De olho na mesa dos brasileiros

Empresa tem capacidade de beneficiar 50 mil toneladas de alimento por mês. Só na linha de arroz são oito subtipos - Fotos: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

06/08/2016 - 04:08 - Atualizada em: 09/08/2016 - 07:41

Com oito unidades produtivas e uma capacidade de produção de 50 mil toneladas por mês, a Urbano Agroindustrial está presente na mesa dos brasileiros em praticamente todos os estados do País. Com mais de 50 anos de atuação, a empresa, que nasceu do sonho do empreendedor Urbano Franzner, cresceu e é hoje uma das mais importantes do setor.

A história da Urbano tem início em 1960, em uma época que Jaraguá do Sul sequer possuía energia elétrica em escala industrial, tendo como carro chefe o beneficiamento de arroz. Hoje, a linha de produtos da empresa engloba também feijão, cereais, macarrão, farinha de arroz e subprodutos derivados. Só o arroz tem oito tipos, como integral e vitaminado, de feijão são seis e macarrão, sete.

São mais de 1,2 mil colaboradores nas oito unidades espalhadas pelo Brasil. Só em Jaraguá do Sul, onde fica a sede da empresa, são 320 colaboradores e 1,4 mil produtores rurais vinculados à empresa.

Em entrevista exclusiva, o diretor comercial da Urbano, Renato Franzner, fala sobre o mercado de alimentos no Brasil, as tendências e os projetos que estão sendo desenvolvidos para atender as necessidades de um consumidor cada vez mais exigente.

Renato_Franzner

Foto: Divulgação

Como tem se comportado a indústria de alimento nesse período de recessão?
Renato Franzer – Em momentos onde o consumidor perde sua renda, o varejo está sentido a queda do ticket médio e a redução das idas ao supermercado. O consumidor está substituindo itens supérfluos oureduzindo sua compra. Esse cenário fez a indústria repensar os produtos e, principalmente, os canais de distribuição, já que muitos consumidores começaram a visitar lojas do formato “atacarejo”, mudando a ótica de consumo e distribuição no Brasil.

Como o cenário atual tem refletido nas atividades da Urbano?
Em nosso segmento, as maiores dificuldades surgem quando acontecem problemas nas safras de arroz e feijão, seja por quebras e frustações, ou pela falta de incentivo e acompanhamento adequado à agricultura. O mercado de arroz e feijão está estável no Brasil há anos, não é um segmento que cresce ou cai em momentos econômicos bons ou ruins. Sendo assim, nos últimos anos a Urbano tem ampliado sua participação de mercado em cerca de 3% ao ano. Este ano estamos mantendo o nosso ritmo de crescimento, mas ampliar as vendas em um mercado estável e com possível declínio é um desafio muito grande.

A empresa tem projeto de expansão para Jaraguá do Sul?
Se concretizado o projeto de massas longas, o equipamento para a produção do macarrão espaguete será instalado em Jaraguá do Sul. Estamos realizando análises e testes para outros produtos, estes estudos estão muito no inicio e é difícil prever e garantir que serão produzidos em Jaraguá do Sul.

Em 2008 a empresa lançou o macarrão de arroz atingindo o nicho de produtos sem glúten. Quais as projeções para este mercado?
Hoje não existem dados concretos sobre o crescimento do mercado sem glúten, mas algumas pesquisas indicam que esse mercado poderá crescer 32% até 2020. No Brasil, há cerca de dois milhões de pessoas com intolerância ao glúten, porém, o número pode ser ainda maior, já que o diagnóstico da doença ainda é difícil. Além dos celíacos, há uma grande recomendação por parte de nutricionistas para a redução do glúten na dieta. Diante desses dados, nossa estratégia é consolidar a linha atual e ampliar o portfólio. No início deste ano lançamos o macarrão de arroz na versão integral e em agosto começaremos a comercializar o corte “padre nosso” [macarrão com o formato de pequenos tubos, muito indicado para sopas e minestrones]. Estamos em processo de análise e negociação para a linha de espaguete, esse projeto está previsto para o fim de 2017.

Há também a intenção de atender consumidores com restrições a produtos de origem animal?
Nossa intenção é permitir que mais consumidores acessem produtos sem alergênicos e de excelente qualidade. Fizemos testes internos e chegamos a uma receita sem ovo para o macarrão que tem a mesma textura, sabor e qualidade da massa com ovo. Assim podemos atender desde o consumidor com restrições alimentares, até o consumidor que procura equilibrar sua alimentação com saúde e bem-estar.

Foto: Divulgação

Urbano leva produtos para 26 estados, com excessão de Roraima

A segmentação surge com o intuito de atender às necessidades dos consumidores?
Exatamente. Além do que o consumidor espera do produto em si, também há uma mudança significativa nos hábitos de consumo e local onde o consumidor passa a se alimentar. Mesmo sendo o produto comum do dia a dia, as relações e interações com os consumidores mudaram muito, faz-se importante estar atento e presente no local exato onde o consumidor espera se alimentar de forma saudável e saborosa.

Quais os desafios em atender as expectativas dos consumidores?
Além de prever como será o consumo de itens básicos no futuro, é entregar um produto de qualidade de janeiro a janeiro. No Brasil acontecem safras em locais diferentes e as questões climáticas podem alterar de forma significativa a qualidade do produto já na lavoura. Por isso investimos de forma constante no estreitamento da relação com nossos produtores e, nos últimos anos, estamos revendo a melhor forma da Urbano estar presente no local onde o consumidor espera encontrar nossos produtos, seja na alimentação pronta ou para o consumo tradicional em casa.

Arroz Urbano - em (3)

Em Jaraguá do Sul são 320 funcionários e 1,4 mil produtores vinculados

De onde vem a matéria prima para os produtos? Como manter a qualidade do produto final?
Depende do produto. No caso do arroz, por ter uma safra por ano, as unidades que beneficiam arroz estão localizadas próximas de regiões produtoras, que em anos normais, são abastecidas por produtores regionais. Em regiões próximas de nossas unidades onde acontecem frustrações de safras ou queda acentuada na qualidade,o beneficiamento de arroz poderá ser diminuído ou somos obrigados a buscar matéria prima em regiões mais distantes. No caso do feijão, acontecemtrês grandes safras pelo Brasil, em regiões diversas, nesse caso nossas unidades estão mais próximas de regiões consumidoras. Para o feijão, o mercado tem maior número de intermediários. O desafio de qualidade com os dois produtos é muito grande, pois para manter padrão é necessário investir constantemente em processos que garantam a seleção de matéria-prima de qualidade.

Quais as principais tendências de consumo no mercado de alimentação?
Com a vida cotidiana mais corrida e com a mulher atuando cada vez mais no mercado de trabalho, a tradicional refeição em casa mudou muito. Entendemos que mesmo com o apelo de saudabilidade e bem-estar que o arroz e feijão possuem, o espaço para essa dupla na vida das pessoas diminuiu.Acreditamos que cada vez mais o preparo de grandes quantidades será reduzido, dando espaço para porções e pratos cada vez mais individualizados. O tempo destinado para o preparo e para a realização da refeição será cada vez menor, com isso, a refeição fora de casa continuará crescendo no Brasil. Também acreditamos na ampliação da refeição gourmet preparada em casa, onde o consumidor buscará pratos mais elaborados para preparar com seus amigos e familiares mais frequentemente. Nosso desafio é inserir o arroz, feijão e macarrão como alternativa para esse novo momento.

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