“Deveriam ver o estado de quem está intubado”, diz jaraguaense que perdeu o pai e a mãe para a Covid-19

Foto Arquivo Pessoal

Por: Natália Trentini

22/03/2021 - 08:03 - Atualizada em: 22/03/2021 - 14:16

Era 20 de março de 2020 quando Jaraguá do Sul teve a confirmação de que o coronavírus havia chegado no município.

A população estava em alerta desde o último dia 17 quando um lockdown havia sido decretado em todo Estado.

Um ano depois, o sistema de saúde vive o momento mais crítico da pandemia. Há cerca de 4 semanas os leitos hospitalares destinados à Covid-19 estão com 100% de ocupação.

 

 

Enquanto de março a dezembro de 2020 Jaraguá do Sul viu 93 pessoas morrerem devido a complicações da doença, em menos de 3 meses foram 71 – totalizando os 164 óbitos registrados até sexta-feira (19).

O empresário Marco Murara é um dos jaraguaenses afetados pelos óbitos da pandemia: em menos de um mês, ele perdeu pai e mãe para a Covid-19.

Isso, enquanto ele e a esposa dele, Ieda, também estavam infectados pela doença, com sintomas físicos fortes.

Mal houve tempo para se despedir do professor aposentado David, 82 anos, e da cabeleireira Ozilda, 72, moradores de Guaramirim.

Os velórios foram em caixão fechado.

Evolução da doença

Ele conta que a suspeita é que o vírus tenha sido contraído no hospital – o pai precisou fazer um procedimento cirúrgico em julho e o filho ficou como acompanhante.

Já em casa, David começou a apresentar falta de ar e cansaço, que à primeira vista pareciam efeitos da recuperação.

Não houve tempo para socorro. O aposentado passou mal em casa por volta das 4h30 da manhã e morreu às 5h.

“Quando identificamos que ele havia morrido de Covid, fizemos o teste em minha mãe… Positivo… Como ela tinha comorbidades, lutamos mas não conseguimos evitar o óbito”, relembra Murara.

Ozilda chegou a ser intubada na UTI, mas não resistiu. Os filhos puderam ter uma breve despedida no hospital.

“As pessoas que não acreditam nos efeitos da doença ou não tomam cuidados deveriam ficar 10 minutos em uma UTI e assistir o trabalho dos profissionais. Deveriam ver o estado físico de quem está intubado. Deveriam ver o respirador funcionando. Não dormiriam por dias”, declara o empresário.