Estação do São Luís começa a tratar esgoto

Prefeito Dieter e outras autoridades acompanharam o início das operações da ETE São Luís - Foto: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

28/03/2016 - 22:03 - Atualizada em: 31/03/2016 - 08:18

Jaraguá do Sul será a primeira cidade com mais de 100 mil habitantes em Santa Catarina a atingir 80% de tratamento de esgoto. Com a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto do São Luís ontem, o município atenderá mais 10 mil residências.

O índice representa qualidade de vida para a população, destaca o promotor de Meio Ambiente, Alexandre Schmitt dos Santos, e se adequa à agenda do Ministério Público. “Inserimos o saneamento básico entre as prioridades. Enquanto muitas cidades estão começando, aqui já enfrentamos outros desafios. O grande diferencial é a visão empreendedora levada para a sociedade e setor público”, comentou.

Os números jaraguaenses ultrapassam grandes cidades como Florianópolis, que conta com 46% do esgoto tratado, Blumenau com 30% e Joinville com 22%. Atualmente, quatro estações dão conta de tratar os afluentes de mais de 126 mil habitantes. Em 2012, o município tinha índice de 50% que foi já elevado para 54% com a modernização da ETE Água Verde, reinaugurada em julho do ano passado.

O secretario de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Carlos Chiodini, apontou que o Estado figura ainda como 18º no ranking nacional de saneamento e precisa avançar. “Contratamos pelo governo estadual o plano de saneamento para 179 cidades, que ainda estão longe de cidades como Jaraguá do Sul. Temos pedido de crédito de 100 milhões de euros com um banco alemão para levar saneamento para pequenas cidades que não tem capacidade de investir”, disse.

A atração de negócios e o desenvolvimento econômico também ganham com o início das operações da estação, aponta o presidente da Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul), Giuliano Donini. Fornecer infraestrutura e sustentabilidade são fundamentais, segundo o empresário, para a evolução da cidade. “Olhando o contexto e nossa posição relativa, vemos que realmente ficamos em destaque”, comentou.

Atualmente, 41 municípios catarinenses contam com capacidade de tratar esgoto em altos níveis, mas somente três deles fazem coleta acima dos 80%. São Ludgero e Campos Novos lideram tratando 100%, com 10,9 mil e 34,7 mil habitantes respectivamente. Em terceiro lugar está Orleans com 92,5% de tratamento para um universo de 22,3 mil moradores.

Para o prefeito Dieter Janssen, ter a liderança estadual em tratamento de esgoto acompanha o perfil da cidade e é a somatória do trabalho de todas as administrações, desde o primeiro investimento feito por Geraldo Werninghaus. “Não poderia ser diferente. Não combina com uma cidade que desenha projetos de desenvolvimento sustentável e busca crescer com um padrão ideal não focar em questões ambientais e na saúde”, finalizou.

ETE S

Nova estação de tratamento de esgoto começou a funcionar nesta segunda-feira
e vai beneficiar mais 10 mil casas de oito bairros diferentes

Índice positivo depende da adesão dos moradores
As operações da Estação de Tratamento do São Luís começaram ontem utilizando 10% da capacidade operacional. Das 10 mil residências que terão esgoto coletado, somente mil foram ligadas à rede. A expectativa é que até o final do ano, o município atinja a marca de 80%.

“A ETE está pronta. A gente conta agora com a parceria da população, assim como outros bairros já fizeram essa adequação”, comentou o diretor técnico do Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto), Deverson Simoni.

O investimento de R$ 33 milhões possibilitou construir uma estação com capacidade de expansão. De acordo com Simoni, o projeto tem uma expectativa de chegar à capacidade máxima em até 25 anos, considerando a concepção atual. “Com o avanço das tecnologias e considerando a área disponível onde a estação está instalada, há uma grande segurança de que no futuro essa mesma estação possa ter sua capacidade de tratamento ampliada”, relata.

As operações de tratamento vão abranger, neste início, 24,5 mil moradores. Somando com as outras estações em funcionamento serão 150,5 mil pessoas atendidas. Com a extensão da rede por mais 84,8 quilômetros, o sistema chegará aos bairros Vila Lenzi, Nova Brasília, Jaraguá Esquerdo, São Luís, Tifa Martins, Barra do Rio Molha, Barra do Rio Cerro e Jaraguá 99. A conexão dos tubos da casa à rede deve ser feita por um encanador, contratado pelo morador. Em janeiro, o Samae promoveu a capacitação de profissionais para o serviço.

Os moradores devem receber até o final de abril o pedido para a ligação ser efetuada dentro de 60 dias. Após esse período, o Código de Obras do município permite a aplicação de notificações. “A gente evita ao máximo a aplicação de penalidades. Dúvidas, é possível procurar o Samae”, explica Simoni.

Pessoas são o foco de cidades sustentáveis
Tornar as cidades um lugar para todas as pessoas. Seja quem anda a pé, de bicicleta, de carro ou com transporte coletivo. Dar mobilidade. Manter a sustentabilidade. Humanizar os centros urbanos oferecendo qualidade de vida. Por muito tempo, o foco das ruas era o transporte individual, mas o crescimento das cidades e as dificuldades de mobilidade têm mudados os olhares sobre o planejamento urbano.

Para o doutor em Gestão Territorial Janio Vicente Rech, o poder público e a comunidade perceberam que um futuro sustentável das áreas urbanas depende das diretrizes da cidade, preocupando-se com o meio ambiente e priorizando a qualidade de vida das pessoas. “Algumas ações como travessias elevadas, implantação de ciclofaixas e ciclovias e a eliminação de vagas de estacionamento convergem com diretrizes de mobilidade urbana sustentável e de um modelo de cidade que prioriza as pessoas”, comenta Rech.

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Com mais 15 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, a Prefeitura
pretende garantir mobilidade – Foto: Piero Ragazzi/Arquivo OCP

Para convergir com esse planejamento, ligar a região Leste a Oeste de Jaraguá do Sul por 15 quilômetros de ciclovia e ciclofaixas é uma das propostas da Prefeitura para estabelecer a bicicleta como meio de transporte para a população de Jaraguá do Sul. O traçado da Ciclovia do Trabalhador passa pelas principais empresas e pontos turísticos e deve elevar a utilização desse veículo.
Até agora, foram implantados 51 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. De acordo com o presidente do Instituto Jourdan, Ronaldo Lima, essas ações deram uma nova dinâmica para a cidade. “É uma forma sustentável para o deslocamento urbano. A gente tem um ganho muito grande porque temos o esvaziamento do sistema viário”, declarou.

Do ponto de vista do planejamento, Lima destaca que priorizar modalidades alternativas de descolamento se tornou uma necessidade para as cidades que têm dificuldade de expandir o sistema viário. “Falando em economia, não temos como fazer constantes desapropriações para novas vias. Tem-se voltado atrás e se colocado a cidade na escala do homem e não do automóvel, é um resgate do papel social da cidade”, considera o presidente.

Priorizar o transporte coletivo é meta para melhorar mobilidade

Incentivar a utilização do ônibus é outra meta para melhorar a mobilidade urbana em Jaraguá do Sul, afirma o diretor de trânsito Rogério Kumlehn. A primeira ação foi s criação de seis quilômetros de corredores de ônibus por nove ruas centrais, como Reinoldo Rau, Presidente Epitácio Pessoa, Bernardo Dornbusch e a Waldemar Grubba. A próxima ação será a criação de um novo modelo de transporte baseado no Plano Municipal de Mobilidade.

“É o futuro, precisamos buscar soluções, criar novos eixos. Hoje a mobilidade é uma questão de sustentabilidade. O carro ainda é a maior referência da nossa população. É só comparar o índice populacional com os 118 mil veículos cadastrados, está muito perto do um por um”, comentou o diretor.

corredor de Ônibus, Marechal deodoro - lucio sassi (5)

Com o aumento  de faixas preferenciais, governo pretende estimular o
uso de ônibus na cidade – Foto: Lúcio Sassi/Arquivo OCP

De acordo com o diretor operacional da concessionária de transporte coletivo no município, Rogério Missfeld, a implantação dos corredores trouxe mais agilidade para os ônibus. “Facilitou o trânsito na área central, mas é preciso estender para mais vias”, disse.

Kumlehn acredita que ainda é preciso melhorar o sistema para atrair usuários e conseguir dar sustentabilidade ao serviço. “O transporte público ainda não é uma boa opção porque nunca foi tratado com importância. A Prefeitura não falava de transporte público e hoje é reconhecida sua importância”, disse. A diretoria trabalha na construção e um novo edital para a concessão do serviço e aguarda a entrega do Plano de Mobilidade em abril.

Programa pretende aumentar índice de reciclagem para 30%
Redução das despesas com transporte de lixo aos aterros, geração de renda e conscientização ambiental. Esses foram os três fatores alcançados em Jaraguá do Sul com a implantação do programa Recicla Jaraguá, que elevou a reciclagem de material de 114 toneladas para 640 toneladas por mês, o que representa 23,7% do lixo produzido pela população.

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Atualmente existem cinco cooperativas de reciclagem em Jaraguá.
Outras seis devem ser regularizadas – Foto: Piero Ragazzi/Arquivo OCP

A estimativa é de que esse índice possa chegar aos 30%, mas é preciso a adesão dos moradores. Nos últimos meses, quando a Prefeitura interrompeu a distribuição do saco verde para economizar os R$ 600 mil investidos na compra do material, o presidente da Fujama, Leocádio Neves e Silva, afirma que houve diminuição de 40% na destinação de resíduos para a coleta seletiva.
“Agora estamos em 13%. Não podemos deixar regredir porque tivemos um dos melhores resultados do país. Qualquer sacola pode ser utilizada, a reciclagem independe do saco verde”, enfatiza Silva.

Além da questão ambiental, o presidente destaca que a reciclagem tem papel social. Atualmente o município conta com cinco cooperativas de recicladores regularizadas e outras seis em processo de regularização. Antes do programa, nenhuma delas era formalmente reconhecida. “Chegamos a ter 150 empregos nas cooperativas, vagas que acabam sendo ocupadas por pessoas geralmente marginalizadas do mercado de trabalho, como ex-apenados e idosos”, pontuou Silva.