A celebração litúrgica que repete o gesto de doação e humildade de Jesus Cristo, ao lavar os pés dos 12 discípulos antes de ser preso e condenado pelos romanos, foi repetida às 19h30 de ontem, na Igreja Matriz São Sebastião, com a participação de centenas de fiéis. A missa de Lava-pés e da chamada Ceia do Senhor, que marca o transcorrer da Quinta-Feira Santa, foi ministrado pelo pároco Diomar Romaniv, e teve aproximadamente duas horas de duração.
O rito religioso é baseado no relato contido no Evangelho de João. A Bíblia explica que a lavagem dos pés de santos é uma prática usual desde a “igreja antiga”, que se manteve até meados do século 4. No século 12, a tradição foi reerguida pela Igreja Católica Romana.
O ritual reforça a iniciativa do papa Francisco, que em 2016 instituiu o período que antecede à Páscoa cristã como o “Ano da Misericórdia” e conclamou a solidariedade, perdão, indulgência e clemência. No país, o tema da Campanha da Fraternidade de 2016 da CNBB (Confederação dos Bispos do Brasil) foca no saneamento básico e na saúde.
Paralelamente, ontem à noite ocorreram missas nas comunidades São Luiz Gonzaga, no bairro São Luís; Rainha da Paz, na Vila Nova; e Nossa Senhora do Rosário, no Rio Molha.
Os 12 escolhidos
A missa de ontem iniciou com a Oração pelo Dia do Sacerdote. Em seguida, 12 pessoas indicadas por integrantes da comunidade São Sebastião tiveram os pés lavados pelo padre Diomar. O pároco explica que a escolha dos beneficiados se dividiu em três grupos: pessoas que realizam obras de caridade, os que foram agraciados pela caridade e os que se dedicam ao planeta e ao meio ambiente. Cada um dos 12 simbolizou um discípulo de Jesus. Dentre as pessoas, estão voluntários, coveiro, enfermeira, ex-dependente químico, ex-presidiário, encanador, reciclador e eletricista. “Atividades pequenas podem resultar em grandes benefícios para todo mundo”, resume o religioso.
Concluído o ritual, os fiéis foram convidados a comungarem no altar, distribuídos em quatro filas. “Estamos no Ano da Misericórdia e temos percebido que as participações têm sido bastante significativas”, assinala o pároco.
A professora Quênia Lino levou a filha Júlia de oito anos para participar da cerimônia na Matriz
Crença renovada
A professora Quênia Lino, 43 anos, fez questão de participar ontem da cerimônia acompanhada da filha Júlia, de oito anos: “Faço parte da comunidade São Luiz Gonzaga. É preciso manter este sentimento de crença, acreditar. Trago a Júlia para conhecer, incentivar, para que essa fé não morra”, diz. Ministro da Comunidade São Sebastião há dois anos, o odontólogo Alexandre Pacheco Simm, 36 anos, destaca a importância do Lava-pés “para valorizar a atitude de humildade”.