Da Redação| Foto Divulgação
Até o fim de junho, farmácias em todo país vão começar a vender o primeiro autoteste para detecção do HIV, o vírus causador da Aids, autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fabricação e comercialização no Brasil. Batizado Action, o produto feito pela Orange Life é mais uma importante arma para o cumprimento da chamada estratégia 90-90-90 do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) para acabar com a epidemia da doença, acredita o médico italiano Marco Collovati, fundador da empresa, sediada em Vargem Pequena, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Isto porque o primeiro pilar da estratégia é justamente que até 2020 ao menos 90% das pessoas contaminadas pelo vírus saibam de seu status de soropositivas, continuando então para que pelo menos 90% delas recebam tratamento antirretroviral, de forma que no mínimo 90% dessas tenham supressão de sua carga viral.
“O Brasil sempre foi líder mundial no combate e prevenção do HIV, passos à frente de outros países, mas o último que faltava era liberar os autotestes, já aprovados nos EUA, Reino Unido, França, Austrália e outros”, diz Collovati, destacando estimativas que apontam que cerca de 500 mil brasileiros com o vírus não sabem que são soropositivos. “Por isso acredito que no Brasil os autotestes terão maior impacto que no resto do mundo. Não que sejam características exclusivas dos brasileiros, mas temos aqui traços culturais de machismo e preconceito que tornam os autotestes fundamentais para esta estratégia”.
Collovati cita como exemplo disso um indivíduo que more numa cidade do interior “onde todos se conhecem” e tema expor sua condição de soropositivo ou outras questões privadas à comunidade ao buscar testagem numa instituição de saúde ou laboratório local. “Por ser um vírus transmitido principalmente pela via sexual, há muito tabu em torno do HIV”, lembra. O autoteste tem resultado em 15 minutos.