Estudantes e comunidade aprendem alemão e italiano gratuitamente em Jaraguá do Sul e região

Arquivo OCP

Por: Guilherme Mélo

30/04/2019 - 05:04 - Atualizada em: 30/04/2019 - 08:56

O Brasil é um dos países mais ricos linguisticamente no mundo. Segundo dados do Censo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, são faladas mais de 200 línguas no país, entre línguas de imigração, de sinais, de comunidades afro-brasileiras, línguas crioulas e indígenas.

Pensando no resgate cultural e linguístico, os municípios da região estão em processo de resgate das línguas faladas por duas etnias colonizadoras: alemães e italianos.

Em Jaraguá do Sul, as aulas de alemão iniciaram em 2017, e as de italiano em 2018. De acordo com Egon Jagnow, professor de alemão e coordenador do projeto, ambas as línguas atendem crianças em idade escolar e adultos da comunidade.

Alunos da escola Professor Henrique Heise aprendem alemão no contraturno. Foto: Eduardo Montecino/OCP News

As aulas são oferecidas aos alunos no contraturno escolar e atendem atualmente entre 30 e 40 alunos por língua, com a perspectiva de aumento do número anualmente, conforme novas turmas são criadas.

Jagnow explica que as aulas são sempre tratadas de forma lúdica, com brincadeiras e cantos, para que não se tornem chatas para os alunos.

“É importante que eles gostem das aulas, tomem gosto pela língua e possam aprender se divertindo”, ressalta.

Entre os adultos, são atendidos cerca de 50 alunos. Para Egon “o envolvimento dos pais dos alunos e da comunidade é o diferencial do projeto desenvolvido” em Jaraguá do Sul.

O coordenador diz que ênfase do projeto está na valorização destas línguas e sua prática nos ambientes mais informais, como na família, nos grupos de amigos, além de trazer “um diferencial que poderá ser útil também na vida profissional das pessoas”.

Interesse pela cultura

A servidora pública Andreia Silveira, 46 anos, iniciou as aulas de alemão neste ano após conversar com amigos que já faziam o curso.

“As aulas são dinâmicas, com muita conversação e repetição de forma a fixar o conteúdo, com o oferecimento também de material didático”, declara.

Por morar no bairro Rio da Luz, de grande influência alemã, Andreia se interessou pela cultura germânica e encontrou no curso uma forma de aprender mais. “É feito também um trabalho com músicas e vídeos que reportam à cultura alemã de forma geral”, comemora.

Como participar das aulas em Jaraguá?

Os pais e comunidade em geral que tem interesse nas aulas podem entrar em contato com a escola Henrique Heise, no Rio da Luz, pelo telefone 3307-5364, para aulas de alemão, e com a Escola Renato Pradi, no Jaraguá Esquerdo, telefone  3370-7449, para aprender italiano.

Professor de alemão Egon Jagnow destaca que as aulas são bem interativas. Foto: Eduardo Montecino/OCP News

Schroeder levou idioma para grade curricular

De acordo com a supervisora de ensino da Secretaria de Educação de Schroeder, Elisa Andréia da Silva de Assis, a língua alemã atinge hoje mais de 1.500 alunos da rede municipal de ensino. Desde de 2015, a língua faz parte da grade curricular dos alunos de 1º ao 9º ano.

“O objetivo das  aulas de língua alemã é  oportunizar o desenvolvimento e ampliar as habilidades cognitivas como de fala, escrita e conversação da língua, não desprezando aspectos culturais da cidade”, ressalta Elisa.

Alemão em Corupá

Na cidade de Corupá, o projeto “Deutsche Schule” atende atualmente mais de 180 crianças de quatro escolas diferentes e tem por objetivo resgatar, preservar e aprimorar a língua alemã como patrimônio cultural.

Ministradas pela professora Fernanda Karina Pellin, as aulas acontecem no Cejac (Centro de Educação de Jovens e Adultos) e no Instituto Carlos Rutzen, situado na Vila Rutzen.

Como em Jaraguá do Sul, nos demais municípios as crianças são o principal público das aulas. Foto: Eduardo Montecino/OCP News

Italiano em Guaramirim

Através da Fundação Cultural e em parceria com o Consulado Italiano de Curitiba, a cidade de Guaramirim oferece aulas de italiano como atividade extra curricular para cerca de 100 alunos, do 3º ao 9º ano.

As aulas acontecem na Biblioteca Municipal, no Centro, e na Escola Municipal Gustavo Tank, no bairro Vila Amizade.

“Através dessa parceria, conseguimos permitir o acesso de nossas crianças a uma nova língua e a cultura de um dos povos que migrou para a nossa região”, explica a gestora da Fundação Cultural, Sonia Chiodini.

Para a diretora pedagógica da Secretaria de Educação, Valcíria Lana de Souza, a intenção do projeto vai além do resgate histórico.

“É de extrema importância inserir o ensino de outras língua para nossas crianças com o objetivo de ampliar o vocabulário, bem como possibilitar novas experiências e conhecimento para os nossos alunos”, comenta.

 

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