Confira nove hábitos que contribuem no aumento da longevidade, segundo o Blue Zones

Foto Eduardo Montecino/OCP

Por: Elissandro Sutil

30/08/2017 - 06:08 - Atualizada em: 31/08/2017 - 11:48

Jaraguá do Sul pode dar mais um importante passo para o avanço da qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Nesta semana, a cidade recebe a visita de técnicos e do vice-presidente da empresa Healthways, responsáveis pelo projeto Blue Zones. Esta é a primeira vez que a equipe de representantes dos Estados Unidos e da sede da companhia no Brasil considera a implantação do projeto em um município da América Latina.

Após cerca de dez anos de pesquisa, os profissionais do Blue Zones descobriram nove características comuns que contribuem para o aumento da longevidade da população ao redor do mundo, independentemente da localização geográfica.

Para colocar em prática as respectivas ações, o projeto promove uma integração total da comunidade, envolvendo o empresariado, instituições religiosas, escolas, entidades voluntárias, administração pública, comerciantes, grupos de atividades físicas e outras camadas da sociedade.

Os técnicos selecionam cidades que já possuam alguns desses aspectos responsáveis por aumentar a qualidade de vida para aplicar o projeto e assim, somar ainda mais anos de vida aos seus cidadãos.

Conforme o diretor da unidade do Sesi na microrregião, Jefferson Galdino, foi por conter grande parte destes quesitos que a equipe da Healthways aceitou o convite das lideranças locais para conhecer a cidade e apresentar o projeto. “Essa característica associativista, com a comunidade engajada, faz com que a cidade tenha condições de receber o projeto e o faça dar certo”, aponta Galdino.

Cidade recebe a visita de técnicos e do vice-presidente da empresa Healthways, responsáveis pelo projeto Blue Zones | Foto Eduardo Montecino/OCP

Ele destaca a força do trabalho voluntário no município, os hospitais filantrópicos de referência, os centros universitários, sociedades e clubes de tiro, eventos culturais (Feira do Livro, Schützenfest, Femusc), comunidades religiosas, grupos de pedal e de caminhadas, opções para prática de esportes e números como: 22 academias ao ar livre, 82 áreas de lazer e 26 hortas comunitárias, como aspectos positivos.

“Já contamos com uma excelente estrutura. O que o Blue Zones faz é trabalhar de forma mais ampla esses programas, promovendo uma verdadeira integração para que todos possam usufruir”, explica o diretor. O projeto atua com mais de 150 intervenções na comunidade, que levam até dez anos para serem assimiladas na comunidade, contanto as fases de planejamento, implementação e sustentação e expansão.

Nos três dias de visita à Jaraguá, os técnicos poderão “sentir a cidade”, afirma o diretor. “Nós também veremos a viabilidade de implantar o projeto e seu custo operacional. Será uma avaliação em conjunto”, comenta Galdino. Além do Sesi, estão envolvidas a Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs) e Prefeitura.

Envelhecimento saudável é cada vez mais necessário

Em 2010, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida no município era 76,92 anos. De acordo com o censo, Jaraguá do Sul tinha 11.333 idosos. Destes, 164 tinham mais de 90 anos. Hoje, a Secretaria de Assistência Social estima que mais de 12 mil pessoas tenham idade acima dos 60.

Apesar de positivo, o aumento da longevidade demanda ações para garantir qualidade e padrão de vida para essas pessoas. Conforme o diretor da unidade regional do Sesi, Jefferson Galdino, a expectativa é que a maioria dos trabalhadores da indústria tenham, em média, mais de 40 anos nos próximos anos.

“A população industrial está envelhecendo rápido, principalmente em Santa Catarina, devido à elevada expectativa de vida. Com isso, as empresas se preocupam em como manter um trabalhador de 60 anos saudável. Na linha de produção, por exemplo, onde os movimentos são muitos repetitivos, o setor já começa a encontrar alternativas, como a Indústria 4.0”, destaca.

Galdino aponta que as empresas podem ser o principal ambiente de promoção da qualidade de vida, por isso, a importância do investimento em ações de saúde, como ginástica laboral e programas de alimentação. “Mudando os hábitos durante as horas de trabalho, é mais fácil de levar isso para a rotina e ambiente familiar. Com um colaborador saudável, a empresa também economiza”, afirma o diretor.

A implantação do Blue Zones, para Galdino, seria mais um fator que impactaria positivamente nesse quesito. “O projeto possibilitaria um direcionamento maior dos investimentos, e de forma integrada”, completa.

Nove hábitos que contribuem no aumento da longevidade, segundo o Blue Zones:

1 – Prática de atividades físicas

2 – Ter propósitos estabelecidos

3 – Diminuir o ritmo

4 – Comer até ficar 80% satisfeito

5 – Comer vegetais

6 – Tomar uma ou duas taças de vinho por dia

7 – Pertencer a um círculo social

8 – Ter uma fé

9 – Ficar próximo de pessoas queridas, como a família

O Blue Zones se baseia em estudos que mostram que apenas 20% da longevidade dos seres humanos está relacionada à genética, sendo o estilo de vida e o ambiente de convívio responsáveis pelo restante.

Impactos do projeto na cidade de Albert Lea (Minnesota, EUA) – de 2009 a 2015

  • Construção de sete milhas de novas calçadas e três milhas de ciclovias;
  • Mais de 12 novas empresas se instalaram no Centro da cidade;
  • Construções de lugares para jantar ao ar livre;
  • 68% de aumento na circulação de pedestres e 38% de ciclistas;
  • Mais de US$ 1,5 milhão investidos na área central entre 2013 e 2015;
  • 25% de acréscimo no valor dos imóveis na região central;
  • Ampliação significativa no número de turistas;
  • US$ 7,5 milhões de redução nos custos anuais das empresas com saúde pela redução do cigarro
  • Avanço de 130,35% nas vendas dos restaurantes de alimentação saudável;
  • 12% de aumento de produção, 35,31% na venda de frutas e vegetais, 52,3% na venda de água e queda de 4,66% na venda de refrigerantes;
  • Redução de 18% de absenteísmo no ambiente de trabalho