Em setembro se comemora o Dia Nacional de Doação de Órgãos e inúmeras ações são promovidas para conscientizar sobre a importância deste ato transformador, porém, a mobilização, em especial do Hospital São José, de Jaraguá do Sul, não se concentra apenas neste período.
O trabalho é contínuo e corre contra o tempo para salvar o maior número de vidas possível. No ano passado, 50% das notificações por morte encefálica foram efetivadas em doações. Foram 29 registros e 12 autorizações da família para captação de órgãos.
Até agosto de 2019, a unidade teve 12 notificações de morte encefálica, sendo que oito foram convertidas em doações. Uma efetividade de 72% da equipe de captação da Comissão Hospitalar de Transplante (CHT).
Segundo o coordenador da CHT do São José, Manoel Tassinari, um dos motivos mais frequentes para a recusa é porque os possíveis doadores não tinham se manifestado em vida sobre o assunto e a família acaba ficando insegura.
“Ao mesmo tempo, mesmo sem saber se era a vontade da pessoa, muitos familiares optam pela doação porque acompanham a divulgação do tema nas mídias e reconhecem que isso pode mudar a vida de muita gente”, destaca Tassinari.
Conforme o médico, as campanhas de doações de órgãos estimulam a população a declarar em vida se deseja, ou não, passar pelo procedimento. “É muito raro a família não respeitar a vontade da pessoa. Temos esse mito de não falar sobre morte, mas precisamos deixar claro o que queremos nessas horas”, explica.
Em Jaraguá, Tassinari observa que os moradores abraçam a causa e estão mais abertos ao tema. No entanto, uma mudança de perfil epidemiológico no município dificulta as doações. “Antes tínhamos pacientes mais jovens, hoje eles estão mais idosos”, comenta.
No ranking estadual de notificações por morte encefálica e doações efetivadas, Jaraguá ficou em nono lugar em 2018. Neste ano, com dados de janeiro a agosto, a cidade está em 12º lugar.

Profissionais da equipe da CHT do São José | Foto Divulgação
“De quatro anos para cá, o número de morte cerebral está diminuindo aqui no hospital porque foram criados outros centros de referência neurológica em Santa Catarina. Antes, éramos o único da região Norte, mas agora também tem esse serviço em Mafra e menos casos são encaminhados para nós”, avalia Tassinari.
A enfermeira da CHT, Raisa Carolina Lindner, enfatiza que não há interação entre a equipe de captação de órgãos com a que realiza os transplantes, justamente para não haver conflito de interesses.
“Geralmente, quem retira os órgãos que são destinados para doação aqui no hospital são de Blumenau ou Florianópolis”, aponta.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado e controlada pelo Ministério Público.
Em relação à morte encefálica, Tassinari pontua que não há dúvidas quanto ao diagnóstico, regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. “Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar”, completa.
Programação
Na manhã deste sábado (28), uma equipe do Hospital São José estará na praça Ângelo Piazera divulgando a campanha de doação de órgãos, chamada “#eudigosim” e os demais serviços de transplante da unidade.
Haverá testes rápidos de diversas doenças e esclarecimentos sobre o assunto. Uma cabine fotográfica estará no local para as pessoas tirarem fotos com um urso de pelúcia em formato de coração, pulmão e outros órgãos.
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