De quem é esse lixo? Gestão de resíduos é fundamental para um processo produtivo eficiente

Por: OCP News Jaraguá do Sul

05/11/2017 - 10:11 - Atualizada em: 07/11/2017 - 07:48

Fato é que uma gestão eficiente dos resíduos é fundamental para que qualquer negócio, independentemente do setor, alcance um desenvolvimento efetivamente sustentável. “Lixo é desperdício, é dinheiro jogado fora”, resume a consultora do Sebrae e especialista em gestão para sustentabilidade, Andreia Rosa de Amorim. Para se ter uma ideia, pesquisas do Sebrae indicam que no Brasil são produzidos 97,7 milhões de toneladas por ano em resíduos industriais, o que representa 267,6 mil toneladas por dia.

Em Santa Catarina, não existem estimativas recentes de quanto o setor produtivo gera de resíduos, mas é consenso de que ainda há muito a avançar, afirma Andreia. “É uma preocupação crescente, mas que está mais presente no setor industrial, que já entende mais claramente como isso gera custos desnecessários na produção. Setores como o comércio e serviços ainda tem um caminho mais longo a percorrer”, avalia a especialista.

Este caminho passa por um maior entendimento dos próprios processos e, principalmente, por uma consciência mais apurada a respeito dos impactos que cada atividade tem sobre o ambiente. “Há dez anos era comum na indústria têxtil jogar toda a água da produção nos rios. Hoje isso é inadmissível, porque se sabe dos impactos ambientais e do custo que se tinha com água. Este segmento aprendeu a reaproveitar”, exemplifica a especialista, ressaltando que o conceito de sustentabilidade gira em torno dos tripés econômico, social e ambiental, ou seja, é preciso buscar a eficiência em todos estes aspectos.

Segundo Andreia, a gestão de resíduos passa por série de etapas, sendo que a primeira delas é autoconhecimento. “Antes de tudo é preciso fazer um levantamento dos processos, sabendo em detalhes o que produz, quanto produz, quanto resíduo gera, para onde destina. Depois, é importante entender qual é o seu impacto no meio ambiente, analisando o ciclo de descarte de resíduos, para onde vai, quanto custa, como acontece”, explica ela.

É preciso ter consciência de que todos os negócios geram algum tipo de resíduo, mesmo os mais improváveis. Andreia cita como exemplo as empresas de tecnologia, que utilizam ambiente digital em seu processo produtivo. Segundo ela, apesar de não gerarem resíduos materiais, estas empresas emitem gases poluentes e utilizam recursos como energia, o que também são considerados resíduos produtivos.

Economia brasileira perde cerca de R$ 120 bilhões por ano em produtos que poderiam ser reciclados

“Estas empresas acham, muitas vezes, que não geram impacto, mas será que não? Entender qual é o impacto do seu negócio é fundamental”, salienta ela. Depois de toda essa análise é que vem o planejamento efetivo sobre a caracterização e gestão dos resíduos, o famoso “o que fazer com isso”. “De forma geral, temos que desmistificar essa ideia de que a gestão é complexa e de alto custo. Caro é o mau uso dos materiais. A gestão de resíduos traz impacto econômico real, ajuda a tornar os processos mais eficientes, mais limpos, gera motivação e influencia o desenvolvimento do município, pois o lixo é um problema que gera custo para todos”, ressalta.

Estudos mostram, por exemplo, que hoje a economia brasileira perde cerca de R$ 120 bilhões por ano em produtos que poderiam ser reciclados, mas são deixados no lixo. Uma pesquisa da associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) estima que o custo médio de cada tonelada captada na coleta seletiva é de US$ 102,5 no Brasil (equivalente a R$ 336,00), enquanto o custo médio da tonelada de lixo regular é de US$ 25,00 (cerca de R$ 82,00).

Em Jaraguá do Sul algumas iniciativas empresariais já colaboram bastante neste aspecto, como é o caso do programa Recicla CDL, realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Jaraguá do Sul em parceria com a Fujama. No ano passado, a iniciativa coletou 28.220 quilos de material. Este ano, a quantia já soma 15 mil quilos. Em sete anos de projeto, foram 252 toneladas de itens reciclados pela entidade. Mesmo assim, dados indicam que 31% dos resíduos separados para a coleta seletiva nos pólo regionais de Santa Catarina acabam nos aterros sanitários.

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