, é o mesmo tipo de cidade de praia”, conta. Mas nas pessoas, no contraste à intensidade e pressa do povo que vive às margens do Mar Mediterrâneo, ele vê nos brasileiros a resiliência. “Todo mundo aqui é realmente legal. Mesmo as pessoas com mais problemas. Isso é estranho para mim. Você pode ver as pessoas com problemas na vida, mas fazendo de tudo para ser feliz”, analisa.
Ionatan espera voltar para Israel sabendo um pouco mais sobre sua família biológica. “Todas as pessoas sabem de onde são e tudo mais, mas você sempre tem um ponto de interrogação quando você é adotado. É uma pergunta que você quer que seja respondida”, finaliza.
Tem informações?
Com número israelense, Ionatan afirma que as informações podem ser repassadas para ele pelo Whatsapp +972 54 538 0383.
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