Dia das Mães

A casa das mulheres de Ana Karla Guimarães: seis filhas, dos 11 anos aos três meses de idade - Fotos: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

07/05/2016 - 04:05

Patricia Moraes
“Ser mãe é padecer no paraíso”. Ou então: “em coração de mãe sempre cabe mais um”. “Quem tem mãe, tem tudo”. E a que eu mais gosto: “ser mãe é ter o coração batendo fora do peito”. Não interessa se você tem um, dois, três, quatro, cinco, ou seis filhos. A maternidade muda para sempre a sua vida. Não tem volta. Você nunca mais vai dormir sem preocupação. Você não vai mais poder ficar com a geladeira vazia. Você nunca mais vai poder jogar tudo para o alto, você nunca mais vai poder ser irresponsável como antes. E nem tão vaidosa. Você ficará vários dias sem fazer a unha. Por um bom tempo ir sozinha ao banheiro vai ser um luxo. A maquiagem vai acabar borrando devido á pressa.Seus cabelos não andarão arrumados como antes. Você vai se sentir dividida entre carreira e maternidade. Vai se sentir culpada, para sempre.

As fases mudam conforme os filhos crescem, mas a preocupação nunca acaba. Primeiro vêm as noites intermináveis. Você levanta de hora em hora para saber se aquele serzinho que chegou ao mundo está respirando. É uma junção de hormônios e sentimentos que deixa qualquer mulher um tanto louca.Você fica horas admirando aquele olho, aquela boca, aqueles pezinhos. Espera ansiosa por um sorriso. E quando acaba o diacho da tal licença maternidade, hora de escolher a creche, aguentar o choro, ter o coração partido. Logo aparecem os resfriados, a febre dos primeiros dentinhos, a manha que só um colo de mãe resolve. Quando seu filho já saiu das fraldas, parou de chupar bico, começou a tomar banho e escovar os dentes sozinhos, surgem as primeiras provas na escola, as primeiras diferenças entre os amigos, as primeiras perguntas cabeludas, as primeiras crises existenciais, os primeiros namoros, as primeiras derrotas. É então que você se dá conta que ele tem um mundo a desbravar e que para isso precisa da sua ajuda. E aí você percebe o quão gratificante pode ser se dedicar à maternidade. Transmitir valores, se cobrar diariamente para ser um ser humano melhor.

Os filhos vão andar com as próprias pernas, tomar as próprias decisões, vão sair à noite, vão se apaixonar, vão cair, vão levantar. E nós, mães, vamos estar lá para estender a mão, para dar um colo, um conselho e avisar que vai esfriar. A maternidade faz a gente se transformar, ter forças todos os dias para enfrentar o imprevisível e mesmo naqueles momentos mais difíceis a gente sabe que não pode desistir. Não dá para deixar a peteca cair. Depois de ser mãe, você nunca mais vai ficar com o coração vazio. Você vai entender o que é amor incondicional. Você vai lembrar da sua mãe. Vai entender os puxões de orelha, a caretice, as cobranças por boas notas, e até a preocupação com as companhias. Vai olhar para ela com muita gratidão. Depois de ser mãe, você vai passar a ver o mundo de maneira diferente e vai descobrir que tem mais força do que imagina. E é com o desafio de homenagear todas as mães que a redação do OCP conta hoje a história de três mulheres que, contrariando as estatísticas do IBGE que mostram que atualmente a média de filho é de 1,6 por casal, optaram por ter uma família grande, bem grande. Raquel da Silva Oliveira, mãe de seis, Ana Karla Guimarães, também mãe de seis, e Alessandra Ferreira, mãe de quatro, vivem a maternidade cada uma a sua maneira, mas vivem uma rotina agitada e têm em comum o amor e a dedicação pelos filhos.

Uma casa cheia de mulheres

Natália Trentini
Até a segunda gestação, Ana Karla e Luiz Fernando Guimarães, rezavam para ter um menino. Mas conforme as filhas cresciam, tiveram certeza que queriam a casa cheia de meninas, e assim foi. Rebeca, Joana, Sara, Raquel, Miriam e a pequena Ana Abigail. Ana Karla é mãe de seis. Uma escadinha que vai dos 11 anos aos três meses de idade.

Ter a casa cheia era o plano desde o casamento. Sete era o alvo, mas Ana se diz satisfeita com o número que atingiu. “Hoje não sabemos se vamos ter mais um, mas somos abertos à vida e à vontade de Deus” conta a mãe.

Mas uma rotina cheia de amor não evita a correria, afinal, são seis cabeças para coordenar. Às 8 horas da manhã todo mundo está de pé para se preparar para os cursos. Os deveres começam a ser feitos às 10 horas. Até 11h30, cada uma das meninas precisa dar conta das tarefas e estar de banho tomado para o almoço. Com todo mundo no carro às 12h30, Ana segue de Guaramirim para a escola em Jaraguá do Sul. Durante a tarde, as meninas ficam na aula e é hora da mãe trabalhar. Ana dá aula de técnica vocal na escola de musicalização que mantém com o marido. E depois de tudo isso, ela ainda encontra energia para levar as filhas na aula de balé. “Não posso dizer que consigo tirar de letra, mas todo dia é dia de começar de novo. Eu adoro ser mãe delas, adoro estar com elas. Preciso aprender muito para fazer sempre certo. Toda mãe tem o desejo de fazer certo. Quando faz pelo bem, ela luta e vence”, acredita.

Ana afirma que ser mãe, ainda mais com tantas filhas, é estar preparada para imprevistos. A maior preocupação é garantir a educação, apontar caminhos, dar bons exemplos e reconhecer a individualidade de cada uma. Conforme o tempo passou, foram diferentes fases e aprendizados. Quando todas eram pequenas, o casal curtia estar o tempo todo com elas. Agora, o prazer é poder sentar e escutar o relato do dia, dos desafios que elas enfrentam longe deles.

Com isso, as comparações também vêm para casa, conta a mãe. “Elas se curtem muito, mas já passamos por estágios. Teve o tempo em que diziam que na casa onde a amiga era filha única, tudo era melhor”, relembra. Dividir quarto, roupas e brinquedos nem sempre foi fácil, no entanto, Ana ressalta que o segredo é destacar os momentos de amor que a família pode vivenciar em grande número.

“No momento que a gente optou por isso, a gente vive por eles. Todo mundo diz que a gente renunciou, mas a gente optou. Hoje filho é uma escolha, muitos decidem ter só um. Mas sempre pensamos em ter muitos, foi uma opção totalmente planejada”, destaca.

 

Um atrás do outro até a raspinha do tacho

Kamila Schneider
Quando nova, Raquel da Silva Oliveira era acostumada a dividir o antigo Fusca do pai com nove irmãos, sempre se espremendo em algum cantinho para poder curtir os passeios em família. Nesta época, Raquel ainda não sabia que um dia voltaria a se espremer num carro com um grupo de crianças animadas – desta vez, porém, seus próprios filhos.

Hoje, com 46 anos, Raquel é uma daquelas “mães profissionais”, que escolheram dedicar sua vida à família. Sempre foi do tipo que gosta da casa cheia, o que, com seis filhos, nunca foi um problema. Casada há 27 anos com Sérgio Oliveira, 49, Raquel teve seu primeiro filho, Felipe (hoje com 23 anos), aos 21, e depois disso foi um atrás do outro: Anny, 22, Renan, 21, Thayna, 20, Gabriel, 19, e Sara, 15 – que, como a própria mãe gosta de brincar, foi a “raspinha do tacho”.

“Quando casamos, queríamos só dois filhos, mas Deus foi tão bom que quis nos dar seis!”, diz. Raquel lembra que, depois de três filhos, a própria família adivinhava quando viria mais um. “Eu sempre fazia um jantar para contar a novidade, mas, quando eu falava que tinha algo a contar, meus parentes diziam que de novidade não tinha nada”, relembra.

A parceria e cumplicidade com o marido, Sérgio, ajudou Raquel a dar conta da tarefa. “Teve épocas que a gente tinha só o suficiente para se manter, mas graças a Deus nunca nos faltou nada”, comenta. O programa favorito da família era ir à praia. “Nesta época não tínhamos a mais nova [Sara], então era um filho em cada braço, dois no carrinho e o mais velho grudado do meu lado. As pessoas achavam curioso e nos emprestavam cadeiras e guarda-sol”, relata a mãe.

Hoje, com os filhos crescidos, ela afirma que o maior desafio é agora. “Quando se tem seis filhos, você acaba virando um pouco psicóloga, porque são seis pessoas diferentes. Não é uma tarefa simples, mas sempre busquei levar as coisas de forma tranquila. A melhor parte é que eu nunca vou sentir solidão! Filho é um amor incondicional, sem medida. É um grande desafio vê-los saindo de casa aos poucos, mas eu sempre digo que o almoço de fim de semana na casa da mãe não dá para perder!”, brinca.

Anny, Sara, Pai Segio, Felipe, Mãe Raquel e Thayna, foto Gabriel e Renan - em 1

Raquel da Silva tem quatro filhas e dois rapazes, e garante que nunca se sente sozinha

 

Um amor que supera qualquer dificuldade

Heloísa Jahn
A rotina não é fácil, mas é compensada a cada sorriso. É assim que Alessandra Ferreira, 25 anos, fala da vida de ser mãe de quatro crianças. Aos 16 anos, ela teve a primeira emoção e talvez um dos maiores sustos, quando descobriu a gravidez de Luis Eduardo Fernandes, hoje com nove anos. Pouco tempo mais tarde, engravidou de João Vitor, com sete, e cerca de três anos depois, teve mais um susto: engravidou dos gêmeos Eloisa Maria e Lucas Gabriel, com três anos.

A chegada das crianças mudou completamente a rotina. Quando tinha apenas os dois mais velhos, ela ainda conseguia trabalhar, enquanto eles estavam na creche. Porém, quando os gêmeos vieram, o cenário mudou. Com saúde muito frágil no início da vida, os pequenos ficaram tempo internados no hospital e volta e meia precisavam de cuidados médicos. Isso fez com que a mãe se afastasse do emprego e, até agora, mesmo com a melhora deles, não voltou ao mercado de trabalho. “Não planejei ter quatro filhos, mas eles vieram. Não é fácil, mas o amor me motiva diariamente”, conta. Além de a preocupação ser multiplicada por quatro, já que a cada grito de “mãe” a aflição bate, as despesas também aumentaram. Tudo fica a cargo do marido, Ismael Fernandes, que atualmente trabalha como motorista.

“Tudo muda. Você não faz mais nada sozinha, sempre tem algum deles ao redor”. Ao mesmo tempo em que gostaria de ter mais tempo de folga, ela admite que não dá coragem de ficar muito tempo longe dos pequenos. “Às vezes, as avós deles pedem para eu deixá-los com elas alguns dias, mas o coração fica apertado”, revela. Ana admite que o cansaço é derrubado ao olhar para as crianças. “Ser mãe é não pensar só em você, é pensar sempre no melhor para os seus filhos. E assim são meus dias”.

Mae Alessandra, Luis Eduardo, João Vitor, Eloisa e Lucas - em (3)-2

As crianças de Alessandra exigem carinho e atenção quase sempre ao
mesmo tempo, mas sabem muito bem que cada momento vale a pena